O BIG BANG

Dizem que existia um coração pulsante no centro do universo. Que o mesmo explodiu e seus cacos ficaram em nós. Cada batida era na sincronia de um coração acelerado. Quando vimos, aqui estávamos, planeta Terra, casas e prédios. Mas nada foi muito fácil.

Um dia andando pelas ruas, avistei aquela cena que até hoje me recordo. A garota caída no chão como um caco. Estava tão despedaçada e pintada de vermelho, que de seus olhos quase não via brilho.

Eu, Antonio José Carlos Pereira, aproximei parecendo uma raposa suspeita. Não tinha ninguém, além de mim, a moça e as marcas do pneu do carro.

Fiquei ao lado dela e vi que respirava ar quente. Ar de explosão. Peguei em sua mão fria de universo vazio, e cravei à minha. Me atordoa saber que mesmo pedindo socorro, A garota explodiu qual coração em meu lado, com sua cabeça apoiada em minha mão.

O nome dela? Era Preula de Jaça Medos, garota negra escura, com o brilho das estrelas explodindo no peito.

Foi olhando para mim que ela aceitou. Deixou-se ir com o vento e abrir o universo em teu mundo.

Quase escutei o sussurrar dela me convidando a chorar. A explosão foi a eminência que hoje penso, mas não sei.

Pergunto-me onde está os cacos da moça. Será que em mim? Seus pedaços presos na minha memória. Amada que nunca nem ouvi o verdadeiro som, o grande sorriso, o pequeno segredo, a velha mania, os olhos com a vida.

Ela era o Big Bang que me fez nascer... De novo.

Beatriz Ferreira