Bicicleta: História e Importância para o Design ao Passar dos Anos.

Ana Karoline de Oliveira Santos e Silva

Como tudo na história, a bicicleta passou e passa por mudanças que a tornam cada vez mais simples, leves, práticas e modernas. Nota-se também que mais e mais pessoas optam por esse meio de transporte com o passar do tempo, isso se dá pois sua projeção consegue atender às necessidades de função e estética de forma eficaz, além de colaborar de forma positiva para a saúde do ser humano, pois carece de esforço físico e, consequentemente, nos previne de uma vida sedentária, e para a saúde do planeta, uma vez que não polui o meio ambiente.


[...]A bicicleta, porém, era mais simples tanto em estrutura quanto em função[...]” (John Heskett, 1998, pg. 41)


A história da bicicleta começa de fato a partir do surgimento de um brinquedo conhecido como o “celerífero”, criado pelo Conde De Civrac. O brinquedo era feito de madeira e consistia em duas rodas, uma atrás da outra, ligadas por uma viga onde se podia sentar e não existia um sistema de direção aparente, apenas uma barra, que conhecemos hoje como o guidão. A brincadeira se resumia em deixar o brinquedo pegar velocidade ao ser empurrado em uma ladeira e tentar manter-se equilibrado em cima dele por alguns metros. Ao que tudo indica, era muito pesado e rígido.

Muitos trabalhos foram desenvolvidos nos velocípedes por todo o mundo antes do surgimento desse famoso meio de transporte - antes de 1800 -, das mais variadas formas, movidos por diversos meios e com características muito particulares. Porém, podemos considerar como inventor pioneiro da bicicleta o alemão Barão Karl Von Drais, 1817, engenheiro agrônomo e florestal vindo de família de posses, que ao implantar em um celerífero um sistema de direção, conseguiu atingir o equilíbrio da bicicleta quando em movimento. Além disso, ele também adicionou à bicicleta freios e um selim de altura ajustável. Com todas essas novas adaptações, os usuários se sentiam mais confortáveis e seguros ao andar na bicicleta. A bicicleta de Drais teve algumas cópias, porém, muitas eram mais desenvolvidas. Com o passar do tempo, é introduzido o ferro em sua produção, o que melhora a sua funcionalidade.

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O objetivo de Von Drais era oferecer um meio de transporte mais barato e fácil de manter que os cavalos” (Jaime Rubio Hancock, 2017, web)


Em 1839, o escocês Kirkpatrick Macmillan fez a primeira adaptação com pedais em uma bicicleta já existente, ligando as duas rodas a partir da viga central.


Em 1860, as famosas bicicletas de tostão foram muito populares, caracterizadas por possuírem a roda frontal maior que a traseira, e ambas dependiam dos pedais para o movimento, além de ela ser totalmente trabalhada e pensada para adquirir certa velocidade que permitisse deixar o ciclista em equilíbrio ao usufruir do produto.


A forma certamente relacionava-se à função mecânica, mas esta não era muito eficiente. Isso e o banco alto demais limitaram o seu uso.” (John Heskett, 1998, pg. 41)





Falando um pouco das sociáveis: Elas foram os primeiros meios de transporte individuais ou de famílias, tinham geralmente de uma a mais de quatro rodas, costumavam ser mais baratas e ocupavam menos espaço que os meios de transporte já existentes.







Livro Desenho Indústrial, 1998, Heskett

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Apesar de toda a evolução que a bicicleta conquistou durante esses anos, um ponto negativo ainda era forte e incomodava seus usuários: a insegurança. Pensando nisso, a “bicicleta de segurança”, que é o produto como conhecemos hoje, é criada. Essa nova versão trazia duas rodas do mesmo tamanho e esse fator resolvia de forma definitiva a questão o equilíbrio, ou melhor, a falta dele, que as bicicletas de rodas grande apresentavam. O fato de as rodas serem do mesmo tamanho, facilitava a produção e consequentemente o valor do produto final, ou seja, a bicicleta de segurança era mais simples, prática, segura, confortável e ainda, barata.



Dando um salto na história e abordando o tema das grandes guerras... Alguns países se viram prejudicados pelos conflitos que se instalavam no mundo. Um deles era a Europa, que precisou cortar todo tipo de custo existente, uma vez que as necessidades básicas precisavam receber prioridade extrema. Logo, no âmbito do transporte, a bicicleta teve bastante utilidade pois era econômica e evitava gastos desnecessários com automóveis que, por sua vez, eram o mais novo assunto no momento.

Enquanto alguns países sofriam com as grandes guerras, a segunda guerra mundial serviu como um impulso econômico para os EUA, logo, eles foram capazes de estar por dentro da era dos automóveis de forma mais pioneira. Com o crescimento das cidades as bicicletas acabaram por ficar inutilizáveis, em alguns casos, inúteis, uma vez que as distâncias estavam cada vez maiores. O que muda um pouco a vertente de pensamento na época é um movimento específico que lutava a favor da bicicleta, defendendo-a como uma forma de combate a vida sedentária que a motorização estava trazendo. Apesar disso, pesquisas apontam que a bicicleta ainda era pouco utilizada e algumas das razões eram: dificuldade de estacionar, possibilidade de roubo e baixa qualidade. Em contrapartida, houve um período em que notou-se de forma coerente que, se fosse investida a tecnologia em bicicletas, como aconteceu nos automóveis, talvez fosse a “salvação” que ela precisasse.

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Os automóveis começam a ganhar espaço a partir dos anos 1920 e os fabricantes de bicicletas se dirigem a um novo público: as crianças. Segundo o Ibike, os modelos passam a ser cada vez mais ostentosos e chamativos, incluindo, na década de 1950, elementos de design que lembravam aviões e foguetes.

Por fim, percebe-se que, assim como os outros meios de transporte, a bicicleta teve sua importância em momentos tão marcantes como o das grandes guerras, e que, por sua eficiência, praticidade, funcionalidade e custo-benefício, pode ser considerada uma sobrevivente dos tempos difíceis e de extrema importância ainda nos dias atuais.

Como uma reflexão final, vale ressaltar que, ao contrário de vários outros exemplos de produtos discutidos no âmbito do design, a bicicleta surge para realizar uma única função.


Esse caráter monofuncional tornou-a um dos exemplos adequados da equação entre forma e função, pois o desempenho eficiente da função da bicicleta dava muito pouco espaço à decoração.” (John Heskett, 1998, pg. 42).

Referências:

HESKETT, John. Desenho Industrial. Brasília: José Olympio, 1998

Site: http://www.escoladebicicleta.com.br/ , do texto “a história da bicicleta”

HANCOCK, Jaime. Do https://brasil.elpais.com/ , texto “Há 200 anos foi criada a primeira bicicleta: estes foram os primeiros modelos.”

Ficha Técnica:

Texto desenvolvido por Ana Karoline de Oliveira Santos e Silva para a disciplina Introdução ao Estudo do Design - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Design - Abril de 2021. O texto colabora com o projeto de extensão “Blog Estudos sobre Design”, coordenado pelo Prof. Rodrigo Boufleur (http://estudossobredesign.blogspot.com).