Frequentemente ao fazer a árvore, encontramos ancestrais que compartilham nomes idênticos. Mas um é pai outro filho. Outro grupo de avó e neta. E ainda um terceiro par formado por tio e sobrinho. Como resolver a anotação desses ancestrais em programas de computador e em plataformas de genealogia?
1) Numa genealogia descritiva para livro ou relatório genealógico, daquele estilo em que usamos a numeração pelo método Sosa-Stradonitz (Ahnentafel) ou Aboville podemos utilizar as expressões "Bisneto", "Trineto", "Sobrinho".
2) Salienta-se que alguns casos mais recentes, "Neto", "Sobrinho", "Filho" ou "Júnior" podem realmente integrar o sobrenome de uma pessoa como sufixo. As pessoas que têm "Filho", possuem o mesmo nome do meu pai. Outra maneira antiga (seculo XIX) era dizer por exemplo "Manoel Jordão da Silva Vargas, filho do outro" — o que indicava que possuía o mesmo nome do pai.
3) Lembre-se porém que esses Manoel(eis) Jordão da Silva Vargas não empregavam em seus próprios nomes o diferencial do sufixo. Ainda porque as regras de registro só foram efetivamente implementadas no Brasil em 1939 (Decreto 4.857/ 9-set-1939)
4) No entanto, quando estamos utilizando uma plataforma informatizada (My Heritage, Family Search, Ancestry, Geni, etc) não podemos usar tal recurso. Isso porque os algoritmos não conseguem identificar o "sobrenome" bisneto ou trineto e associá-lo a registros eventualmente existentes no sistema, uma vez que anteriormente a 1939, ninguém utilizava os sobrenomes "Neto", "Sobrinho", "Filho" ou "Júnior.
5) Por isso, você não pode colocar tais sufixos nas plataformas de genealogia. Pois, ao "inventar" esses sufixos nos sobrenomes dos antepassados, você IMPEDE que o sistema LOCALIZE AUTOMATICAMENTE eventuais documentos indexados e inseridos, SEJA PELO SISTEMA, SEJA POR OUTROS USUÁRIOS.
4) Por isso, os genealogistas brasileiros convencionaram empregar algarismos arábicos 1,2,3,4... etc. para ascendentes e descendentes que compartilham nomes idênticos. Até um passado recente, costumávamos colocar esses algarismos entre parênteses (1), (2) etc.
5) Outros genealogistas empregavam algarismos romanos, dentro ou fora de parênteses. Mas os algarismos romanos, embora largamente empregados nos EUA, eram considerados meio pernósticos no Brasil. Isso porque, como os EUA nunca tiveram nobreza, os " algarismos romanos" não pareciam pretensão aristocrática. Mas no Brasil sim. Isso porque a maioria esmagadora dos nossos ancestrais não é de aristocratas. E ainda que fossem, os números romanos são considerados apenas para a Família Imperial Brasileira e Família Real Portuguesa, já que os títulos nobiliárquicos europeus e brasileiros eram (e são) pessoais e intransferíveis. Filhos de nobres, quando titulados, recebem o título de 2º conde, 3º visconde etc. Por isso, os genealogistas brasileiros geralmente escreviam algarismos arábicos entre parênteses.
6) Contudo, o Family Search, em comunicado no próprio site, passou a considerar "erro de registro" os algarismos entre parênteses porque a anotação entre parênteses impedia a Inteligência Artificial do sistema de localizar documentos correlatos.
7) Por isso, voltou-se para o algarismo arábico simples. O algoritmo está parametrizado para ignorar algarismos arábicos e romanos simples como "sufixos integrantes do sobrenome".
8) É possível que em alguns nomes da árvore possam ter remanescido alguns dígitos entre parênteses. E é por isso que muitas vezes você vê aquela exclamação
9) Se você mantém árvore em plataformas, "conserte" os nomes de ancestrais de acordo com os novos padrões do algoritmo.
10) lembre-se: o sistema descritivo é incompatível com a inteligência artificial dos sistemas. A não ser em registros realmente recentes (depois de 1939) em que as pessoas efetivamente utilizam
11) Esta é a razão de eu estar escrevendo a você. Usei uma explicação bem longa, porque não gosto que as pessoas pensem que fiz alterações por voluntarismo ou exibicionismo. Mas existe uma razão tecnológica por detrás da adoção de tal sistema. Daí tão longa explicação.
Por isso, peço que volte ao sistema anterior, começando com o velho patriarca Manuel Jordão da Silva Vargas recebendo o sufixo 1 e seus descendentes os números sequenciais.
12) O mesmo vale para as nossas ancestrais ou tias-avoengas que não receberam o sobrenome Vargas. Como é o caso da minha Felícia Francisca da Silva. Coloquei o Vargas no campo específico para isso. "Também" conhecido(a) como...", para a inteligência artificial poder procurar. Nunca vai existir uma indexação de sobrenome entre parênteses!
Estou à sua disposição para quaisquer esclarecimentos.
Mesmo porque parece que somos parentes...
meu e-mail de genealogia é: bravagentebrasileira.genea@gmail.com
whatsapp (11) 98249-8077
Grande abraço da "prima",
Maria Fernanda
site: www.bravagentebrasileira.art.br