Planta de Implantação
A estratégia de implantação do conjunto adota como partido a morfologia espacial das aldeias indígenas, estabelecendo a coletividade como eixo estruturador do projeto. O edifício comunitário (1) — composto por cozinha, sala de música, de estudos e de convivência — foi centralizado para atuar como o ponto focal da vida social, sendo circundado pelos quatro blocos de habitação integral (2) , em uma reinterpretação contemporânea da disposição circular das ocas.
Centralizado com a área de convivência, o espaço de rituais foi orientado para o lago, privilegiando a contemplação e o contato com a natureza, enquanto a horta produtiva foi locada na porção leste, adjacente à cozinha, para otimizar o fluxo entre o cultivo e o preparo dos alimentos.
O edifício de moradia temporária para calouros (3) situa-se em uma zona de transição, a direita do lote, próximo ao Centro Olímpico (CO), facilitando a logística dos recém-chegados. A quadra poliesportiva se encontra na mesma posição, a esquerda do lote.
A integração urbana é garantida por um acesso viário a leste, proveniente da Casa do Estudante Universitário (CEU), e pela dissolução da barreira física com o CO, onde o muro existente é integrado ao lote para permitir permeabilidade, segurança e acesso livre aos pedestres por meio de uma calçada com 10 metros de largura.
A orientação dos edifícios foi pensada também de forma a garantir maior conforto bioclimático dentro das construções, que possuem sua fachada principal com aberturas voltadas ao norte. Além disso, essa orientação possibilita que as aberturas tenham vista para o Lago Paranoá, elemento visual destaque no projeto.
Corte
Plantas por função do edifício
Planta do Edifício 1 - Comunitário
Concebido como um gesto de acolhimento, o Edifício Comunitário (1) abre-se em forma de abraço para o espaço de rituais e para a paisagem natural. Sua planta semicircular de 475 m² cria uma transição suave entre o construído e o sagrado. Seu centro é vazado, definido o eixo central que conecta o edifício aos outros blocos de forma mais permeável.
O programa se organiza em quatro módulos de 94 m² cada, articulados ao redor de um pátio central aonde pode ocorrer o espaço do fogo. A setorização funcional segue uma lógica de conforto acústico: Zona mais ruidosa na extremidade direita, onde situa-se a cozinha, transita pelas áreas sociais de música e convivência no centro, e culmina na zona de maior silêncio na extremidade esquerda, destinada à sala de estudos.
Todas as aberturas foram orientadas para o Norte, garantindo iluminação natural adequada e enquadrando a vista privilegiada para o lago e espaço de rituais.
Planta do Edifício 2 - Habitação Integral
A proposta habitacional é composta por quatro blocos idênticos de dois pavimentos, cada um ocupando uma projeção de 420 m². A volumetria organiza-se em torno de um vazio central estruturador, onde se insere a escada — protegida por cobertura independente — garantindo iluminação natural e ventilação cruzada para todas as faces dos apartamentos. Cada pavimento abriga quatro unidades de 98 m², totalizando 16 moradores por andar, 32 por bloco e 128 moradores no total.
O layout das unidades prioriza a integração espacial nas áreas de convívio (cozinha, jantar e estar) e a funcionalidade na área íntima: um corredor distribui o fluxo para os quatro dormitórios e para o banheiro compartilhado, que adota um sistema compartimentado (pia, bacia e ducha independentes), otimizando o uso simultâneo. Os dormitórios, espelhados e orientados nas faces Norte e Sul, possuem dimensionamento flexível para comportar diferentes configurações de mobiliário (cama de casal, bicama ou cama de solteiro com berço), além de preverem espaço para rede, área de estudos e armário, respeitando as necessidades culturais e familiares dos estudantes.
Planta do Edifício 3 - Calouros
O Edifício de moradia temporária foi dimensionado para o acolhimento emergencial dos calouros, totalizando 720 m² distribuídos em dois pavimentos. A organização espacial dá-se através de um corredor central estruturador que distribui o fluxo para os 14 apartamentos por andar, cada um com 36 m². Deste total, duas unidades em cada pavimento foram adaptadas para Pessoas com Deficiência (PCD), estrategicamente posicionadas na zona central, em frente ao núcleo de circulação vertical, garantindo acessibilidade plena. Nos apartamentos padrão, com capacidade para 3 estudantes, o layout otimiza o espaço através do mobiliário: um guarda-roupas atua como elemento divisor, separando a área de descanso da zona úmida, enquanto uma extensa mesa de estudos atende simultaneamente a todos os ocupantes. A área sanitária segue o padrão de compartimentação do conjunto (pia, ducha e bacia independentes), assegurando funcionalidade para o uso coletivo.
As aberturas ficam nas fachadas norte e sul, com empenas cegas nas fachadas leste e oeste.