Passividade da consciência e temporalidade: acerca do estatuto do idealismo transcendental fenomenológico de Husserl
Scheila Cristiane Thomé
Sabe-se que em Ideias I Husserl define a esfera do fluxo absoluto constitutivo do tempo como sendo a esfera do “absoluto último e verdadeiro”. De fato, a partir de Sobre a fenomenologia da consciência interna do tempo (1893-1917) vê-se que a constituição passiva da temporalidade ocupa gradativamente um papel cada vez mais central no pensamento husserliano, de modo que em Manuscritos de Bernau (1929-1934) a constituição passiva do tempo é considerada como a fonte última de toda e qualquer constituição intencional da consciência, pois só há constituição ativa da consciência a partir da constituição passiva das impressões originárias, retenções e pretensões. O objetivo desta conferência será, então, o de discutir o estatuto do idealismo transcendental fenomenológico de Husserl, em especial, no seu pensamento tardio, a partir das análises husserlianas sobre a constituição passiva do tempo.