Diáspora Científica do Brasil

O objetivo principal deste projeto - que é individual e sem vínculo institucional - é mapear a diáspora científica brasileira no exterior: pesquisadores, professores titulares e visitantes, doutorandos, pós-docs, curadores, divulgadores científicos, etc.

Como objetivo secundário, o projeto busca ajudar na mobilização espontânea dos cientistas, para que possam formar redes de contato e apoio em seus países.

A ideia de mapear (e, idealmente, mobilizar) a diáspora científica, transformando a tal “fuga de cérebros” em algo não necessariamente negativo, não é nova. China e Índia são apenas os exemplos mais bem-sucedidos de países com políticas públicas nessa área .

Algumas tentativas já foram feitas no Brasil. Em artigo de 2011, por exemplo, a Professora Elizabeth Balbachevsky e o Professor Eduardo do Couto e Silva publicaram o artigo "A diáspora científica brasileira: perspectivas para sua articulação em favor da ciência brasileira", no qual levantam a discussão que, no entanto, já vinha de bem antes.

A Rede Diáspora Brasil, lançada pouco tempo depois pela ABDI, talvez tenha sido a iniciativa recente mais promissora, embora tivesse foco maior em inovação, e não em pesquisa básica . O prêmio anual da Rede Diáspora Brasil reconheceu grandes pesquisadores como Duilia de Mello e Marcelo Gleiser, mas não se tem mais notícia de seu andamento desde 2016.

Em 2019, o Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP) da UNICAMP retomou o assunto, sob a coordenação da Professora Ana Maria Carneiro. Como um dos resultados dessa pesquisa, foi publicado recentemente novo artigo, intitulado "Diáspora brasileira de ciência, tecnologia e inovação: panorama, iniciativas auto-organizadas e políticas de engajamento", provavelmente o mais atual sobre o assunto no Brasil.

Há ainda diversas iniciativas regionalmente localizadas para reunião de pesquisadores e estudantes brasileiros no exterior, como as associações de pesquisadores e estudantes brasileiros nos Estados Unidos, França, Portugal, Reino Unido, além de iniciativas mais gerais como a BRASA, BRASCON, Pour le Brésil, SciBr Foundation, entre possivelmente outras.

Deve ser reconhecido também o papel na mobilização dos cientistas brasileiros de programas, institutos e centros de estudos latino-americanos e especialmente brasileiros, como a Brazil Initiative da Universidade Brown, o Brazilian Studies Programme da Universidade de Oxford, a Brazil Initiative da Universidade Duke, o MIT-Brazil Program e o Brazil Institute do King's College de Londres, entre diversos outros.

Por isso tudo, este projeto não pretende duplicar trabalho nem desconsiderar o que já se fez e tem sido feito. Pelo contrário, a ideia é ser complementar às iniciativas já existentes, se possível. Por exemplo: nenhuma das iniciativas citadas tem (até onde foi possível verificar) um sistema de visualização simples e busca rápida dos membros dessa diáspora, o que pode ser útil.

Daí, os principais produtos deste projeto serem relativamente simples: uma lista e um mapa.

Pessoas essenciais para o debate público atual no Brasil são membros dessa diáspora científica. Outras tantas já foram e mais outras ainda poderão vir a integrar esse fluxo, que parece estar aumentando recentemente. Mapear essas pessoas e saber o que elas têm pesquisado e escrito parece essencial, porque se já precisamos delas hoje, provavelmente precisaremos ainda mais em breve.