manipulação e mobilização articular

Definição

Manipulação e mobilização são técnicas de terapia manual que compreendem um contínuo de movimentos passivos qualificados para os tecidos moles e / ou as articulações relacionadas que são aplicados em amplitudes e velocidades variáveis, incluindo um movimento terapêutico de pequena amplitude e alta velocidade.

Como são realizadas?

Mobilizações são realizadas em baixo grau de velocidade, amplitude de movimento pequena ou grande de forma passiva ritmada e controlada. Manipulação, por outro lado, se trata de um impulso ou “thrust” (também passivo) dado com alto grau de velocidade muito próximo ao final da amplitude de movimento da articulação, e pode-se observar ou não a presença de uma sonoridade característica, resultante da cavitação da articulação.

Dados importantes

Manipulação e mobilização são intervenções recomendadas para o tratamento da dor lombar. Seus mecanismos de ação podem ser divididos em mecânicos e neurofisiológicos, sendo o segundo mais plausível que o primeiro.

Do ponto de vista mecânico, sugere-se que manipulações e mobilizações seriam capazes de agir em vértebras “disfuncionais” específicas (rotações, subluxações), isto é, corrigindo o estresse mecânico da estrutura resultando em uma diminuição dos sintomas. No entanto, a ciência não corrobora com essa teoria e os mecanismos subjacentes a esse tipo de intervenção são muito mais complexos.

Em uma abordagem neurofisiológica, sugere-se que manipulações com ou sem thrust são capazes de aumentar o limiar de dor, reduzir o fenômeno de somação temporal e diminuir sensibilidade térmica devido à provocação de subsequentes reflexos musculares paraespinhais e à alteração da excitabilidade do motoneurônio.

Diagnóstico

Flynn e colaboradores demonstraram maiores benefícios da terapia manipulativa (thrust) em subgrupos de pacientes. São cinco as variáveis preditoras de sucesso: Duração dos sintomas < 16 dias; ausência de sintomas abaixo do joelho; hipomobilidade lombar; pelo menos > 35° de rotação interna em um quadril; score FABQ < 19.

A presença de 4 ou mais dessas características aumenta a probabilidade de eficácia de 45% a 95%, e sujeitos que receberam a manipulação de acordo com a regra de predição clínica obtiveram melhores resultados na redução da incapacidade e dor, comparado aos que foram negativos para a regra e receberam a mesma intervenção. Até o momento não existe regra de predição clínica para mobilização articular.

Intervenção

Manipulações estão associados a modesta melhora na dor e função em curto prazo (6 semanas) comparado a outros tratamentos recomendados na dor lombar aguda.

No que tange a dor lombar persistente, estudos de alta qualidade metodológica sugerem que manipulações e mobilizações comparadas com outras opções de tratamento não possuem diferenças clinicamente relevantes, possuindo efeitos similares no que diz respeito à diminuição de dor e aumento da função. Um fato importante é que manipulações em níveis vertebrais específicos e não específicos tem o mesmo efeito na diminuição de dor em indivíduos com dor lombar persistente.

A literatura sugere o uso dessas terapias como um componente de um plano de tratamento, ao invés de isoladamente. Sendo assim, a decisão clínica no que se refere ao uso ou não destas intervenções deve levar em conta comprovação científica atualizada disponível, expertise clínica, preferência do paciente e bons resultados.

REFERÊNCIAS PRINCIPAIS

Puentedura EJ, Flynn T. Combining manual therapy with pain neuroscience education in the treatment of chronic low back pain: A narrative review of the literature. Physiother Theory Pract. 2016;32(5):408-414.