João gomes de sá
João Gomes de Sá
(Margarida da Silveira Corsi)
Joao Gomes de Sá nasceu em Água Branca, uma pequena cidade do sertão de Alagoas e formou-se em Letras pela Universidade Federal do Estado. Hoje mora e trabalha em São Paulo, onde leciona português, ministra oficinas e palestras sobre literatura de cordel, escreve e ilustra livros e folhetos com poesias de cordel. É autor de diversos gêneros da esfera do cordel. Suas pelejas, ABCs, romances, recontos, entre outros, são publicados em folhetos e/ou diagramados em livros por diversas editoras especializadas na publicação de cordéis. Títulos que refletem sua experiência docente são Poesia do professor (2018); ABC do Estudante (2018); ABC do professor e da professora (2018), entre outros. De suas experiências como pesquisador saíram títulos como O cordel – sua historia, seus valores (2011), em parceria com Marco Haurélio, e O misterioso sumiço da coleção de cordel (2012), entre outros. Mistério também é o que envolve a história contada em A lenda da loira do banheiro (2018) que leva o leitor a rememorar uma das lendas urbanas mais populares do final do século XX. Quem nunca tremeu diante de um espelho de escola por causa da loira infeliz?
Além de grande capacidade de recontar lendas e causos, as adaptações de Joao Gomes de Sá da literatura clássica e de outras artes para o cordel demonstram sua maestria em adequar suas releituras à cultura popular nacional. Dom Quixote de la Mancha no reino da Selva de Pedras (2018) adaptado do clássico de Cervantes, por exemplo, é ambientado em São Paulo, conduzindo o cavaleiro da triste figura e seu fiel escudeiro por paisagens características da maior capital do Brasil, levando as personagens a questionar os problemas e injustiças que encontravam no caminho. Em O Corcunda de Note-Dame em cordel (2010), escrito em sextilhas e ambientado em Santana de Cajazeira, cidade do interior do Nordeste, Sá atribui à temática no romance Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo, elementos e personagens característicos da cultura nordestina. Transcrevemos abaixo alguns versos de Dom Quixote de la Mancha no reino Selva de Pedras (2018):
Trata-se de uma história
Com começo meio e fim.
Se é relato fictício
Não queira mangar de mim.
Igual a Chicó, eu falo,
Sem rodeio, eu me calo;
“- Eu só sei que foi assim”.
Quando Miguel de Cervantes
Concebeu o cavaleiro
Dom Quixote de La Mancha
Com seu fiel escudeiro,
Permitiu que as personagens
Realizassem viagens
Ao redor do mundo inteiro.
E Dom Quixote saiu
Levando sua armadura
Com Sancho Pança a seu lado,
Sedentos por aventura,
Foi uma façanha dessa,
Que na São Paulo, sem pressa;
Paginam essa estrutura.
FONTES CONSULTADAS
SÁ, João Gomes de. Do Quixote de La Mancha no reino Selva de Pedras. São Paulo: Edicom, 2018.
CORSI, M.S. Conversas com poetas. INÉDITO.