O UnB Futsal Feminino deu o primeiro toque na bola em 2010. À época, ainda com poucas atletas, dividindo o Centro Olímpico (CO) da Universidade com o time masculino e sem ter as mesmas oportunidades no esporte que os colegas homens.
Idealizado nos anos 2010, o time de futsal feminino amador, que representa a Universidade de Brasília (UnB), passou por muitas mudanças ao longo da última década.
Entre as trocas no clube, a disparidade entre gêneros na modalidade, o vínculo com o time masculino e uma equipe antes sem experiência, a atual competitividade se tornou motivo de orgulho e não poderia ter sido alcançada sem o trabalho das atletas.
“O início da nossa trajetória foi difícil, mas de muito amadurecimento”, relembrou a ex-atleta da equipe Noemi Viana, de 28 anos, em entrevista ao Campus Multiplataforma.
Na época, a participação em torneios e competições universitárias amadoras era algo secundário para as jogadoras da equipe, disse Viana. O principal foco, segundo ela, era a estruturação do clube.
Enquanto um local de treinamento era oferecido pela Universidade, além do custeio das viagens e de suporte financeiro por meio do bolsa-atleta, as jogadoras tinham a oportunidade de representar a modalidade e a UnB em torneios oficiais.
Segundo Noemi Viana, participar dessa primeira fase do UnB Futsal Feminino foi “sensacional”.
“Se eu entrasse na Universidade de novo, entraria no time de futsal, viveria tudo novamente. Foram experiências que contribuíram muito para o crescimento pessoal e profissional e histórias que levamos para a vida. Os meus cinco anos na equipe foram de muitas vivências”, completou.
Com o passar dos anos, as viagens para outros estados fizeram com que o UnB Futsal Feminino conseguisse se posicionar junto a outros clubes nacionais e foi determinante para que o time alcançasse um melhor perfomance.
Isso, de acordo com Noemi Viana, criou uma "casca", aumentou a competitividade da equipe e alimentou um sentimento de pertencimento em relação à UnB.
“Eu nunca pensei que fosse entrar numa equipe universitária. Sempre treinávamos em alto rendimento e, com isso, tínhamos bagagem para disputar com outras equipes fora de Brasília que eram consideradas da elite”, disse.
Na imagem, de camisa azul e branca, Noemi Viana defendendo as cores do UnB Futsal Feminino | Arquivo pessoal
Noemi saiu em 2016 do UnB Futsal Femino e, junto dela, outras atletas também deixaram o UnB Futsal Feminino. Mesmo diante das dificuldades de um elenco curto e ainda sem comando, o ciclo precisava de uma renovação.
O ano era 2013 e, naquele período, um método diferenciado adotado por uma profissional da educação física elevou o nível da equipe. A nova técnica implantada: o profissionalismo.
A responsável pela virada do clube foi Camilla Orlando, de 39 anos. A atual técnica do Real Brasília —equipe que está na elite do futebol brasileiro feminino—, antes de se destacar pelas Leoas do Planalto, entre os anos de 2013 a 2017 treinou o time de futsal feminino da UnB.
Camilla Orlando (foto), atual técnica da equipe feminina do Real Brasília | Júlio Cesar Silva/Real Brasília
Durante a reestruturação do UnB Futsal Feminino, Orlando ainda foi a responsável por conseguir que nutricionistas, preparadores de goleiro, fisioterapeutas e patrocinadores fizessem parte da realidade das jogadoras do clube.
Em 2017, com a saída da treinadora, quem chegou para assumir a equipe foi o também profissional do esporte Pedro Ivo.
Desde de 2018 no comando da equipe, Ivo também fez parte do processo de reestruturação do clube. Treinando atletas de diversas categorias e em diferentes lugares, começou como técnico no futsal em 2004 no colégio Leonardo Da Vinci e, quatro anos depois, dirigiu sua primeira equipe feminina.
Já no UnB Futsal Feminino, a primeira atitude do novo técnico à frente do time foi executar uma renovação. Com as ideias de Camilla e a necessidade de rejuvenescimento da equipe, Pedro Ivo realizou uma nova seletiva, que criou a base para o presente.
Com os ensinamentos de Camilla Orlando e Pedro Ivo, a equipe feminina de futsal da UnB busca agora ser regular nos campeonatos e construir uma maior tradição na modalidade.
Atualmente, 30 pessoas fazem parte do corpo técnico do UnB Futsal Feminino. Dessas, 25 são atletas. Por três dias na semana, elas se unem para dividir o desejo de jogar bola.
Para Pedro Ivo, a habilidade delas dentro de quadra é reflexo do amparo da UnB: “Sempre tivemos o apoio da universidade para treinar. Além disso, é uma mão de via dupla: enquanto o espaço e a estrutura nos é cedido, nosso time representa a universidade em jogos oficiais”.
UnB Futsal Feminino durante disputa do campeonato de Futebol 7. Na ocasião, terminaram na quinta colocação entre 13 equipes | Reprodução/Instagram
Dentre os tantos campeonatos disputados nos últimos cinco anos, como o Copa Sobradinho de Futsal, Copa de Futebol 7 e Beach Soccer, o objetivo maior é a classificação aos Jogos Universitários do DF, que serão disputados no final de junho deste ano. Isso porque participar desse torneio significa a qualificação ao Jogos Universitário Brasileiros (JUBs).
A famosa Olimpíada universitária terá início em outubro. Além do futsal, outros esportes, com categoria feminina e masculina, entram na disputa, entre equipes e atletas de todo país.
Após participação no campeonato de Futebol Society em Curitiba (PR), no final de maio, Mariana Pinheiro, 23, capitã e referência para outras garotas integrantes do UnB Futsal Feminino, contou ao Campus como foi participar da viagem.
“Uma experiência incrível, apesar de não ser um esporte que estamos acostumadas a jogar, nosso time mostrou que somos capazes. A evolução foi grande a cada jogo e fizemos um bom campeonato”, disse.
Capitã da equipe dentro e fora de quadra, Mariana Pinheiro (direita) tem a confiança das companheiras | Reprodução/Instagram
A camisa 9 também destacou a importância do grito de “cresce, time” antes de começar os jogos. “É uma expressão que usamos no início dos jogos e expressa nossa identidade, além de demonstrar nossa força e união como equipe”, afirmou.
O UnB Futsal Feminino atua apenas como representante da Universidade. Por outro lado, em âmbito nacional, a Liga Feminina de Futsal (LFF) — que foi criada em 2022 — conta com a participação de 12 equipes profissionais.
Os estudantes interessados em jogar futsal na UnB podem participar de ligas estudantis, grupos de interesse ou até mesmo formar suas próprias equipes dentro da Universidade.
As vagas deste período já foram preenchidas. Porém, todo semestre novas oportunidades são oferecidas para que qualquer aluna do corpo acadêmico ingresse na equipe e ajude a fazer parte da história do time.
Para participar do UnB Futsal Feminino é simples: acesse o site ou entre em contato por meio de uma das redes sociais da equipe.
Esta reportagem foi editada por Isadora Albernaz