Eu costumava brincar com minhas irmãs nas árvores (mangueiras e cajueiros enormes) no sítio do meu Avô, e sonhava em ter ali uma casinha suspensa, tanto que fazia dos galhos das árvore, cômodos da casa. Era um cantinho só meu, onde eu ia pra ficar sozinha e ninguém me incomodar.
Meu pai até chegou a construir uma casa de boneca pra gente! A casinha era feita de madeira com palhas de coqueiros, tanto as paredes quanto o teto, e tinha sala, quarto e cozinha. Mas não foi a mesma coisa que uma casinha na árvore. De qualquer forma, a casinha de boneca era linda, a gente brincava, cozinhava e até dormia nela algumas noites. Aí o tempo passou, eu cresci e esse sonho de criança ficou adormecido.
E de repente, me vi morando numa casa quase na árvore. Sim! Quase na árvore! Ela foi construída ao lado de uma enorme mangueira. E sempre que subia no primeiro andar, sentia-me dentro dela e era acometida por uma energia inexplicável. Ali montei meu espaço terapêutico.
Com o passar dos dias, conversando com minha irmã, sobre como chamaríamos o espaço, ela subitamente disse: "Casinha da Árvore!". De imediato, me vi envolvida naquele sonho de infância. E, como toda criança, desejei que meu pai a construísse.
Assim começou a Casinha da Árvore, que na verdade sempre existiu, apenas precisava ser construída e existir fisicamente. A partir daí, as coisas foram acontecendo... ganhei uma árvore (coração de nêgo), meu pai que sempre foi pescador e tinha se tornado carpinteiro, saiu do Ceará e veio até Pernambuco só para construir a Casinha. Em uma semana meu sonho tornou-se realidade.
Antes um sonho de criança, agora a realidade dos adultos. Um lugar para escapar dos seus problemas, aliviar o peso do dia a dia, desconectar-se do mundo corrido e ter um momento só seu.