RESUMO 19 | COMUNICAÇÕES
György Lukács e as origens da filosofia contemporânea
CÉSAR, VICTOR | UFJF, Brasil
O presente projeto tem a pretensão de situar a categoria de decadência ideológica de Lukács, no intuito de oferecer elementos críticos à especialização da história da filosofia, para indicar através da categoria mencionada, a conexão existente entre a força material e a construção ideológica da ordem burguesa. Com efeito, para concretizar esta tarefa, perseguirá duas etapas principais: 1) Em demonstrar que na história da filosofia burguesa há uma etapa progressista, que vai dos pensadores renascentistas a Hegel. 2) De correlacioná-la, ao momento de radical ruptura, a partir de 1830-1848, no qual se assinala a referida decadência, pelo abandono das conquistas do período anterior.
“A história da filosofia, o mesmo que a da arte e a da literatura não é – como acreditam os historiadores burgueses – simplesmente a história das ideias filosóficas ou das personalidades que as sustentam. É o desenvolvimento das forças produtivas, o desenvolvimento social, o desenvolvimento das lutas de classes, ao que apresenta problemas à filosofia e assinala a esta os caminhos para sua solução. E os contornos fundamentais e decisivos de uma filosofia, qualquer que seja não pode colocar-se de relevo senão a base do conhecimento destas forças motrizes de ordem primária.” LUKÁCS. G. “El Asalto a la Razón.” Trad. Castelhana, México, 1959. p. 3
As forças motrizes para a referida historicidade da filosofia, calcada não nos automatismos burocráticos das repartições personalistas, e sim nas forças motrizes de ordem primária, constitutivas do desenvolvimento social e do desenvolvimento das lutas de classes, ali implicadas, oferecem condições de situar o pensamento dos autores, em seu referido período, de maneira distinta da usual. E isto pela razão de que, segundo Lukács, a partir de 1848, há uma ruptura com a tradição progressista que legou a revolução de 1789. Enquanto numa primeira etapa a burguesia representava os interesses da totalidade do povo, no combate ao absolutismo-feudal, agora o proletariado surge na história como classe autônoma.