QUEM FOI CANDINHO?

Breve esboço biográfico do primeiro presidente negro

do Clube de Regatas Vasco da Gama , Cândido José de Araújo.

Breve esboço biográfico do primeiro presidente negro[i]

do Clube de Regatas Vasco da Gama

I

Um grupo de sócios do C.R. Vasco da Gama – os autodenominados “Guardiões da Colina” - alugou recentemente um imóvel onde o clube foi efetivamente fundado. Estão instalando ali um Centro Cultural. O nome escolhido para o espaço foi decidido após enquete realizada entre torcedores nas redes sociais[ii]. A escolha recaiu sobre o nome do primeiro presidente negro do clube, Cândido José de Araújo, carinhosamente chamado pelos seus contemporâneos de “Candinho”. A escolha da maioria absoluta dos votantes pelo nome do Candinho foi certamente motivada por uma bandeira cara a história do Vasco da Gama, que tem na sua “resposta histórica” um marco na luta contra a discriminação racial e social no esporte.

O Centro Cultural recém-criado está instalado na antiga Rua da Saúde 293, atual Rua Sacadura Cabral 375, bem defronte da simpática e bucólica praça da Harmonia (oficialmente, Praça Coronel Assunção), situada na região portuária da cidade. Antes imaginava-se que a fundação tinha se dado na Companhia Dramática Filhos de Talma, associação também situada na Saúde, a poucos metros daquele endereço (na Rua do Proposito 12) [iii].

A confusão é compreensível. Sabe-se que aquela associação emprestou a sede para algumas das primeiras reuniões do grupo. E, vasculhando velhos jornais, encontramos a informação de que todos os fundadores do Vasco também seriam sócios do Filhos de Talma e, presumivelmente, também moradores da região portuária[iv].

O Vasco da Gama nasceu numa das regiões de maior importância histórica para a cidade do Rio de Janeiro, que guarda boa parte da memória da nossa herança africana. É a região portuária da cidade, que inclui os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Todo vascaíno deveria conhecer muito bem a história por debaixo “das pedras pisadas do cais”, como diz o verso do genial compositor e grande vascaíno Aldir Blanc, que o vírus Covid19 nos levou. [v]

A homenagem ao Candinho é mais do que justa. Até hoje é algo raro para uma pessoa negra ocupar cargos de maior relevância em qualquer entidade, seja ela pública ou privada (sejamos francos e, metendo o dedo numa ferida, é algo difícil até mesmo no Vasco da Gama de hoje...).[vi]

Nunca foi fácil para os negros terem acesso à vida associativa. Um caso emblemático foi o de um clube fundado nos anos 50 do século passado, por negros que se cansaram de ter suas propostas de associação rejeitadas pelos clubes sociais da região em que viviam. Por essa razão decidiram fundar o Clube Renascença, ainda hoje um vigoroso espaço de resistência cultural e afirmação da negritude. Foi fundado no Méier, porém acabou por se estabelecer no bairro do Andaraí[vii].

O Vasco da Gama, se não foi o primeiro clube a abrir as suas portas aos negros e humildes, foi certamente o que mais deu visibilidade ao preconceito no esporte e sobre a importância de combatê-lo com firmeza. Daí a inigualável importância histórica e sociológica da “resposta histórica”.

II

Como sabemos, o Vasco da Gama nasceu como um clube de regatas. O remo era esporte muito popular na virada do século XIX para o século XX. As regatas atraiam consideravam público e ocupavam lugar de destaque nas páginas esportivas dos jornais da época.

Candinho foi um dirigente atuante, que contribuiu para ampliar o número de associados do clube e presidiu o Vasco no período 1904-1906. O jornal Correio da Manhã, em 4 de abril de 1904, publicou uma longa matéria sobre um “pic-nic” comemorativo realizado pelo clube na Ilha de Paquetá. Naquela oportunidade, foram distribuídas medalhas aos atletas e personalidades que mais contribuíram para o engrandecimento do clube. Diz o jornal:“Também foi mimoseado com o prêmio medalha de prata o Sr. Cândido José de Araújo, que maior número de sócios conseguiu no anno próximo finde”.

Na sua gestão, o clube brilhou no campeonato de remo. Conquistou o seu primeiro título em 1905 e o bicampeonato em 1906. O campeonato de 1905 foi decidido numa regata realizada num domingo, dia 24 de setembro. O evento coincidiu com a inauguração de um pavilhão exclusivo para o esporte na enseada de Botafogo, obra da prefeitura do então Distrito Federal. Dessa forma o remo ganhou uma estrutura fixa, com arquibancadas para o público, tribuna de honra para autoridades, coreto para a apresentação de bandas e uma completa infraestrutura para os eventos esportivos. A inauguração contou com a presença do presidente da República à época, Rodrigues Alves. A Revista da Semana, suplemento do Jornal do Brasil, publicou uma ampla cobertura fotográfica, em três páginas, na sua edição de 1o de outubro. Naquelas fotos é possível ver a dimensão do evento e como era o cenário das disputas de remo antes de serem transferidas para a lagoa Rodrigo de Freitas. Das 13 regatas disputadas naquele dia, o Vasco venceu 5, sendo uma delas a que valia o campeonato do Rio de Janeiro, com o “yole” a oito remos "Procellaria" (nome de uma ave que voa alto em áreas costeiras). Numa regata disputada em 26 de agosto de 1906 o Vasco conquistaria o bicampeonato carioca de remo com esta mesma embarcação.

Por razões cujos detalhes talvez jamais saibamos, pouco tempo depois de sua vitoriosa gestão, Candinho deixou o Vasco da Gama. Após um curto período como representante do Clube Esperia (de São Paulo) junto a Federação Brasileira de Sociedades de Remo, em 1907 Candinho entrou para a diretoria do clube Boqueirão do Passeio como 2o. Tesoureiro. Mas logo assumiria a presidência do clube e ocuparia outros cargos na diretoria por muitos anos. Seria inclusive o patrono de uma “yole” (embarcação), que foi batizada com o seu apelido, “Candinho”[viii].

O fato é que, com a saída de Candinho, o bicampeão Vasco só voltaria a conquistar um novo título em 1912. Notas esparsas nos jornais da época sugerem discordâncias internas na diretoria. Em 27 de maio de 1906, uma nota no jornal Gazeta de Notícias indica uma crise interna: “O Sr. Cândido de Araújo, presidente do glorioso Vasco da Gama, visitará hoje o Sr. Manuel Rabello, vice-presidente demissionário do mesmo club. É possível que desta visita advenha a retirada do pedido de demissão do mesmo senhor”. A Gazeta de Notícias, de 9 de junho, informa que “Voltou a occupar o seo lugar de vice-presidente do heróico Vasco da Gama, o valente campeão e sympáthico rower, o sr. Manuel da Silva Rabello.” Em 11 de dezembro, também na Gazeta de Notícias, sabemos do resultado da eleição da nova diretoria do Vasco da Gama, que teve uma disputa com duas chapas. Há a informação de que Candinho, da chapa perdedora, planejava ir para outro clube. Também há a divulgação do que seria o último legado da gestão de Candinho: “Pelo Sr. ministro da Viação foram firmadas as escripturas de doação dos terrenos da rua de Santa Luzia, esquina da nova rua, para a construcção das garages dos clubs de Regatas Boqueirão do Passeio e Vasco da Gama.

Ao que parece, Candinho tinha um bom trânsito junto as autoridades. No curto período em que representou o Clube Esperia, encontramos a seguinte notícia no jornal O Paiz, de 16 de junho de 1907: “Em 27 do corrente embarcará para São Paulo a guarnição do yole-franche a quatro remos, de veteranos, que vai concorrer na regata do mesmo. Sabemos que o representante deste, o coronel Cândido de Araújo, vai conseguir do ministério da Indústria um carro para guarnições e convidados”.

O caso do Candinho remete ao um outro fato da cultura popular carioca: a saída do sambista e liderança negra Paulo Benjamim de Oliveira (o Paulo da Portela) da agremiação que ele projetou, a escola de samba que virou o seu sobrenome. Tal como no caso de Candinho, ele também tinha um bom trânsito entre as autoridades públicas, mas deixou a agremiação após desavenças com outros dirigentes[ix].

Na ata da 25a. reunião ordinária da Federação Brasileira das Sociedades de Remo, de 30 de agosto de 1906 em que ele anuncia que, por determinação da diretoria do clube, não mais representará mais o Vasco da Gama, há uma clara comoção nas manifestações dos presentes, que não poupam elogios ao Candinho. Diz a ata: “O Sr. Luiz Varella pede a palavra e visivelmente commovido diz: - Sr. Presidente, com profundo pezar acabo de ouvir a declaração do nosso illustre amigo, distincto representante do Club Vasco da Gama. É possível, Sr. Presidente, que o club Vasco da Gama encontre no seu seio um outro que com mais brilho aqui represente o club, mas não poderá de certo mandar um que, pelo seu esmero amistoso, bondade de coração e affabilidade de trato consiga mais do que conseguiu Candinho”. E seguem-se outras manifestações dos representantes dos demais clubes na Federação, todas no mesmo tom, de elogios efusivos ao Candinho e lamentos pela sua saída.[x].

Apesar de todos os elogios, Candinho não teve vida fácil nos seus primeiros anos no clube Boqueirão do Passeio. Nos jornais da época encontramos várias publicações anônimas, assinadas por “sócios do club” com críticas e ironias dirigidas ao Candinho. Zombava-se de seu desempenho como juiz nas competições de remo da federação e até do hábito dele de usar um “cravo encarnado” na lapela.

Não há como avaliar o comportamento ou caráter de alguém apenas por notícias vagas e tão distantes no tempo. Porém, ao investigarmos mais a fundo o que motivou as críticas ao Candinho, fica muito evidente que a razão o incômodo causado pelo Candinho era devido a sua negritude. Resumindo: Candinho foi vítima do mais abjeto racismo.

As evidências de que o racismo motivou os ataques que ele sofreu estão bem claras numa carta de um sócio do Boqueirão, que se identificou como Rivadávia Negreiros, publicada como suposto desagravo às ofensas sofridas por Candinho no jornal Correio da Manhã, em 27 de dezembro de 1913. O estopim dos ataques ao Candinho teria sido a proibição na dança do tango nas festividades do clube, por ordem de Candinho, o que de fato ocorreu. Afinal, se tratava de uma deliberação da diretoria do clube que ele fez cumprir[xi]. O texto é ambíguo, e logo percebe-se que não se trata de uma defesa do Candinho como se anuncia, mas sim de mais um covarde achincalhe.

A carta afirma que lhe rebaixavam injustamente a patente, que ele não era “Coronel’’, mas sim “General de Brigada na valorosa corporação da Guarda Nocturna”. O tom é de evidente deboche. É fato que, por alguns anos, a partir de 1907, o nome de Candinho aparece precedido do tratamento de “Coronel”. Normalmente esse tratamento era reservado aos que recebiam uma carta patente (de tenente, major, capitão ou coronel) da “Guarda Nacional”, força auxiliar do exército criada no período regencial. Após a proclamação da República esta corporação perdeu as funções e, antes da sua extinção (em 1922), essas patentes passaram a ser simbólicas, concedidas como um mero título honorífico a alguns cidadãos de prestígio, muito em função de suas relações com as autoridades públicas e interesse políticos locais. Eram emitidas pelo Ministro da Justiça e Negócios Interiores e assinadas pelo Presidente da República.

Não se sabe como Candinho obteve essa patente, que certamente incomodava a alguns de seus detratores. Possivelmente rejeitavam que tal honraria fosse concedida a um negro. A comparação com a guarda noturna é um evidente escárnio. Essa corporação, criada em 1889 para proteger comerciantes de arrombamentos e moradores de assaltos à noite, não gozava de boa fama. Apelidados de “morcegos”, eram de uma forma geral trabalhadores pobres, mal preparados, que muitas vezes trabalhavam em dupla jornada[xii]. Essa era a “patente” que, pela cor de sua pele, os racistas reservavam para pessoas como o Candinho.

A cínica carta de “desagravo” prossegue negando que Candinho tivesse proibido a dança do tango nos salões do clube Boqueirão, já que esta nada teria de “pornográphica”, inclusive porque era uma dança da moda, o “delírio dos salões aristocráticos”. Mas o missivista logo manda uma farpa: “...nada de parecido com o maxixe carnal que ele esperava, e contava introduzir na primeira feijoada que desse.”

Dessa forma, Candinho é associado a práticas da cultura popular e de origem negra, como o maxixe (também chamado de tango brasileiro) e a feijoada, tudo com claro sentido pejorativo. As danças do tango e do maxixe, pela forte sensualidade, eram alvo de preconceito de uma elite social branca e conservadora, que as viam como “coisa de negros”. O mesmo preconceito que o samba sofreria nos anos seguintes, até obter uma aceitação e virar uma expressão da nacionalidade brasileira. Como curiosidade, cabe lembrar a polêmica que, em 1914, ficou conhecida como “A noite do corta-jaca”. Num sarau organizado pela primeira-dama Nair de Teffé, esposa do então presidente Hermes da Fonseca, a maestrina Chiquinha Gonzaga foi convidada para tocar o maxixe no palácio presidencial. Rui Barbosa, opositor de Hermes, reagiu com um indignado discurso no Senado, quando disse que o maxixe era “a mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba”[xiii].

O racismo da carta, que finge defender o Candinho para atacá-lo com mais crueldade, afirma que ele ficou tão abalado com o episódio do tango que havia tentando o suicídio “chupando cabeças de phósphoros”, em outro comentário profundamente maldoso. Finalmente, o autor da carta acaba por revelar do que realmente se tratava: “...os sócios indignados, protestaram, chegando um a chamá-lo de negro (infâmia!) e um teve mesmo a ousadia de dizer que ele não servia para roupeiro, quanto mais para vice-presidente do club!”. Eis aí o incômodo explicitado: Candinho era um negro que não se colocava no lugar que a sociedade escravocrata reservara aos negros após a abolição.

Para que não reste qualquer dúvida de que se trata de racismo, a carta é encerrada chamando-o de “Cândido Melenick”. Uma ironia com requinte de crueldade. Melenick (ou Melenek), foi o primeiro Imperador da Etiópia. De acordo com o livro Kebra Negast (“Glória dos Reis”), uma compilação de lendas transmitidas pela tradição oral que narra a saga das dinastias etíopes, Melenick seria filho do rei Salomão de Israel com Makeda, a lendária africana conhecida como a Rainha de Sabá. Ao associá-lo a Melenick, há uma insinuação de que Candinho era filho de alguém poderoso, branco, talvez judeu, com uma mulher negra.

Os ataques continuaram a ser publicados ainda por alguns anos. No periódico D. Quixote, de 4 de julho de 1917, nota-se que o sucesso de Candinho causava um grande incômodo em alguns: “Dizem que o Candinho é uma yole muito boa, tem muito bojo, e o miolo era fraco ou pouco trenado. O que dirá a isso o patrono?!”. Mais adiante, prosseguem os ataques: “Diariamente os jornais publicam: o Sr. Cândido José de Araújo só ou com o Sr. Calmon, foi ao presidente da República, ao ministro tal e qual, etc...Há um logar, porém, onde o Candinho inda não foi...Ao relojoeiro, a fim que consiga ser chronometro e dedometro da praça do Remo.”

Candinho superou todos esses ataques de motivação claramente racista e obteve o reconhecimento de seus pares. Em 1921 recebeu o título de sócio honorário da Federação de Remo. Os elogios publicados na imprensa da época são efusivos: “homenagem merecidíssima”, “uma das figuras exponenciais do nosso sport náutico”, “um cavalheiro affável e prestante”, “um authentico semeador de affeições”. A homenagem é citada como “testemunho de apreço do nosso principal instituto de rowing ao melhor talvez dos seus obreiros”[xiv]. Nessa mesma publicação há uma informação interessante, sobre uma personalidade que fez parte da vida de Candinho e de toda a sua família: “Educado na boa escola de civismo do inolvidável Barata Ribeiro, seu mestre dos dias juvenis”.

III

Candinho nasceu em 26 de junho de 1871 e foi batizado em 2 de julho do mesmo ano, na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, na Ilha do Governador. Era filho de Perpétua Maria do Rosário, mãe solteira. Teve por madrinha Joana Francisca Pinheiro. O pároco que lhe deu o sacramento, Nicanor da Conceição Rocha, foi também o padrinho. O nome da mãe dele é revelador: sem sobrenome de família, como era comum aos escravizados que, ao nascer, recebiam nomes de santos católicos. No caso, referência a Nossa Senhora do Rosário, santa de devoção dos escravizados que deu origem a diversas irmandades. Talvez Perpétua já fosse alforriada, pois não consta no registro de batismo o nome do proprietário, como era relativamente comum nos registros de escravizados desta mesma igreja. Mas é quase certo que ela nasceu na condição de escravizada.

O registro de óbito de Perpétua, que faleceu em 22 de novembro de 1892, informa a cor parda (ou seja, já fruto da miscigenação), de quarenta e um anos (estima-se nascida em 1851), solteira, do serviço doméstico, natural do estado do Rio de Janeiro, domiciliada na Rua da Imperatriz número 105 (atual rua Camerindo). O atestado de óbito foi assinado pelo Doutor C. Barata Ribeiro, que constatou uma infecção na base do cérebro.

A Lei do Ventre Livre foi promulgada em setembro de 1871, apenas três meses após o nascimento de Candinho. Ou seja, se Perpétua ainda fosse escravizada, Candinho teria nascido ainda sob o jugo da escravidão. Porém há indícios de que Perpétua já era uma mulher livre. No registro do irmão de Candinho não aparece a designação de “ingênuo”, que era obrigatório para os nascidos após aquela lei (talvez por ser fruto de união ilegítima, consta “innocente”). Para saber o que significava isso para a vida futura de uma pessoa, fica a sugestão da leitura da Lei do Ventre Livre[xv]

No anúncio póstumo de Perpétua, publicado no jornal O Paiz, de 2 de dezembro de 1892, sabemos que, a essa altura, Candinho tinha um irmão mais jovem, quase homônimo: o “aspirante” José Cândido de Araújo. Na mesma igreja em que Candinho foi batizado encontramos o registro dele, nascido em 10 de março de 1873 e batizado em 13 de abril, sob a protectora Nossa Senhora da Conceição e por padrinho o Doutor Cândido Barata Ribeiro, por procuração de José Zepherino de Meneses Brum.

Candinho também teve uma irmã mais velha, chamada Eliza, que faleceu pouco antes dele nascer, em 17 de abril de 1871, com apenas três anos de idade, de febre perniciosa (como a malária era chamada na época), conforme consta no obituário do jornal Diário de Notícias, de 20 de abril de 1871. Eliza, nascida em 18 de abril, foi batizada em 22 de abril de1878 na igreja de Santa Rita. No assento de batismo há a informação que a mãe Perpétua era natural de Campos, província do Rio de Janeiro. Não há madrinha, e sim a protectora Nossa Senhora da Conceição e o padrinho é o Doutor José Zepherino de Meneses Brum.

Depois vieram mais irmãos. Sabemos deles por conta de um convite para a missa de sétimo dia de Dionísia Gomes das Neves, “mãe de creação” (“Mãe Dunde”), de Candinho e seus irmãos e irmãs (Manoel, Francisco, Leonor e Elisa). Todos com o sobrenome “Cândido(a) de Araújo”. O anúncio foi publicado nos jornais A Noite, Jornal do Commercio e Correio da Manhã de 3 de agosto de 1915.

Nota-se aí a ausência do outro irmão quase homônimo de Candinho, que apareceu no anúncio póstumo de Perpétua em 1892 como “aspirante”. Essa designação advém do fato de José ter sido selecionado para a Escola Naval e sentado praça da Marinha. Possivelmente foi aluno do Colégio Imperial Pedro II. Porém ele teve um final trágico. Ao resistir a uma rebelião de militares monarquistas da marinha, foi alvejado na ilha do Mocanguê e morreu afogado enquanto tentava nadar até a costa, no final de dezembro de 1893[xvi].

Quanto aos demais irmãos e irmãs, Elisa nasceu em 1881, Francisco em 1883, Leonor em 1885 e Manoel em 1888. No registro de batismo deles, na Igreja de Santa Rita, nota-se a presença recorrente entre os padrinhos de dois nomes, ambos médicos: José Zeferino (ou Zepherino) de Meneses Brum e Cândido Barata Ribeiro. Seria um deles o pai não declarado? Brum, sobrenome de ascendência judaica, seria o “Salomão, pai de Melenick”? Ou apenas seriam contratados pelo pai biológico para cuidar dessa segunda família? Seria “Cândido de Araújo” o real sobrenome paterno que lhe foi negado no batismo? No óbito de Manuel (19/01/1931) há a figura paterna de nome Bento de Araújo Cortez. São perguntas cuja resposta demandaria pesquisas mais aprofundadas[xvii].

Seja como for, o pai não registrado de Candinho e seus irmãos, ao que parece, não deixou os filhos abandonados a própria sorte. Quando Perpétua faleceu, em 1892, quatro de seus filhos tinham menos de 10 anos de idade. Mas todos tiveram uma mãe de criação, a “mãe dunde” Dionizia Gomes da Neves, lembrada por todos quando de seu óbito em 1915. Uma proteção que provavelmente outro alguém lhes proveu, pois Candinho e seu irmão eram jovens demais para serem arrimos de família.

Como dissemos, José Cândido teve acesso ao colégio Pedro II e foi selecionado para a Escola Naval. Candinho, em 1895, já iniciava a sua carreira no serviço público, na Estrada de Ferro Central do Brasil. Francisco ingressou na Faculdade livre de Direito, onde se formou advogado e depois fez carreira no Banco do Brasil, além de ser remador do C.R. Flamengo por muitos anos. Não era fácil para crianças negras ascenderem socialmente naquela época (se ainda hoje o é, imaginem no final do século XIX!) É razoável supor que o pai oculto, bem colocado na sociedade, os tenha auxiliado.

O padrinho mais frequente, José Zeferino de Meneses Brum, era médico do hospital militar. O médico Cândido Barata Ribeiro, que também aparece em vários batismos da família e na declaração de óbito de Perpétua, além de notoriamente reconhecido na sua profissão, teve uma destacada carreira política. Republicano e abolicionista de primeira hora, foi nomeado o primeiro prefeito do Rio de Janeiro em 1892 (então Distrito Federal) pelo Marechal Floriano Peixoto, e também foi ministro do Supremo Tribunal Federal. Em 1899 foi eleito Senador, cargo que ocupou até um ano antes do seu óbito em 1910. No seu mandato apresentou vários projetos em defesa dos direitos civis, liberdades individuais e da infância desamparada[xviii]. No registro de presentes ao velório de Barata Ribeiro lá estavam Candinho e seu irmão Francisco, comprovando que havia uma relação amistosa entre eles[xix].

Logo, tudo indica que Candinho tinha grande proximidade com Barata Ribeiro, fato reforçado pela notícia já citada, quando da homenagem recebida da Federação de Remo. Essas relações talvez expliquem parte de seu sucesso como dirigente e até da sua patente de “coronel”. Mas também era fonte de muita inveja entre alguns de seus pares. Ainda mais sendo ele um “negro”, como fica bem claro nos ataques que ele sofreu de alguns sócios do clube Boqueirão.

Além de destacado dirigente esportivo, Candinho foi funcionário público de carreira da Estrada de Ferro Central do Brasil, onde iniciou como praticante e progrediu ao longo dos anos até se aposentar como chefe da seção de contadoria (contabilidade). Nas páginas do Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial (Almanak Laemmert), podemos acompanhar a ascensão profissional de Candinho ao longo dos anos, sempre na Secção de Contabilidade. De “praticante”, em 1891, vai a 4o. Escripturário (amanuense) em 1896, 3o. Escripturário em 1902, 2o. Escripturário em 1912, 1o. Escripturário em 1914 e, finalmente, Chefe de Secção, o ápice da carreira em 1920. Nesta última função se aposentará em 1930[xx].

Mesmo já afastado da vida social, o seu óbito teve considerável repercussão na imprensa. Os relatos o descreviam com um funcionário público solicito, gentil no trato pessoal, atuante junto ao poder público em busca de melhorias para a comunidade, que liderou pleitos vitoriosos junto as autoridades (como saneamento das antigas praias do Boqueirão e Santa Luzia, e melhorias na rua em que morou com seus irmãos por longos anos - Rua Sílvio Romero, antiga travessa Cândido Muratori). Não faltaram, obviamente, elogios aos seus bons serviços prestados aos clubes em que atuou como dirigente e à Federação de Remo[xxi].

O atestado de óbito, 8 de abril de 1935, na terceira pretoria cível da Freguesia de Santo Antônio, declara que ele era Chefe de seção aposentado da Central do Brasil, solteiro, sem filhos, que deixou bens, sem testamento. Teve por causa mortis uma “arteriosclerose cardio renal, hydrocele, hérnia e syncope”. Morreu em sua casa, na rua Sílvio Romero 28. Pelos três anos seguintes à sua morte encontram-se anúncios de missa encomendada pela sua alma[xxii].

IV

Depois de passados tantos anos, quando todos os seus contemporâneos já faleceram, não há muito com o que contar para escrever uma biografia. Restam basicamente apenas notícias de jornal e registros genealógicos em cartórios e igrejas. Talvez seja possível encontrar mais informações nas agremiações e locais onde atuou e trabalhou. Fica o desafio para outros pesquisadores que desejem colaborar com o enriquecimento da história do Vasco da Gama.

Candinho viveu tempos difíceis, logo após o fim da escravidão. No final do Império e no início da República ainda se difundiam abertamente ideias eugênicas, de que os negros eram inferiores e que deveriam ser “embranquecidos” através da miscigenação. Essa foi uma das razões para estimular a imigração para o Brasil. Em 1934, um dos principais intelectuais da primeira República, Oliveira Vianna, ainda fazia a seguinte (e chocante!) afirmação na Assembleia Constituinte: “por termos formação em que predominam dois sangues inferiores, o negro e o índio, somos um povo de eugenismo baixo, o grande problema é a arianização intensiva da nossa composição étnica. Tudo quanto fizermos em sentido contrário a essa arianização é obra criminosa e impatriótica”.

Após o Estado Novo, que tinha em seu projeto a construção de uma nacionalidade harmônica, criou-se o mito da igualdade racial. Vendeu-se ao mundo a ideia de que éramos uma democracia racial, a partir das conclusões do sociólogo Gilberto Freyre (no clássico livro Casagrande e Senzala, de 1933) a tal ponto que a Unesco encomendou em 1955 um estudo para servir de exemplo ao mundo. Coordenado pelo acadêmico Florestan Fernandes, a conclusão do estudo foi de que a tal democracia racial era uma grande falácia, uma mera propaganda ufanista. A situação do negro pouco tinha mudado desde o fim da escravidão[xxiii].

No pouco que encontramos sobre a vida do Candinho, fica claro como é difícil a vida de alguém de pele preta ou parda. Na história do Vasco, além do Candinho, o goleiro Barbosa foi outro que sofreu com o racismo, recaindo sobre ele o maior ônus pela derrota na Copa de 50. Se o lendário massagista Pai Santana fosse vivo e atuante hoje, em tempos de absurda intolerância religiosa - que é igualmente racista - imaginem o que ele sofreria pela devoção que tinha ao culto dos orixás. Por tudo isso, a tão citada “resposta histórica” do CRVG tem que ser muito mais que uma bela página da história do clube. Não basta ostentá-la. Se quiser honrar as suas origens, o Vasco tem que fazer muito mais.

O fato é que há muitos “Candinhos” entre nós. Sofrendo na pele, literalmente, as consequências de sua origem étnica. Sem falar dos milhões de brasileiros que não possuem o nome paterno no registro civil. Seja lá por quais razões isso se dá, a cifra é absurda e inaceitável[xxiv].

Outro fato a ser destacado é que muitos vascaínos, assim como tantos outros brasileiros não vascaínos, tem uma profunda dificuldade em compreender o racismo que ainda persiste em nosso país. Não aquele racismo óbvio, escancarado, que se manifesta na injuria racial. Mas o “racismo estrutural”, o racismo imperceptível para muitos porque foi naturalizado, ocultado por histórias edificantes de “superação”, como se todos tivessem que enfrentar as humilhações cotidianas como uma provação. Trata-se de um racismo que se apoia numa compreensão deturpada do princípio da meritocracia, pois ignora a desigualdade que antecede qualquer ascensão de um cidadão preto na vida social e que exige a implementação de ações afirmativas. Sobre esse assunto, uma leitura do jovem e brilhante intelectual negro, Silvio Almeida, poderia ser esclarecedora para muita gente, desde que despida de ideias pré-concebidas[xxv].

Outros clubes brasileiros possuem uma história de enfrentamento do racismo no esporte. Mas, com todo respeito, nenhum deles tem a repercussão e o impacto da história do Vasco da Gama. Mesmo assim, alguns desses clubes tem uma atuação muito mais relevante na atualidade do que o Gigante da Colina. Ponte Preta e Bahia são exemplos a serem seguidos, e que vão muito além do simples marketing[xxvi].

O Vasco tem tudo para voltar a ser um protagonista relevante da luta contra o racismo, ajudando a denunciar e combater o racismo estrutural, divulgando didaticamente como ele se manifesta. Algumas sugestões, só para começar: que tal uma grande homenagem ao Pai Santana, reunindo lideranças das religiões de origem africana, que estão tendo os seus templos vandalizados cotidianamente? Ou dar o nome do goleiro Barbosa a algo maior do que o campo do novo CT, com uma grande solenidade de inauguração, em desagravo a tudo o que ele sofreu? Ou buscar uma negociação de patrocínio com o Magazine Luiza – que promove ações afirmativas - e encerrar a parceria com a Havan? Seria pedir demais?

A homenagem ao Candinho pode ser o início de uma bela campanha, para que a “resposta histórica” não vire somente um belo quadro de memórias para se emoldurar e colocar na parede. Fica bonito na fotografia, mas não significa muito se essa bandeira não se traduz em ações concretas no cotidiano do clube.

Honremos a memória e a vida de Candinho.

Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2020.

© José de Souza Filho, 2020.

É livre a reprodução, total ou parcial, desde que citada a fonte.

[i] Adotamos aqui o termo “negro” conforme é usado pelo censo do IBGE, a soma de pretos e pardos. Sobre o uso da palavra “negro” ou “preto” para referir-se aos afrodescendentes brasileiros, cuja resposta não é consensual, recomenda-se a leitura dos seguintes textos, bem didáticos:

- http://simaigualdaderacial.com.br/site/?p=3136

- https://afroliteraria.com.br/negro-ou-preto/

[ii] Sobre a bem vinda iniciativa do grupo Guardiões da Colina, sugerimos a seguinte matéria:

[iii] Um ótimo resumo da pesquisa que corrigiu a informação do real local de fundação pode ser lida neste link:

- https://blogdoeduardostender.wordpress.com/2014/08/21/a-fundacao-do-lube-de-regatas-vasco-da-gama/

[iv] Esta informação consta em matéria publicada no jornal O Imparcial, de 21 de agosto de 1937,pag. 10, em matéria de página inteira alusiva ao aniversário do clube (Um dia de júbilo para o C.R. Vasco da Gama). O “Filhos de Talma”, além de associação recreativa, foi uma das primeiras escolas de teatro do Brasil. O nome do clube homenageia o lendário ator francês François-Joseph Talma(1763-1826) que tinha entre os seus admiradores declarados o imperador Napoleão Bonaparte.

[v] Os versos são do samba “O mestre-sala dos mares”, parceria de Aldir Blanc com João Bosco. Para conhecer melhor a história do “berço” do C.R.Vasco da Gama, fica a sugestão para um agradável passeio de final de semana. Alguns links informativos, para aproveitar melhor o passeio:

- http://www.escravosdamaua.com.br/circ_maua.htm

[vi] Um retrato breve do mercado de trabalho no Brasil evidencia essa dificuldade: https://g1.globo.com/economia/noticia/brancos-sao-maioria-em-empregos-de-elite-e-negros-ocupam-vagas-sem-qualificacao.ghtml

As políticas afirmativas implementadas nos últimos anos contribuíram para reduzir a desigualdade na oferta de oportunidades: https://www.politize.com.br/sistema-de-cotas-no-brasil/

E por falar em dedo na ferida, vale a pena ver essa bela campanha produzida pelo E.C. Bahia:

- https://dedonaferida.com.br/

[vii] Sobre a bela história do Clube Renascença, sugerimos a leitura do seguinte link: http://www.palmares.gov.br/?p=18498

[viii] Uma foto desta embarcação foi publicada no jornal Gazeta de Notícias, em 8 de outubro de 1917, página 3.

[ix] Paulo da Portela foi impedido pela diretoria de desfilar na companhia dos amigos não portelenses Cartola e Heitor dos Prazeres, que formavam com ele um grupo de samba. Entristecido, deixou a escola e, magoado, compôs tempos depois o samba “O meu nome já caiu no esquecimento”. A inciativa em curso contribui para que o nome de Candinho também não caia no esquecimento.

[x] A íntegra da referida ata foi publicada na coluna da Federação de Remo no jornal Gazeta de Notícias de 4 de setembro de 1906. OA mesma coluna publicou no mês anterior (em 21 de agosto) o que pode ser lido como um balanço da gestão do Candinho.

[xi] O Presidente do clube Boqueirão nessa época, Angelino Cardoso, publicou nota no Jornal Correio da Manhã (em 22 de dezembro de 1913) na qual esclarece que Candinho, na qualidade de vice-presidente, fez cumprir uma deliberação da diretoria do clube nesse sentido, de não permitir a dança do tango em seus salões.

[xii] O memorialista Luiz Edmundo, no livro “O Rio de Janeiro de meu tempo” (disponível online na biblioteca do Senado Federal) faz a seguinte descrição do guarda-noturno: “uma criatura, o homem, em geral, velho, vezes até com setenta anos, cheio de achaques e com um emprego durante o dia, de contínuo no Tesouro ou de operário nas oficinas da Central ou do Arsenal de Marinha, onde labora, coitado, de sol a sol. Veste um uniforme de brim pardo, capaz de servir a dois, no comprimento ou na largura, franzido na cinta por um largo boldrié de couro, de onde pende um espadagão enorme e quase sempre enferrujado. O boné, quando não é calçado a papel, desce-lhe até as orelhas. Numa fita estreita, pendente como um escapulário do pescoço, o apito de socorro. Traz no estojo do revólver, posto bem em evidência, ao invés de arma, uma bolsa de fumo e uma caixa de fósforos. Na hora da encrenca, não se aperta. Se não pode sair dela, sem ser visto (o que às vezes acontece) mete o apito na boca e sopra. Não socorre, mas chama por socorro. E enquanto este não chega, fica apitando, apitando...O esforço, como se vê, não é extraordinário, mas é preciso saber: o infeliz ganha somente 30$ por mês: É velho e sofre de reumatismo…

[xiii] Para mais detalhes dessa polêmica: https://musicaemprosa.wordpress.com/2020/02/17/escandalo-do-corta-jaca-de-chiquinha-gonzaga-e-nair-de-teffe/

[xiv] Trechos da matéria publicada no semanário Hoje-periódico de ação social, 25 de agosto de 1921, página 7.

[xv] A legislação criou uma figura jurídica, o “ingênuo”, para designar o filho livre da escrava. A lei garantia a sua tutela ao proprietário da mãe escrava até os oito anos de idade. Passado esse tempo, o senhor de escravos poderia optar por receber uma indenização governamental de 600 mil-réis pelas despesas por esse tempo em que cuidou da criança. Em alternativa, poderia continuar a explorar o trabalho do menor até que ele completasse 21 anos. Do contrário, deveria entregar o menor a uma instituição do Estado. Porém há estudos que constataram que a grande maioria dos senhores de escravos preferiam manter a exploração do trabalho do menor até que o indivíduo “livre” atingisse a maioridade. Infelizmente, essa página triste da História do Brasil não nos é ensinada como deveria ser nos bancos escolares. A íntegra da Lei pode ser lida neste link:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim2040.htm )

[xvi] A revolta foi amplamente noticiada, mais detalhadamente no jornal O Paiz, de 5 de janeiro de 1894.

[xvii] Numa pesquisa genealógica preliminar apuraram-se as seguintes informações sobre a família de Candinho: Elisa nasceu em 14 de maio e foi batizada em 29 de julho de 1881. Teve por madrinha Ana Maria da Glória do Espírito Santo e Crescêncio de Meneses Brum, por procuração; a segunda Elisa nasceu em 1885 e casou-se com Alfeno Ferreira Lopes, quando o sobrenome mudou para Lopes de Araújo. Francisco, nasceu em 6 de abril de 1883. Casou-se com Feliciana Rosa do Espírito Santo. Faleceu em 29 de setembro de 1931. Foi remador do Flamengo e funcionário do Banco do Brasil. Leonor, nasceu em 10 de outubro de 1885, batizada em 4 de maio do ano seguinte. Teve por padrinhos Silva Paranhos e Dona Leonor Barata Ribeiro. Faleceu em 1965, solteira, sem filhos. Manoel, nascido em 2 de abril e batizado em 18 de agosto de 1888. Foram padrinhos José Zeferino de Meneses Brum e Maria da Glória do Espírito Santo. Faleceu em 19 de janeiro de 1934, era casado com Januária Candida de Araújo, pai de Romão Cândido de Araújo. Manuel, declarado operário de cor parda, tem o nome do pai na certidão de óbito: Bento de Araújo Cortez.

[xviii] Uma breve biografia do senador pode ser lida neste link: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/RIBEIRO,%20Candido%20Barata.pdf

[xix] A lista está na primeira página do Jornal do Commércio de 11 de fevereiro de 1910.

[xx] Publicado na Gazeta de Notícias de 15 de junho de 1930, pá. 2.

[xxi] Matérias póstumas elogiosas foram publicadas no Jornal do Brasil (26 de abril de 1935, pág. 6) e no Correio da Manhã (9 de abril de 1935).

[xxii] Candinho e irmãos viveram desde o final do século XIX na Rua Silvio Romero 28 (antes chamada de Travessa Cândido Muratori), num amplo sobrado de dois pavimentos de 175 metros quadrados, leiloado em 1983 no espólio de Elisa, irmã de Candinho. Em 1899 Candinho estava ocupando o antigo endereço de sua mãe (na rua da Imperatriz, já renomeada como Camerino 103), após morar na Barão de São Félix 101(em 1896) e na Conselheiro Saraiva (em 1897). Este último endereço, onde morava com irmão Francisco, era um sobrado que foi destruído por um incêndio, amplamente noticiado nas primeiras páginas dos jornais Gazeta de Notícias e O Paiz em 12 de fevereiro de 1897.

[xxiii] Um breve resumo das conclusões deste estudo podem ser lidas neste link: https://reflexoes-rupturas.blogspot.com/2007/12/questo-racial-analisada-por-florestan.html

[xxiv] O Esporte Clube Bahia fez uma bela campanha sobre isso: https://www.youtube.com/watch?v=w0ZPNer-T5g

[xxv] Uma boa entrevista com o professor Sílvio Almeida: https://www.youtube.com/watch?v=0TpS2PJLprM

[xxvi] A Ponte Preta e o Bahia nos dão ótimos exemplos na atualidade:

- https://brasil.elpais.com/esportes/2020-01-17/ponte-preta-acena-na-contramao-do-futebol-brasileiro-com-um-inedito-presidente-negro.html

- https://dedonaferida.com.br/