RESUMO 37 | COMUNICAÇÕES
A Teoria do Juízo de Frege a partir dos trabalhos de 1891
RODRIGUES, Ozeias F. | UNICENTRO, Brasil
Trata-se de uma investigação acerca da teoria do juízo de Frege, principalmente em seus escritos tardios. Desde 1879 em sua Begriffsschrift é notável a distinção entre juízo e conteúdo julgável, expressos respectivamente, em sua notação, pelo traço de juízo ‘I–-’ e o traço de conteúdo ‘–-’. A partir dos escritos de 1891/92 aquilo que era chamado de conteúdo se divide em sentido e referência. A respeito desta teoria semântica é interessante notar que aquilo acerca do que se julga é o sentido de uma sentença, isto é, um pensamento ou o que muitos chamam de proposição. Apesar das mudanças encontradas no decorrer da obra do filósofo, a dicotomia juízo/ aquilo sobre o que se julga – independente da nomenclatura – permanece. O primeiro objetivo de nosso trabalho é esclarecer esta distinção a partir do artigo Funktion und Begriff de 1891, além de outros escritos posteriores. Embora Frege tenha uma clara noção da diferença entre o juízo e o objeto julgado, nesse artigo parece não estar muito nítida a distinção entre o ato de julgar (interno) e o juízo expresso (externo). Compreender como se dá esta última distinção é nosso segundo objetivo, considerando as definições posteriores em Der Gedanke (1918) entre o pensar (a apreensão de um pensamento); o julgar (o reconhecimento da verdade de um pensamento) e o asserir (a manifestação do juízo). Em suma, pretendemos (I) esclarecer a distinção entre julgar/objeto julgado e (II) analisar o modo como Frege distingue o ato interno de julgar e o ato externo de expressar esse juízo. Ao que parece, o filósofo não se interessa tanto pela maneira como apreendemos determinado pensamento ou como acontece o processo interno de julgar – isto estaria, talvez, mais para a psicologia que para a lógica – mas parte do fato de que pensamos, elaboramos hipóteses e tomamos partido acerca de determinados conteúdos que podem ser verdadeiros ou falsos. Uma análise da teoria do juízo nas diferentes fases da obra de Frege – sobretudo em seus escritos de maturidade, onde parece haver uma noção mais nítida desses conceitos – é importante não apenas para mostrar as continuidades e descontinuidades de alguns aspectos de seu pensamento, como também para evidenciar as proximidades e diferenças com outras linhas de pensamento | a fenomenológica, por exemplo, além de fornecer a possibilidade de comparar as várias interpretações dessa teoria emergentes nos últimos anos.
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