Foi há cerca de um ano que escrevi aqui na Voz do Povo, um artigo sobre o 25 de Abril de 1974. Fiz uma pequena reflexão sobre o “antes, o agora e o depois”. Disse também que a propósito dos trabalhadores, eram já naquela altura cerca de 500 mil os que estavam sem emprego.
Neste 1º de Maio de 2010, também acho que devo “marcar” a minha opinião, nada mais do que isso, sobre o significado desta data.
Em 1886, em Chicago nos Estados Unidos, os trabalhadores decidiram protestar contra o Patronato sobre a redução do horário de trabalho para as 8 horas diárias, entre outras reivindicações.
Cá em Portugal, logo naqueles dias de revolução (25 de Abril), foi oficializado o feriado do 1º de Maio, que até aí era reprimido e pouco divulgado ou festejado.
Desde essas datas, por esse mundo fora e por cá, que todos os anos, assistimos às manifestações dos trabalhadores, quase todas elas convocadas pelas centrais sindicais.
Dependendo sempre do ponto de vista de cada uma das partes, pois ambas defendem que o melhor é aquilo que é bom para si, no meio deverá estar o Estado/Governo que deve conciliar ambos os interesses, para que a sociedade em que vivemos seja mais justa e equilibrada.
Também não se podem esquecer os partidos políticos, que uns mais à esquerda defendem tradicionalmente os trabalhadores e outros mais à direita defendem (tradicionalmente, digo eu) mais os interesses dos patrões.
Nestes tempos difíceis que estamos a passar, cabe a todos nós fazer um esforço redobrado para conseguirmos sair deste charco lamacento em que nos encontramos.
Nos tempos de hoje, não podemos exigir um aumento salarial, não pudemos dizer que queremos trabalhar menos horas, não pudemos dizer que queremos mais dias de férias, não pudemos dizer que queremos subir de escalão de uma forma mais rápida, não pudemos dizer que amanhã não posso vir trabalhar porque tenho umas coisas para resolver, enfim temos que trabalhar, trabalhar e trabalhar mais e melhor.
Do outro lado, também não pudemos dizer que é preciso trabalhar mais para pagar menos, não pudemos despedir para a semana que vem, porque sabemos que daqui a um ano vamos facturar menos, não pudemos descontar para a segurança social um ordenado mínimo, quando tiramos da empresa quatro ou cinco ordenados mínimos, não pudemos receber lucros quando sabemos que a empresa está descapitalizada…
No meio.
No meio, não queremos que nos mintam, não queremos que continuem os “prémios” fabulosos atribuídos aos Gestores das empresas tuteladas pelo estado, não queremos ver desperdício, não queremos ver os ex-governantes a “saltar” para cargos oferecidos nas empresas públicas ou empresas que vivem à volta dos favores do estado, não queremos que nos hipotequem o nosso futuro e o dos nossos filhos…
Depois de todos nós, individualmente e colectivamente, termos feito precisamente o contrário daquilo que escrevi nestas linhas, caminhamos apressadamente para os 600 mil desempregados. São neste momento 570 mil os que vivem na incerteza de um futuro melhor.
Temos que ser realistas, havendo trabalho, temos que trabalhar com dignidade e profissionalismo pois só assim poderemos criar mais riqueza, para nós próprios, para a sociedade e para o nosso país.
Não tenho dúvida que foi esse o pensamento daqueles que em 1886 decidiram protestar…