A lua crescente

A CRIANÇA-ANJO

Eles vociferam e brigam, duvidam e desesperam-se, não conhecem nenhum fim para suas querelas.

Deixe sua vida interpor-se a eles como uma chama de luz, meu filho, constante e pura, deleitando-os ao silêncio.

São crueis em sua ganância e em sua inveja, suas palavras são como facas ocultas sedentas de sangue.

Vá, fique de pé em meio a seus corações carrancudos, meu filho, e deixe seu olhar gentil cair sobre os deles como a paz indulgente do entardecer sobre as contendas do dia.

Deixe que vejam seu rosto, meu filho, e que assim saibam o significado de todas as coisas; deixe que te amem e que assim se amem uns aos outros.

Venha tomar teu assento no coração do ilimitado, meu filho. Ao alvorecer, abra e eleve teu coração como uma flor desabrochando, e ao entardecer curve tua cabeça e em silêncio complete a adoração do dia.

(Rabindranath Tagore)