A história de um homem trans desafiando estereótipos e promovendo a representatividade na fotografia e na moda.
Quem é Kize Bohs?
Kize: Bom, gosto de me descrever como uma pessoa um tanto quanto reservada, sou extremamente tímido mas bem amigável. Não sou do tipo que se joga no centro das atenções, mas quando estou com meus amigos e família, me sinto confortável para interagir e me destacar. Apesar da timidez sou uma pessoa com um senso de humor incrível e gosto de deixar todos à minha volta sempre bem e confortáveis. E quando o assunto são os amigos e a família, estou disposto a fazer de tudo para ver um sorriso nos rostos de quem eu amo. Sou um homem trans e há pouco tempo passei a falar sobre esse assunto publicamente, após matutar muito sobre isso na minha cabeça por medo, receio e outros N motivos. Depois de muitas conversas, conselhos e encorajamento, hoje me sinto mais tranquilo em abordar essa pauta e lutar por ela. Por mim e por todos que também se identificam dessa forma. Um dos maiores motivos para tentar me esconder foi a disforia que sinto com a minha voz, então sempre me incomodei em falar publicamente por não me identificar com ela e, quando obrigado a falar, costumava forçar um tom mais grave para mascarar tudo o que sinto e me forçava a ser quem não sou. Por causa do medo de não ser aceito pelas pessoas, nunca me entreguei de verdade, hoje sinto que ainda estou entregando uns 70% de mim, mas vou caminhando um passo de cada vez.
Assumidamente um Homem Trans, qual o impacto que você imagina que causa no nosso universo?
Kize: Confesso que não sou o melhor para isso, mas tomando a coragem de lutar por nós, quero representar todos onde eu estiver, mostrando que somos presentes e temos total capacidade de ocupar espaços significativos tanto quanto qualquer outra pessoa. Independente do que vestimos, do jeito que somos e principalmente da nossa voz.
Recém contratado da agência Dynasty, quais as suas expectativas trabalhando como modelo? O que isso impacta na sua vida?
Kize: É um projeto novo pra mim. Por ser novo nesse nosso universo, me permiti conhecer novas experiências, novas histórias, novos lugares e estou gostando cada vez mais.
Como você define seu estilo? Quem são suas inspirações para se vestir e tirar fotos?
Kize: Eu não tenho um estilo certo pra me definir, não sinto necessidade de usar roupas extravagantes, mas tento sempre me manter em estilo. Não desfaço jamais do meu óculos, mas para o restante das peças, meu estilo pode variar desde streetwear até um cropped e um tênis plataforma que tem sido meu calçado favorito do momento. Não me inspiro em ninguém em específico, geralmente me viro com as opções e visto o que dá na telha. Para fotos, gosto da temática meio street style e cores neon.
Seu relacionamento com Myuna Glock por ser público, é bem comentado. Como tudo aconteceu?
Kize: Posso dizer que foi muito maluco, sabe? Na mesma proporção que o universo nos afastava, ele também sempre nos unia de alguma forma até que finalmente sentimos que era isso e de fato estávamos envolvidos em algo. Eu e a Myuna temos muitas coisas em comum e uma conexão fora do normal. Tenho muita sorte de ter uma pessoa que compartilha os mesmos gostos, os mesmos entendimentos e principalmente uma comunicação maravilhosa para fazermos tudo fluir. Ela tem a personalidade muito forte e é bem teimosa, então esse jeitinho dela mesmo me estressando foi uma das principais características que me cativou. Óbvio que não somos perfeitos, mas naturalmente entendemos que não conseguimos ficar um longe do outro. Sou muito grato por tudo o que ela tem feito por mim e por muitas vezes ela acreditar mais em mim, do que eu mesmo, sempre me incentivando, me incluindo em tudo e me botando pra cima contra meus desânimos.
Teremos projetos futuros ou alguma pista para os próximos passos de Kize Bohs?
Kize: Eu costumo deixar as coisas fluírem, mesmo sendo muito tímido sou muito mente aberta e adoro novos projetos. Atualmente estou gostando de focar na carreira de modelo e quero continuar levantando minha bandeira trans o máximo que conseguir.
Fotos por Kize Bohs
Entrevista por Myuna Glock