Evaristo Geraldo da Silva

Evaristo Geraldo da Silva

(Margarida da Silveira Corsi, 27.05.2020)

Evaristo Geraldo da Silva nasceu em 28 de setembro de 1968, em Rinaré, que pertencia ao município de Quixadá, no interior do Ceará, no sertão nordestino. É filho de Francisco Geraldo da Silva e Maria Batista da Silva, uma família camponesa, nas palavras do autor de “agricultores de subsistência” que teve de 11 filhos. Dos onze irmãos, cinco são poetas, dentre os quais, Evaristo Geraldo, o poeta e editor Rouxinol do Rinaré e Godofredo da Silva. O poeta afirma que se inspirou no irmão Rouxinol, mas que herdou o veio artístico da mãe que, até hoje, aos 80 anos, cultiva a arte manual, fazendo bonecas de pano. E acrescenta que a casa do avô materno, no interior do Ceará, na região de Quixadá, “foi sempre frequentada por cantadores de viola e repentistas”, dentre os quais O Cego Aderaldo que “desbravou o sertão no lombo de animais” e participou de diversas noitadas de viola promovidas pelo avô do poeta. Geraldo afirma que a mãe, dona Maria, conta aos filhos que, em 1949, por ocasião de uma dessas noitadas de viola organizadas pelo pai, teve de lavar a roupa do Cego Aderaldo, que passou em sua casa com três burros carregados de suas roupas, sua viola e seus mantimentos. Essa relação do poeta coma cantoria e com a poesia de cordel também se dá porque, no interior, teve o privilégio de conviver com muitos cantadores, dentre os quais, um seus irmãos, Severino Batista da Silva, hoje já falecido. Evaristo Geraldo tem uma grande produção poética. É autor de dezenas de títulos de folhetos de cordel e vários livros infantis e juvenis publicados por diversas editoras.

Em 2006, o romance de cordel A incrível história da imperatriz Porcina foi selecionado pela Secretaria da Educação do Estado do Ceará para a biblioteca da EJA – Educação de Jovens e Adultos. Em 2008, o livro João e Maria (da Editora IMEPH) foi selecionado pelo PAIC – Programa de Alfabetização na Idade Certa para compor o acervo das bibliotecas escolares. Em 2010, O fogo de Minarã e Rachel de Queiroz – a dama do romance foram premiados no Edital para autores cearenses, na categoria Prêmio Rachel de Queiroz de Literatura Infantil, evento promovido pela Secretaria de Cultura do Estado.

Além de João e Maria e A incrível história da imperatriz Porcina, o poeta já adaptou vários títulos clássicos para a linguagem do cordel: A dama das camélias (2010) para a linguagem do cordel, em folheto e pela Editora Nova Alexandria; A Terra dos meninos pelados (2017); As Aventuras de Aladin e a lâmpada maravilhosa (2017); A sereiazinha surda (2018); Oliver Twist, o órfão injustiçado (2017); A Maldição do tesouro (2018); O Príncipe Valente e a Princesa encantada (2011); O Valente Zé Rumão (2015); O mandarim e a borboleta (2009); Navarro e Isabel ou O feitiço de Áquila (2008), O Heroísmo de Rama (2014), O Conde Mendigo e a Princesa Orgulhosa (2012), entre outros.

Da temática indígena e afrodescendente, podemos citar: O fogo de Minarã (2010); A jovem amaldiçoada (2015); A lenda da Iara ou Os martírios da mãe d’água (2005); A árvore de todos os frutos (2017); Romance de Bernardo e Sara ou a promessa dos dois irmãos (2018); O colar de Pérolas e a Lenda dos vaga-lumes (2001); As lutas de José do Patrocínio: o tigre da abolição (2003); A maldição do escravo (SD); entre outros.

Do Gênero folheto biográfico, além do premiado Rachel de Queiroz – a dama do romance, destacamos Patativa do Assaré – vida e obra do poeta do povo (2007); Anita Garibaldi, heroína em dois continentes (2018); O lendário Benedito meia-légua (2018); Zacimba Gaba, a princesa guerreira (2017), entre outros.

Em formato de livro, destacamos: A dama das camélias (2010), pela Editora Nova Alexandria, O pescador Encantado (2015), O Duende e as letras encantadas (2014), Cordéis de arrepiar África (2015, em coautoria com Rouxinol do Rinaré), Cordéis de arrepiar América (2015 em coautoria com Rouxinol do Rinaré), pela Editora Nova Imeph; Oswaldo Cruz, o cientista da saúde (2010, em coautoria com Rouxinol do Rinaré) e Irmã Dulce, um trabalho pela Paz (2010), pela Editora Ensinamento; Patativa do Assaré, do nordeste para o mundo (2015), pela Editora Imeph; O fogo de Minarã (2013), pela editora conhecimento, entre outros.

Como se pode notar pelos títulos, as obras de Evaristo Geraldo apresentam temáticas e diversas. Seus versos predominantes são a redondilha maior, em sextilhas ou septilhas. O estilo do autor apresenta uma linguagem simples do homem proveniente do sertão, mas com rigor formal e rimas soantes. Suas adaptações conservam a temática e o enredo, sem deixar de ampliar o sentido da obra, através de versos sensíveis e uma oratória que cativa o leitor. Nos versos de A Dama das Camélias em cordel (uma adaptação do clássico francês de Alexandre Dumas fils), citados abaixo, podemos apreciar um pouquinho da beleza de sua obra:

Peço às musas que me deem

Um versejar sedutor,

Porque pretendo atrair

Toda a atenção do leitor,

Pois vou narrar uma história

De ciúme, ódio e amor.

Dizem que uma paixão

Transforma qualquer pessoa,

Faz o perverso mudar

(pede perdão e perdoa)

Modifica quem é ruim

Em gente pacata e boa.

Antigamente existiu

Na cidade de Paris

uma cortesã famosa,

Uma linda meretriz,

Que era muito desejada,

Porém não era feliz.

Essa meretriz famosa

Se chamava Margarida,

Mulher do corpo perfeito,

Muito bela, extrovertida,

Em toda a grande Paris

Ela era bem conhecida.

Essa bela meretriz

Tinha a saúde agravada,

Pelo fato de levar

uma vida conturbada

E por isso Margarida

já tinha sido internada.

FONTES CONSULTADAS

https://memoriasdapoesiapopular.com.br/2014/12/10/poeta-evaristo-geraldo-da-silva-sintese-biografica/

HAURÉLIO, M. Dicionário básico de autores. [S.l.: s.n., 20?]. Disponível em: <http://marcohaurelio.blogspot. com.br/2011/06/dicionario-basico-de-autores-de-cordel.html>. Acesso em: 20 out. 2014.

GERALDO, Evaristo. A Dama das Camélias em cordel. Ilustrações de Veridiana Magalhães. São Paulo: Nova Alexandria, 2010.

GERALDO, Evaristo. A dama das camélias ou Armando e Margarida. Capa de Maèrcio Siqueira. Alto Santo-CE: Edições monólitos, setembro de 2018.