Como surgiu o espiritismo?
O Espiritismo é uma doutrina científico-filosófica com implicações morais e religiosas, codificada por Allan Kardec, no século XIX, na França. Hyppolite Leon Denizard Rivail, pedagogo e escritor francês, assume o pseudônimo de Allan Kardec após investigar as manifestações do espíritos e iniciar a codificação da Doutrina Espírita. Em 1857, Kardec lança 'O Livro dos Espíritos', uma compilação dos ensinamentos ditados pelos espíritos superiores a partir de um método científico de estruturação de perguntas e análise das respostas. A obra apresenta fundamentos como a existência de Deus e a criação, a imortalidade da alma, as Leis Morais, a vida presente e futura.
Dessa forma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, fortalece os ânimos e auxilia na construção de uma fé inabalável, ancorada na razão.
O que é o Espiritismo?
No Livro 'O que é o Espiritismo' (1859), Kardec explica que o Espiritismo é uma ciência de observação e, ao mesmo tempo, uma doutrina filosófica.
Enquanto ciência, consiste nas relações que se podem estabelecer entre nós e os Espíritos, trata da origem e do destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corpóreo. Revela uma nova lei, segundo a qual a comunicação com o plano espiritual ocorre naturalmente. Seu objetivo é demonstrar e estudar a manifestação dos Espíritos, suas capacidades, sua situação de felicidade ou infelicidade e seu futuro, proporcionando, assim, um entendimento mais profundo do mundo espiritual. Dessa forma, amplia o domínio da Ciência e, por isso, o próprio Espiritismo se torna uma ciência.
Ao compreender e reconhecer essa nova lei, emergem consequências morais significativas, fazendo com que o Espiritismo se estabeleça também como uma doutrina filosófica. Ele atende às expectativas humanas quanto ao futuro, fundamentando-se em bases positivas e racionais. Assim, abrange todas as implicações morais derivadas das interações entre o mundo corpóreo e o espiritual.
Portanto, o Espiritismo é uma doutrina que tem por fundamento a fé raciocinada, iluminada pela razão. As ideias preconcebidas e equivocadas recorrem em reiteradas objeções; assim os Espíritos e Kardec entendem que na ausência de fatos é imprescindível 'questionar'. A Doutrina Espírita rejeita qualquer efeito considerado maravilhoso ou sobrenatural, ou seja, tudo aquilo que está fora das leis da natureza. Assim, o Espiritismo não realiza milagres nem prodígios, mas sim explica certos fenômenos através das leis naturais, demonstrando a plausibilidade dos mesmos.
As verdades reveladas pelo Espiritismo são antes consequências que descobertas. Esta doutrina não foi a pioneira na descoberta ou invenção dos Espíritos, assim como não desvendou o mundo espiritual, um conceito presente em diversas crenças ao longo da humanidade. Contudo, o Espiritismo oferece evidências tangíveis desses fenômenos, esclarecendo-os e desmistificando superstições e concepções errôneas, frequentemente oriundas da dúvida, da ignorância e da descrença.
O Espiritismo exige o estudo contínuo dos preceitos da doutrina para aperfeiçoamento do espírito. A ligação aos diversos ramos do conhecimento, como Filosofia, Metafísica, Psicologia; exige dos adeptos ao Espiritismo certa dedicação para compreensão e prática dos ensinamentos da codificação. Kardec descreveu que ele próprio precisou de mais de um ano de investigação ao adotar uma abordagem de pesquisador. Por isso, Allan Kardec, na obra, Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), recomenda: "Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo."
obras
Allan Kardec publicou cinco obras fundamentais reconhecidas pelo Espiritismo. São elas:
O Livro dos Espíritos (1857): Primeira obra de Kardec, marca o início do movimento Espírita, apresentando os princípios da doutrina espírita em um livro no formato de perguntas e respostas. A obra é resultado de um método científico desenvolvido por Kardec no processo de indagação e compilação dos ensinamentos dos espíritos. O livro aborda temas como a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos, a relação entre o mundo espiritual e o material, as leis morais, a vida após a morte e o futuro da humanidade.
O Livro dos Médiuns (1861): Esta obra esclarece a natureza das manifestações mediúnicas e serve de guia prático tanto para os que desejam explorar suas próprias habilidades mediúnicas quanto para aqueles que querem compreender os fenômenos espirituais. Explica diferentes tipos de mediunidade, oferece orientações para o desenvolvimento dessas habilidades e aborda fenômenos associados à comunicação espírita, incluindo questões de fraude e obsessão.
O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864): Focando nos ensinamentos morais de Jesus Cristo, esta obra interpreta os evangelhos a luz da Doutrina Espírita. Composta por 28 capítulos, cada um inicia com um trecho do Novo Testamento, seguido de comentários explicativos. Trata de temas como amor, perdão, humildade, caridade e a busca pela perfeição moral, integrando-os aos princípios espíritas. Para os espíritas, é recomendado o estudo desta obra, especialmente durante o Evangelho no Lar.
O Céu e o Inferno (1865): Nesta obra, Kardec examina as concepções de céu, inferno e purgatório sob a perspectiva espírita. Discute o destino das almas após a morte e as condições de felicidade ou sofrimento espiritual, sempre com foco na justiça divina segundo o Espiritismo.
A Gênese (1868): Neste último livro, Kardec aborda as questões da criação do universo, a origem da Terra, dos seres vivos e do ser humano, bem como as leis naturais que regem o mundo. Discute também os temas de milagres e profecias à luz dos conceitos espíritas.
Além disso, Kardec publicou também uma série de revistas espíritas de 1858 até sua morte em 1869. A 'Revue Spirite' era uma publicação mensal que incluía assuntos relacionados ao Espiritismo, com artigos, ensaios, relatos de experiências mediúnicas e discussões filosóficas. Kardec utilizava essa revista como um meio de comunicação e discussão com a comunidade espírita, além de ser um veículo para a disseminação de suas ideias e descobertas. As obras de Kardec e essas revistas podem ser acessadas na Kardecpedia.
allan kardec
Hippolyte-Léon-Denizard Rivail nasceu em 3 de outubro de 1804 em Lyon, França. Ele completou seus estudos em Yverdun, Suíça, sob a tutela do célebre professor Pestalozzi, uma referência na área de Educação. Rivail era bacharel em Letras e Ciências, doutor em Medicina e poliglota, dominando o alemão, inglês, italiano e espanhol.
Casou-se com Amélie Boudet, uma professora gentil e graciosa, herdeira e única filha de seus pais, notável por sua inteligência e vivacidade. Amélie desempenhou um papel fundamental para a missão de Rivail, que mais tarde seria reconhecido como o impulsionador do movimento espírita.
Em 1854, ele teve o primeiro contato com o fenômeno das mesas girantes, associado aos estudos sobre o Magnetismo. Naquela época, Rivail era cético em relação aos fenômenos espirituais, acreditando que uma mesa não podia ter cérebro para pensar ou nervos para sentir. No entanto, entre 1854 e 1856, ele se deparou com eventos inexplicáveis e contrários, aparentemente, às leis da natureza, que desafiavam sua razão. Em 1855, começou a testemunhar episódios de sonambulismo e escrita mediúnica nessas reuniões. Rivail viu as mesas girantes se movimentarem de maneira que não deixava dúvidas sobre a realidade do fenômeno.
A partir dessas experiências, realizou observações sistemáticas, aplicando o método experimental e analítico. Ele era rigoroso em suas investigações, procurando entender as causas por trás dos efeitos observados, e enfatizava a importância de uma abordagem positivista em vez de idealista, não se deixando tomar por ilusões.
Nessas reuniões, questões meticulosamente preparadas eram respondidas de maneira precisa e lógica. Esse trabalho era realizado por pessoas sérias que tomaram vivo interesse pelo trabalho, este que formou a base de "O Livro dos Espíritos". Durante esse período, Rivail adotou o nome de Allan Kardec, já que seu nome era amplamente conhecido no meio científico. Ele acreditava que, usando um pseudônimo, evitaria confusões e possíveis prejuízos ao movimento espírita. Segundo lhe foi revelado por um guia espiritual, esse havia sido seu nome em uma encarnação passada entre os Druidas.
A obra "O Livro dos Espíritos" teve tanto êxito que sua primeira edição rapidamente esgotou. Kardec reeditou-a em 1856 em sua forma atual. Posteriormente, ele se envolveu com a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundou revistas e anais, viajou para divulgar o Espiritismo e continuou a escrever outras obras. Enfrentou resistência da sociedade, exemplificada pelo episódio histórico da queima de livros espíritas em 1861.
Kardec era reconhecido por sua abordagem metódica, sua sabedoria filosófica, clarividência e profundidade. Seu trabalho incansável teve um grande impacto na França e no mundo, estabelecendo os fundamentos para a evolução e renovação da sociedade. Ele desencarnou em Paris, em 31 de março de 1869, aos 65 anos, devido a uma ruptura de aneurisma.
Este texto é uma síntese compilada da biografia escrita por Henri Sausse, publicada como a primeira parte do livro "O que é o Espiritismo" (Kardec, 2009).
Referências
KARDEC, Allan. Le Livre des Esprits. 1a ed. bilíngue, tradução e edição de Canuto Abreu. Reprodução fotomecânica da 1a ed. francesa. São Paulo: Companhia Editora Ismael, 1957. Revue Spirite. Coleção da Federação Espírita do Paraná.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro da 3. ed. francesa, revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866. – 131. ed. 1. imp. (Edição Histórica) Brasília: FEB, 2013. 410 p. ISBN 978-85-7328-730-1.
KARDEC, Allan. O que é o espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB, 2009. 264 p.
SAUSSE, Henri. Biografia de Allan Kardec. Brasília: FEB, 2013. Disponível em: https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2014/05/o-que-e-o-espiritismo.pdf. Acesso em: 21 Mar. 2024.
prece de caritas
“Deus, nosso Pai, que tendes Poder e Bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade, ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.”
“Deus! Dai ao viajor a estrela-guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso. Pai! Dai ao culpado o arrependimento, ao Espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai. Senhor! Que Vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes. Piedade, Senhor, para aqueles que Vos não conhecem, esperança para aqueles que sofrem. Que a Vossa bondade permita aos Espíritos consoladores derramarem por toda parte a paz, a esperança e a fé.”
“Deus! Um raio, uma faísca do Vosso amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber na fonte dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmarão. Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor. Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos, oh! Bondade, oh! Beleza, oh! Perfeição, e queremos de algum modo alcançar a Vossa misericórdia.”
“Deus! Dai-nos a força de ajudar o progresso, a fim de subirmos até Vós, dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se refletirá a Vossa Santíssima Imagem.”
“Assim é, e assim será!”
Eventos
o livro dos espiritos
Evento Presencial Quinzenalmente
Dias 8 e 22 de Abril às 6:00 PM
o evangelho no lar
Evento online todos os domingos
Aos Domingo às 8:00 PM