manuel camilo dos santos
MANUEL CAMILO DOS SANTOS
(Vinicius Ferreira Lima)
Manuel Camilo dos Santos, cantador violeiro, poeta popular, tipógrafo, xilógrafo, datilógrafo, horoscopista, escritor e editor nasceu no dia 9 de junho de 1905, no Município de Guarabira.
Criado na área rural e ao completar dezoito anos, passou a se dedicar ao comércio ambulante. Na década de 30, foi morar na capital paraibana, João Pessoa, onde trabalhou como marceneiro e foi cantor. Na década de 40 abandona a cantoria, passando a dedicar-se a escrever e editar folhetos, iniciando a sua vida de poeta nesse período retornando à sua cidade natal. Na década de 50, mudou-se para a cidade de Campina Grande, Paraíba, onde passou a morar.
Manoel Camilo fundou a Tipografia e Folhetaria Santos, em Guarabira, e com sua mudança para Campina Grande, transferiu sua tipografia para essa cidade. Após uma reformulação da tipografia, esta passou a chamar-se Estrela da Poesia, por conta do seu pseudônimo: Estrella da poesia. O poeta, que se estabeleceu na cidade de Campina Grande, nesse período, passou a constituir-se em um dos mais promissores tipógrafos de cordel da região (CIPRIANO, 2013).
Ao longo de sua jornada, recebeu algumas condecorações em reconhecimento de sua contribuição à cultura brasileira, em especial à poesia. Em 1955, foi diplomado em Salvador no Congresso de Poetas e Repentistas do Brasil. Em 1960, Manuel novamente é diplomado, mas agora no segundo Congresso de Poetas e Violeiros, que ocorreu na cidade de São Paulo.
Em 1956, publicou a Viagem a São Saruê, por ventura seu folheto mais famoso, que foi inclusive traduzido para o francês, em 1979, pela professora Idelete Muzart F. Dos Santos, compondo o livro Les Imaginaires (ALMEIDA; ALVES SOBRINHO, 1990).
Doutor mestre pensamento
me disse um dia: -Você
Camilo vá visitar
o país São Saruê
pois é o lugar melhor
que neste mundo se vê.
Eu que desde pequenino
sempre ouvia falar
nesse tal São Saruê
destinei-me a viajar
com ordem do pensamento
fui conhecer o lugar.
Iniciei a viagem
as quatro da madrugada
tomei o carro da brisa
passei pela alvorada
junto do quebrar da barra
eu vi a aurora abismada.
Pela aragem matutina
eu avistei bem defronte
a irmã da linda aurora
que se banhava na fonte
já o sol vinha espargindo
no além do horizonte.
Surgiu o dia risonho
na primavera imponente,
as horas passavam lentas
o espaço encandescente
transformava a brisa mansa
em um mormaço dolente.
Fontes consultadas:
Fundação Casa Rui Barbosa. ALMEIDA, Leonardo Vieira de. Disponível em: http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/JosePacheco/josePacheco_biografia.html
Fundação Casa Rui Barbosa. RAMOS, Everardo. Disponível em: http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/JoseCostaLeite/joseCostaLeite_biografia.html
Fundação Casa Rui Barbosa. SOUSA, Maurilio Antonio Dias de. Disponível em: http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/ManuelCamilo/manuelCamilo_biografia.html
Memórias da Poesia Popular. Dezembro, 2014. Disponível em: https://memoriasdapoesiapopular.com.br/2014/12/12/poeta-manoel-camilo-dos-santos-sintese-biografica/
CIPRIANO, Maria do Socorro. Tipografia de cordel na Paraíba: entre o comércio e a poesia. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 17., Natal. Anais… Natal: [s.n.], 2013.
ALMEIDA, Átila; ALVES SOBRINHO, José. Dicionário bio-bibliográfico de poetas populares. 2. ed. João Pessoa: UFPB, 1990.