Vivemos uma era de consolidação da mudança de modelo de autoria de livros didáticos no Brasil. Quem esteve na escola nos anos 80 e 90, seja como professor ou aluno, vai se recordar que a grande marca dos livros que passavam por nossas mãos era a do autor. O “selo de garantia” vamos assim dizer, era um sobrenome.
Ao vê-lo na capa você teria a certeza do perfil de material, sua metodologia, formato e conteúdo.
Eram tempos de consolidação das documentações curriculares, principalmente após a constituição de 1988 que trouxe em sua esteira a LDB com uma série de premissas fundamentais para a organização de coleções e livros, seja no que tange o material direcionado a alunos, seja às orientações metodológicas para professores.
Podemos dizer o PNLD acabou por mudar substancialmente as características da produção e por conseqüência da autoria dos livros didáticos. As grandes editoras assumiram um papel decisivo nesse processo. Estamos falando de um país de dimensões continentais, o que impõe desafios de divulgação e distribuição, mas principalmente de construção de algum tipo de unidade curricular.
Hoje em dia a autoria segue tendo um papel decisivo no processo de elaboração de livros didáticos. Mas podemos afirmar que as editoras tem se tornado as grandes fiadoras da qualidade dos livros. O perfil do autor segue mantendo algumas das características básicas de outros tempos: conhecimento amplo, capacidade de escrita. Mas soma-se a isso a capacidade de se adequar a um ritmo intenso de trabalho, já que os ciclos de produção são cada vez mais curtos. Isso se deve ao fato de que as editoras têm assumido muitos produtos já que há cada vez mais uma variedade do perfil de escolas (algumas buscam materiais mais tradicionais, outros mais inovadores, e etc...).
Os autores também tem se deparado com demandas novas neste processo de escrita. Tem crescido substancialmente os produtos digitais, como portais e repositórios, onde o aluno encontra trilhas de atividade, materiais complementares, exercícios complementares, atividades interativas. Há espaço para autoria em todas essas etapas.
O autor contemporâneo precisa apresentar versatilidade e capacidade de cumprir prazos. Além disso, é necessário que ele compreenda a lógica de trabalhar em equipe, de receber demandas e feedbacks de um editor-chefe. Ser capaz de alinhar seus conhecimentos teóricos e práticos com as demandas que vem da sociedade. Constituir, portanto, uma sensibilidade de autoria e trabalho cada vez mais complexa.