UM ESTRANGEIRO PARA O OUVINTE

Maceió, 29 de junho de 2012.

UM ESTRANGEIRO PARA QUEM ESCUTA

Como dar ouvidos a quem não se comunica? Essa é a máxima dos bons resultados na comunicação, uma necessidade à persuasão, um requisito a fazer-se entender.

A frase remonta ao ensinamento de São Paulo, em carta aos Coríntios (habitantes de Corinto, cidade das periferias de Peloponeso, na Grécia), "Porém, se desconhecer o sentido das palavras, serei um estrangeiro para quem me fala e ele será também um estrangeiro para mim" (1Cor 14,11).

A comunicação deve ser como a água: simples, transparente, suave, renovadora, purificadora e apta a produzir vida! De que adianta falar sem ser entendido? No máximo, por trás de uma suposta eloquência, transparecerá um egoísmo que não quer comunicar algo, mas a si próprio e o seu orgulho – um mostrar ser detentor de conhecimento. Isso é vaidade, vaidade das vaidades.

Por outro lado, a comunicação deve contribuir com a vida, tendência natural do ser humano. Pois o homem carrega no seu íntimo o anseio por felicidade, a qual não se alcançará produzindo morte: efeito multiplicador dos germes e deterioração do ente.

Se a comunicação não produz vida permanece sendo comunicação, enquanto se faz entender; mas gera reações que vão de encontro à felicidade do indivíduo comunicante, o que mata pouco a pouco aquele que comunica. E não pode falar aquele cujos pulmões pararam e o coração calou. Por fim, comunicação pede autoconhecimento, instrumento sem o qual não se faz análise de si e, por conseguinte, é ferramenta de gestão das palavras, é um código de arte que se faz entender no seio do ouvinte, desabrochando para um bom odor de futuro. As palavras são a semente das quais, distribuídas com virtudes, brotam novas vidas. As palavras são oportunidade de partilhar o amor.

Observe que a comunicação que não produz vida é contraditória em si mesma; pois ainda que o comunicador se faça entender ao receptor, aos poucos, sua consciência turva os olhos do seu próprio coração, fazendo-o cego à gravidade de seus atos.

Seja, pois, um próximo a quem o escuta; então, além de propiciar que ele o ouça, cumprirá o mandamento do amor, que fala mais alto que qualquer propagador de som, pois se faz entender ao coração de outrem. Ou seja, exercite a simplicidade e a coerência ao falar, antes mesmo que você abra a boca, seus exemplos falaram por você. E não correrá o risco de não comunicar, pois de que adiantariam mil páginas se delas não se compreendesse uma linha. A arte de comunicar, meu caro, é muito mais que falar, pois mesmo ao falar de simplicidade, é possível complicar e não se fazer entender.

Ame, pois, e viva o amor! E o cheiro de seus atos comunicará os anseios de seu coração.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto.

Poeta; filósofo; bacharel em Direito, pós--graduado. Missionário católico leigo. Professor do Curso de Missiologia do COMIDI-Maceió.