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"A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte."

Mahatma Gandhi

Extras - (29,7 x 21) cm - técnicas mistas

AQ80 -

"Viver é um descuido prosseguido."

João Guimarães Rosa

“Borboletas
Já trocam as árvores por mim
Insetos me desempenham
Já posso amar as moscas
Como a mim mesmo
Os silêncios me praticam
De tarde
Um dom de latas velhas
Se atraca em meu olho
Mas eu tenho o predominio
Por lírios
Plantas desejam a minha boca
Pra crescer por cima
Sou livre
Para o desfrute das aves
Dou meiguice aos urubús
sapos desejam ser-me
Quero cristianizar as águas
Já enxergo o cheiro do sol”

Luiz Melodia

Gravação Luiz Melodia

AQ81 - Espalha

"O que você anda espalhando por ai?"


Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,

Atiro a rosa do sonho

Nas tuas mãos distraídas...


Mario Quintana

Leitura da poesia de Quintana

AQ82 - Sem Razões

"O que você anda espalhando por ai?"


As Sem-Razões do Amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou de mais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade


AQ85 - DOMINGO

"O que você anda espalhando por ai?"



Na coleção de domingos, instruções para iludir relógios, a cidade que não acorda por não dormir, dois copos quegrados. Para a abertura de trabalhos e o desfazer de crenças autolimitantes impostas pelo medo de voar. Quase frio, Katia B., "só deixo meu coração na mão de quem pode^, roupão japonês de seda falsa, a travessia para um novo possível. Pareço moderna. Mas gosto mesmo é de reciprocidade, palavras bonitas sendo ditas e final feliz, amor.

Cris Lisboa


AQ86 -

"O que você anda espalhando por ai?"


Eita ..

Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar: olhei para você fixametne por uns instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita. eu chamo isto de estado agudo de felicidade.

Clarice Lispector

Livro Palavras


WW02 - Criança

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Tentou num último esforço
inventar alguma coisa,
um pensamento,
que a distraísse.
Inútil.
Ela só sabia viver.

Clarice Lispector



WW01 - Negreza

inspirada na artista brasileira
Wanessa Mela


Um tributo à beleza
negra brasileira.



MU01 - Truculência

"O que você anda espalhando por ai?"


Nossa truculência

Quando penso na alegria voraz
com que comemos galinha ao molho pardo,
dou-me conta de nossa truculência.

Eu, que seria incapaz de matar uma galinha,
tanto gosto delas vivas
mexendo o pescoço feio
e procurando minhocas.

Deveríamos não comê-las e ao seu sangue?
Nunca.
Nós somos canibais,
é preciso não esquecer.

E respeitar a violência que temos.
E, quem sabe, não comêssemos a galinha ao molho pardo,
comeríamos gente com seu sangue.

Minha falta de coragem de matar uma galinha
e no entanto comê-la morta
me confunde, espanta-me,
mas aceito.

A nossa vida é truculenta:
nasce-se com sangue
e com sangue corta-se a união
que é o cordão umbilical.

E quantos morrem com sangue.
É preciso acreditar no sangue
como parte de nossa vida.

A truculência.
É amor também.

Clarice Lispector


"Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver. "