silvino pirauá de lima

Silvino Pirauá de Lima

(Kamila Angelo Delgado)

Silvino Pirauá de Lima ( Patos, 1848 - Bezerros, 1923) foi um cantador e poeta popular. Silvino é considerado um dos mestres da literatura de Cordel, bem como um grande poeta da poesia popular nordestina. Pirauá é um dos pioneiros na literatura de cordel, um poeta da primeira geração (1900 - 1920/30), em conjunto com Leandro Gomes de Barros são conceituados como os criadores dos folhetos, eles também são frequentemente lembrados quando estudamos/falamos/pesquisamos sobre as origens da literatura popular impressa no Brasil. Um exemplo da admiração que os cordelistas possuem é sempre homenageá-los em seus cordéis, como é o caso de Os mestres da Literatura de Cordel, do poeta Antônio Américo de Medeiros.

Silvino, exímio repentista, percorria os estados do Nordeste cantando, sempre é lembrado e muito bem referenciado nas novas gerações de poetas, como no folheto Horigem e Identidade do Cordel de Jota Rodrigues, o poeta afirma:

“E em manuscrito e em prosa

quase ninguém entendia

as riquezas da mensagem

porém logo aparecia

Silvino Pirauá de Lima

qui faz metrica oração e rima

e a gostosa poesia

A oração e poesia

metrificação e rima

é o tempero qui nos deu

Silvino Pirauá de Lima

pra o leitor não se perder

e facilmente entender

de istoria todo o enigma”

(1994, p.7)

Esta é apenas uma das inúmeras homenagens que Pirauá recebeu pelo seu belíssimo trabalho, principalmente por atribuir algumas mudanças na cantoria: substitui a quadra (estrofe de quatro versos) pela sextilha (estrofe de seis versos) e ainda atribuiu a ideia de rimar as histórias tradicionais. Confira um trecho a seguir de A História de Zezinho e Mariquinha:

“ Vou contar aos bons leitores

um história mui distinta;

quero contar a verdade,

se não for quem me desminta:

no coração de quem ama

uma amizade o que pinta.

Havia em uma cidade

um homem de muita riqueza,

e perto dele morava

um pobre por natureza -

tanto tinha um de rico,

como o outro tinha de pobreza.” (p.1)

“Zezinho, com nove anos,

sem conhecer o perigo,

perguntou a Mariquinha:

- Tu queres casar comigo?

Mariquinha respondeu:

- Zezinho, eu caso contigo!

Porém lhe disse Zezinho,

com relação à riqueza:

- Mariquinha tu és rica

de dinheiro e de beleza -

eu acho muito custoso

tu casares na pobreza!” (p.8)

Nestes versos e estrofes podemos perceber a recorrência das rimas ABCBDB. O poeta ainda é visto como o iniciador do romance em verso com A História de Zezinho e Mariquinha (trecho inserido acima) e com A História do Capitão do Navio, Três moças que quiseram casar com um só moço, A vingança do sultão, Descrição da Paraíba, Descrição do Amazonas, História da Princesa Rosa. Ele faleceu em 1913, vitima da variola, enquanto cantava na cidade de Bezerros, Pernambuco. Além disso, Pirauá é patrono da cadeira 17 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC).

Referências:

BAPTISTA, Francisco Chagas. Cantadores e poetas populares. Paraíba: F.C. Baptista Irmão. 1929,

Grandes Cordelistas: Silvino Pirauá. Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Disponível em <http://www.ablc.com.br/o-cordel/grandes-cordelistas/>. Acesso em: 16 de maio de 2020.

LIMA, Silvino Piraua de. História de Zezinho e Mariquinha. São Paulo: Luzeiro, [19--], 32p. Disponível em <http://acervosdigitais.cnfcp.gov.br/Literatura%20de%20Cordel%20-%20C0001%20a%20C7176/35945>. Acesso em: 16 de maio de 2020.

MEDEIROS, Antônio Américo de. Os mestres da literatura de cordel. Recife: Editora Coqueiro, [19--], 20p. Disponível em <http://acervosdigitais.cnfcp.gov.br/Literatura%20de%20Cordel%20-%20C0001%20a%20C7176/61421>. Acesso em: 16 de maio de 2020.

RODRIGUES, Jota. Origem e identidade do cordel. Nova Iguaçu : [s.n.], 1994, 8p. Disponível em <http://acervosdigitais.cnfcp.gov.br/Literatura%20de%20Cordel%20-%20C0001%20a%20C7176/66626>. Acesso em: 16 de maio de 2020.