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19-06-2020

Em memória aos grandes: certas palavras o tempo não leva- uma homenagem ao poeta Arievaldo Vianna


Margarida da Silveira Corsi; Hélcius Batista Pereira; Anna Clara Gobbi dos Santos; Victor Hugo dos Santos Grabriel.

Em 24 de junho de 2020, os integrantes do projeto de pesquisa Cordel em exposição realizou a segunda live do ciclo de palestras Ciclo de palestras – cordel em exposição - Em memória aos grandes: certas palavras o tempo não leva. Desta vez, o homenageado foi o grande poeta cordelista Arievaldo Vianna. A noite teve a presença de três grandes nomes da poesia popular! Os poetas cordelistas Klévisson Viana; Stélio Torquato Lima, Marco Haurélio participaram da homenagem ao poeta cordelista, ilustrador, xilogravador, publicitário, pesquisador da literatura de cordel Arievaldo Vianna.

O professor Hélcius Batista Pereira apresentou os participantes, deu as boas-vindas a todos e explicou que o grupo é integrado por professores e acadêmicos dos cursos de Letras e História, da Universidade Estadual de Maringá, desenvolvendo pesquisas que abordam a história, os poetas, os temas, os gêneros, e a materialidade do cordel, além de adaptações da literatura para o cordel e do cordel para outras esferas de arte, e de realizar uma catalogação de obras, entre outros. Sempre com o propósitodeé propagar esse importante movimento de resistência literário e discursivo que é o Cordel.

Em seguida, o acadêmico Victor Hugo dos Santos Gabriel leu um texto em homenagem a Arievaldo, um exímio poeta e cordelista da nossa cultura popular brasileira. É com certo aperto no peito que foram iniciadas as homenagens. Afinal, como diz o ditado: um poeta nunca morre. E certas palavras o tempo não leva.

Segue texto escrito e lido em homenagem ao poeta.

“Arievaldo Viana Lima, nascido em 1967, bisneto do cordelista Fitico, foi “iniciado ao universo do cordel pela avó Alzira”, que lia para ele histórias do romanceiro popular nordestino. Seu encontro com Cancao de fogo e Leandro deu-se aos nove anos, quando o pai lhe presenteou com a historia do anti-heroi de Leandro. Sua paixão pela literatura de cordel e pela cultura popular o levou a desenvolver seu método de escrita, tornando-se um mestre da arte de cordelizar. Para o irmão, Klévisson:


“Arievaldo Vianna

Foi poeta brasileiro,

Cordelista de renome,

Bom irmao, bom companheiro;

Tudo que fez tinha o brilho

De um talento verdadeiro.”


As descrições de escritor, pesquisador, radialista, poeta, publicitário, xilogravurista, ilustrador e ícone de uma região, parecem não configurarem caracterizações suficientes para representá-lo. Além do profissional de grande competência, Arievaldo Viana, assim como a mulher, Juliana Araújo, destacou em suas redes: “era um homem íntegro, um pai responsável, amoroso, um marido amado.” O cordelista foi, e será, inspiração para muitos que desejem pesquisar e trabalhar com o cordel, porque, conforme seu amigo Evaristo Geraldo,


“Ari partiu, mas deixou

Seu nome imortalizado.

E, numa mala ou bau,

Ha texto inédito guardado.

[...]


Sua luta em prol do cordel foi uma bandeira que portou desde o início da carreira. Assim, a cada oportunidade, reiterava a dificuldade de se viver somente de literatura no Brasil. Dificuldades que nunca o impediram de continuar batalhando, incentivando e inspirando os apaixonados pela literatura e pela cultura popular.

Ao longo de cinco décadas, o autor publicou mais de 30 livros e cerca de 150 folhetos de cordel, além das biografias de Leandro Gomes de Barros e de Santaninha (esta, em parceria com o amigo Stélio Torquato Lima). Foi, também, premiado em diversos concursos literários e quatro vezes selecionado pelo Ministério da Educação, através PNBE (Programa Nacional da Biblioteca na Escola). Criou o projeto Acorda Cordel na Sala de Aula – que utiliza a poesia popular na alfabetização, projeto adotado pela Secretaria de Educação do Ceará, e de outros estados do Brasil. O poeta foi um imenso revolucionário quando o assunto é Ensino e Aprendizagem. Em 30 de maio de 2020,“Ari cumpriu a missão!/E o bom Deus o levou/Pra residir na Mansão/Celeste onde a poesia/É linda igual oração”. (Klévisson)

Arievaldo, hoje, ensina aos anjos sua métrica. As lágrimas que derrubam os entes queridos em eterna saudade frutificarão e, lá de cima, nosso cordelista tão amado aplaude alegre, abençoando todos que aqui estão”. (Victor Hugo Gabriel/Anna Gobbi/Margarida da Silveira Corsi)

Dando sequência, Bianca Daiane Almeida da Costa e Victor Hugo dos Santos Gabriel leram as biografias dos poetas e passaram a apalavra à professora Margarida Corsi, que conduziu a conserva com Klévisson, Stélio e Marco Haurélio.

Klévisson Viana, que é irmão de Arievaldo, é poeta cordelista, roteirista, cartunista, xilogravador, autor de histórias em quadrinhos, com mais de 30 livros e quase 200 folhetos de Literatura de Cordel, com obras adaptadas para televisão, quadrinhos e peças de teatro. Klévisson destacou a importância da obra de Arievaldo para a Literatura de cordel, tanto na composição de folhetos e livros de coldel quando na produção de pesquisas que retratam a história e biografias de grandes nomes como Leandro Gomes de Barros: vida e obra ( Sintaf e Queima-bucha). Questionado sobre a origem do interesse pela temática, Klévisson lembrou que viveram no sertão, num tempo em que não havia luz elétrica. Um tempo em que a leitura de folhetos de cordel era fonte de conhecimento e diversão, cintando o folheto No tempo da lamparina, de Arievaldo Vianna. Além de reiterar a importância de Leandro e Cancão de fogo na vida de Arievaldo, falou ainda sobre os muitos talentos do irmão como poeta cordelista, ilustrador, xilogravador, publicitário, pesquisador da literatura de cordel. e destacou o projeto Acorda Cordel como um elo entre a literatura de cordel e as salas de aula iniciado por Arievaldo. Finalizou sua fala com a leitura de trechos da poesia de cordel que fez em homenagem ao irmão: O encantamento de Arievaldo Vianna e sua chegada no Céu.

Na sequência Stélio Torquato Lima que é pesquisador, professor universitário e autor de inúmeras obras em cordel, falou sobre o amigo e compadre Arievaldo Vianna, destacando sua habilidade para a composição de gracejos como Discussão de seu Lunga com um corno (Tupynanquim), entre outros. Stélio falou também do importantíssimo Santaninha, um poeta popular na capital do império (em parceria com Arievaldo Viana), afirmando que sua partida repentina foi uma grande perda para a esfera do cordel, mas que será um nome eternamente lembrado em virtude das obras que deixou, em especial aquelas que falam do sertão, como Carmélia e Sebastião ou a justiça divina ( em parceria com Evaristo Geraldo, Flor da Serra). Stélio leu um trecho do poema A poesia de luto – um tributo ao cordelista Arievaldo Vianna (2020) feita por 74 poetase organizada por Rouxinol do Rinaré, Stélio Torquato Lima e publicada pela Rouxinol do Rinaré Edições.

Marco Haurélio que é poeta cordelista, pesquisador, folclorista, autor de contos folclóricos, curador de eventos da área, com inúmeros trabalhos realizados e publicados reiterou a importância do poeta homenageado, destacando sua perseverança e coragem na execução de pesquisas como as que realizou na composição dos livros sobre Leandro Gomes de Barroe e sobre Santaninha. Lembrou também que na organização da Antologia do cordel brasileiro, fez questão de escolher o folheto O rico preguiçoso e o pobre abestalhado, de Arievaldo Viana, em virtude de sua grande habilidade para versejar e na riqueza da temática da obra. Originário do sertão da Bahia, Marco lembrou a importância de se conviver com histórias com as que ouviu de sua avó Luzia, assim como Arievaldo foi “iniciado ao universo do cordel pela avó Alzira”. Marco lembrou a grande habilidade de pelejador de Arievaldo, como acontece em A grande peleja de João Corta-pau com Passarim da redondilha, O Grande debate de Arievaldo Viana e Fábio Sombra; e Peleja de Zé Ramalho com Zé Limeira.

Destacamos que, com ações como esta, buscamos valorizar a literatura de cordel, destacando grandes nomes da poesia popular e dando visibilidade a uma arte que consideramos imprescindível na preservação da cultural popular brasileira.


Nossas pesquisas, ações e notícias podem ser encontradas nas nossas páginas do Google, do Facebook, do Instagram e do nosso canal no YouTube Cordel em Exposição.


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Para quem quiser adquirir as obras citadas nas nossas lives, apresentamos a seguir os endereços das editoras e cordelarias responsáveis:


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Cordelaria Flor da Serra:

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