Rouxinol do rinaré
Rouxinol do Rinaré
(Kamila Angelo Delagado)
Antônio Carlos da Silva (28/09/1966 - presente) é mais conhecido como Rouxinol do Rinaré, um celebrado escritor e cordelista brasileiro, nascido em Rinaré, Quixadá-Ceará. Estreou em 1999 e publicou mais de oitenta títulos de Literatura de Cordel dentre eles: romance, peleja, ABC, gracejo, biografia, didático, adaptações e etc. Publicou também 20 livros (infantil e juvenil), por diversas editoras do país. Todo o seu trabalho se concentra em aproximadamente 95 obras.
A partir dos anos 90, Rouxinol mudou-se para Pajuçara-Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza, e fundou a SOCIARTE (Sociedade dos Amigos de Rodolpho Theóphilo), e com a ajuda de outros poetas e amigos também fundou 2 periódicos literários: A Porta Cultural dos Aletófilos e O Benemérito. Além disso, a formação do poeta, como leitor e escritor, se deu com base nos cordéis que ouvia ler quando ainda era criança. Atualmente Rouxinol do Rinaré atua inclusive com revisão e mediação de oficinas de Cordel.
O cordelista ganhou diversos prêmios nacionais em concursos de Literatura de Cordel, alguns exemplos: 1º lugar no I Concurso Paulista de Literatura de Cordel (2002); Prêmio Mais Cultura de Cordel – 2010 (MinC); Prêmio Manoel Coelho Raposo (categoria Selo Editorial) – Edital do Prêmio Literário Para Autor Cearense, SECULT (2010); Prêmio Alberto Porfírio de Literatura de Cordel – Edital do Prêmio Literário Para Autor Cearense, SECULT (2010); PAIC, Prosa & Poesia (2012). Já foi homenageado pela SECULT - Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, é referência, junto a outros cearenses, no Museu da Língua Portuguesa de São Paulo. Seu trabalho já foi citado nos principais jornais e revistas do país, e também na França, nas revistas Latitudes, Quadrant e Infos Brèsil.
Outra curiosidade interessante é que seu livro O Alienista em Cordel (editora Nova Alexandria) foi escolhido para as escolas de Belo Horizonte (MG) e duas vezes para projetos da Biblioteca Nacional (RJ).
Leia um trecho da adaptação de O Alienista, Machado de Assis, feita por Rouxinol do Rinaré:
“Conforme antigos cronistas
No Brasil colonial,
Na Vila de Itaguaí
Tinha um nobre especial
Que foi o maior dos médicos
Do Brasil e Portugal.
Era Simão Bacamarte,
Um grande especialista,
Que estudara em Coimbra,
Um excêntrico cientista,
Famoso por seus estudos
Como médico alienista.
Pra que ficasse em Coimbra
Regendo a Universidade
El-Rei pediu a Simão,
Mas disse ele: - Majestade,
A Ciência é meu emprego,
Meu mundo é minha cidade.
Regressou a Itaguaí
E fixou residência.
Na sua terra de origem,
Com Perspicaz sapiência
Se entregou de corpo e alma
Ao estudo da Ciência!”
(2008, p.16-17)
É com 160 sextilhas (estrofes de 6 versos) que Rouxinol fez um belo trabalho de adaptação do famoso conto de Machado de Assis, a transposição da prosa para o verso é adaptada para a narrativa poética dos folhetos, o poeta é fiel ao texto original, fixando-se na trama e nas personagens centrais, bem como apresenta belas rimas e mantém o bom humor e a ironia contida na obra original. Outro trecho que demonstra o incrível trabalho de Rinaré é:
“Como uma ilha perdida
No oceano da razão,
assim eu via a loucura,
Mas cheguei à conclusão
Que é um grande continente
Aberto à exploração”
(2008, p.28)
Para além da adaptação é importante citar outros folhetos do autor, por isso apresentamos aqui alguns folhetos que estão disponíveis para a leitura no acervo do site Cordelteca, eles são:
● A história completa de Lampião e Maria Bonita, escrito em parceria com Antônio Klévisson Viana. (Ed. Tupynanquim, 2001)
● As bravuras de Donnar, o matador de dragões (Ed. Tupynanquim, 2001)
● O encontro de John Lennon com Raul Seixas no céu (Ed. Tupynanquim, 2001)
● Seu Lunga, o rei do mau-humor (Ed. Tupynanquim, 2001)
● ABC para lembrar Raulzito e Gonzagão (Ed. Queima-bucha, 2009)
Um dos gêneros de produção no cordel é o ABC, ele é muito interessante, é proposto pelo poeta escrever sobre determinado assunto respeitando o abecedário, geralmente cada estrofe se inicia com a letra seguindo a sequência. Confira um trecho de ABC para lembrar Raulzito e Gonzagão:
“Amigos que apreciam
Meus cordéis, peço atenção
Pois vou falar de dois mitos
Saudosos dessa nação
No ABC pra lembrar
Raulzito e Gonzagão
Baião é ritmo dançante
Do nordeste brasileiro
Se originou da toada
Do popular violeiro
E imortalizou Luiz
Nosso maior sanfoneiro.
Cantando, Luiz Gonzaga,
Resgatou nosso nordeste
Tocou baião, polca e xote,
Com o baião passou no teste
Engrandeceu nosso chão
Como um bom “cabra da peste”. (2009, p.1)
[...]
“Gonzagão e Raul Seixas
Provam genialidade
Cada qual compondo um hino,
Conforme a realidade,
Um falando do sertão
E o outro de liberdade.
Hino nacional do povo
Segundo Mestre Marçal
É a toada Asa Branca
E do Raul liberal
Sociedade Alternativa
É o hino universal.” (2009, p.2-3)
Referências:
RINARÉ, Rouxinol do. ABC para lembrar Raulzito e Gonzagão. Mossoró: Editora Queima-bucha, 2009, 8p. Disponível em <http://acervosdigitais.cnfcp.gov.br/Literatura%20de%20Cordel%20-%20C0001%20a%20C7176/89074>. Acesso em: 15 de maio de 2020.
RINARÉ, Rouxinol do. O alienista: Coleção Clássicos em cordel, Adaptação de Rouxinol do Rinaré da obra de Machado de Assis (1839-1908). São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2008, 48p.
ROUXINOL DO RINARÉ. Autores. Editora Imeph. Disponível em: <http://imeph.com.br/autor/rouxinol-do-rinare/>. Acesso em: 15 de maio de 2020.
ROUXINOL DO RINARÉ. Wikipédia, a enciclopédia livre, 20 de set. de 2019. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Rouxinol_do_Rinar%C3%A9>. Acesso em: 15 de maio de 2020.
Sobre o autor. Site do autor. Disponível em < https://rouxinoldorinare.wixsite.com/colecaodecordel>. Acesso em: 15 de maio de 2020.