Imagens da crise, imagens da crítica

O curso Imagens da crise, imagens da crítica propõe uma abordagem filosófica para pensar o presente a partir de suas dimensões ecológica, econômica, erótica e estética.

O colapso ambiental, a crise do capitalismo, o cinismo no amor e a pobreza de experiências são alguns dos problemas que exigem uma imaginação política à altura dos desafios impostos. E isso demanda uma perspectiva interdisciplinar. Idealizado por quatro amigos filósofos que pesquisam cada uma dessas áreas, o curso é uma tentativa de abordar essas questões experimentando possibilidades de conexões e passagens entre elas.

Informações práticas sobre o curso

O curso acontece uma vez por semana, com duas aulas de uma hora e meia de duração por vez (total de três horas por semana). Ao todo, serão 12 aulas em seis encontros semanais, em duas opções de horário (tarde ou noite). A realização dos cursos estão sujeitos a um quorum mínimo e uma lotação máxima.

Há três modalidades de inscrição: inteira (R$150), meia (R$75) e bolsista. Os participantes contribuem com 150 reais no pagamento integral das 18h de aula do curso. Estudantes pagam metade desse valor, 75 reais. A cada dez inscrições, iremos oferecer uma bolsa integral, a ser distribuída entre aqueles que fizerem o requerimento no ato de inscrição.

As aulas começam na segunda quinzena de julho.

As inscrições podem ser feitas a partir deste formulário.

Descrição da proposta do curso

O curso é pensado a partir de quatro eixos temáticos compostos por três aulas cada. Por conta das necessidades inerentes aos temas, as próprias aulas são pensadas a partir de seus cruzamentos com os outros trechos, de modo que as questões de cada eixo dialoguem entre si.


Eixo ecológico: A crise como novo normal? Imagens da Terra no Antropoceno

Nos debates acerca do colapso ecológico, os especialistas são categóricos: a "janela de oportunidade" para reverter a crise está se fechando. Neste curso, partiremos de três imagens conceituais — o Antropoceno, Gaia e o Terrestre —, exploradas por pensadores como Bruno Latour, Isabelle Stengers e Donna Haraway, para pensar como chegamos até aqui e o que fazer para enfrentar essa crise. Como habitar esta Terra ferida?

Aula 1: O Antropoceno e os perigos da história única

Aula 2: Gaia e seus mil nomes

Aula 3: Devir-Terrestre, reivindicar a Terra


Eixo econômico: A dificuldade de imaginar O Capital: entre Marx e Eisenstein

Em seus rascunhos a respeito do que seria uma adaptação cinematográfica d’O capital, Eisenstein imaginava que a ideia de um dia na vida de um homem do Ulisses de James Joyce poderia fornecer uma estrutura de projeção que as imagens do capital deveriam percorrer. Neste curso, vamos investigar as vantagens e limites da proposta de Eisenstein em relação à forma de dominação do capital e que técnicas de representação o conceito formal e o conteúdo da crise do capital exigem.

Aula 1: Imaginar a dominação do capital com Marx e Eisenstein

Aula 2: A forma da crise do capital em Marx

Aula 3: O conteúdo da crise do capital em Marx


Eixo erótico: Os dramas de eros: amor e filosofia hoje

Falaremos neste curso dos dramas de eros na contemporaneidade. Contrariando o cinismo que ameaça atrofiar a experiência amorosa, buscaremos entender com Alain Badiou e Eva Illouz como o amor ainda é uma questão essencial. Em seguida, analisaremos as dinâmicas do amor a partir de seus vícios e virtudes no contexto dos encontros e desencontros amorosos. Para abordar essas questões, nos apoiaremos nas releituras contemporâneas de Platão feitas por Anne Carson, Jan Zwicky e Aaron Schuster.

Aula 1: Alain Badiou e Eva Illouz e o amor como um problema hoje

Aula 2: Relendo Platão I: Anne Carson e os encontros amorosos

Aula 3: Relendo Platão II: Jan Zwicky e Aaron Schuster e os desencontros amorosos


Eixo estético: Os outros anjos de Klee: crise erótica e estética na modernidade

É conhecida a leitura que Walter Benjamin faz do Angelus Novus de Paul Klee como o anjo que contempla as ruínas da história. Neste curso, partiremos de anjos menos conhecidos de Klee para pensar a atrofia da capacidade de desejar e de sentir contemporânea. A partir do diagnóstico de Susan Buck-Morss da modernidade como produtora de anestesia em massa, pensaremos a crise estética (dos sentidos) como crise erótica (do desejo). Outras figuras, como as sereias de Homero e as de Kafka, também serão mobilizadas para pensar as correspondências entre catástrofe da história e ruína do corpo.

Aula 1: Walter Benjamin, Paul Klee e a modernidade como catástrofe do corpo

Aula 2: Estética e anestesia, poder e impotência em Susan Buck-Morss

Aula 3: As sereias de Homero e Franz Kafka: o corpo derrotado como imagem política

Informação sobre os professores

Alyne Costa é doutora em filosofia pela PUC-Rio, com pesquisa sobre Antropoceno e o colapso ecológico. Faz pós-doutorado no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, desenvolvendo pesquisa e projetos de divulgação científica e engajamento social para as mudanças climáticas. Também é professora do quadro complementar do departamento de filosofia da PUC-Rio.

Rafael Saldanha é doutor em filosofia pela UFRJ com pesquisa sobre a relação entre afetos e a prática filosófica. Atualmente tem procurado dar seguimento a essa pesquisa a partir do estudo do problema do amor e sua relação com a filosofia. É professor substituto da UFRJ e participa do Instituto de Outros Estudos.

Rafael Zacca é doutor em filosofia pela PUC-Rio. Professor substituto de Teoria Literária na UFRJ, do quadro complementar do departamento de filosofia da PUC-Rio e de Criação Literária no Coart/UERJ. Colabora como crítico com o jornal Rascunho e mantém a coluna "Como prática da liberdade" na revista Pessoa.

Raquel de Azevedo é doutora em Filosofia pela PUC-Rio. Faz estágio de pós-doutorado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp com uma pesquisa sobre o conceito de crise na história do pensamento econômico. Participa do Instituto de Outros Estudos. Escreve sobre economia no Passa Palavra.