"Cápsula", de Sandra Gonçalves (RS)

Cápsula

O objetivo do ensaio fotográfico Cápsula foi/é o de dar visibilidade a trabalhos e relações de trabalho arcaicas ainda existentes no contemporâneo. Visibilizar os invisíveis de um sistema que só abre espaço para aqueles que se alinham as forças do capital como consumidores. Cápsula nasce de um desejo tornar visível a faina de trabalhadores de atividades insalubres, no caso específico de trabalhadores de carvoarias existentes no centro urbano da cidade do Rio de Janeiro. Todavia, o universo que abarca poderia estar em qualquer cidade ou país de um mundo globalizado, onde a miséria, a exploração do outro e a pobreza são os produtos por excelência gerados.

Considera-se pertinente a apresentação do Ensaio Fotográfico Documental Expressivo Cápsula pela possibilidade de dar visibilidade a uma realidade desconhecida da grande maioria e que se passa em pleno centro urbano. Realidade que se acreditava ter ficado nos séculos passados. As fantasiosas visões do futuro no passado indicavam um mundo asséptico e funcional onde todas as tarefas perigosas ou tediosas seriam desempenhadas por robôs, enquanto os seres humanos conjugariam o mínimo de trabalho com um máximo de lazer. Constata-se agora que nada disto aconteceu como previsto. Os pobres, principalmente, continuam a arriscar a vida e a deteriorar a saúde no desempenho de tarefas insalubres e desumanas. Dentre os grupos que se dedicam a estas profissões arcaicas, os carvoeiros são dos mais peculiares, pois empregam métodos obsoletos e possuem uma organização de trabalho antiquada para uma atividade que mais do que uma profissão parece ser uma servidão.

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Sandra Gonçalves (RS)

Sandra Gonçalves nasceu na cidade do Rio de Janeiro, à meia-noite de um dia de maio em um ano qualquer do século XX. Atualmente mora e trabalha em Porto Alegre, cidade do Rio Grande do Sul, Brasil. É artista visual, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Dessa forma, vive a fotografia em tempo integral. Desde os anos 2000, vem produzindo e exibindo trabalhos relacionados à fotografia. Cria imagens que vão além da referência fotográfica, ampliando seu significado original. Seu ponto de partida no processo imagético pode ser tanto a fotografia analógica quanto a digital, ambas vinculadas às reflexões sobre o ser-no-mundo em nosso contemporâneo. O Humano é o centro de minhas reflexões. Em termos técnicos, sua produção fotográfica pode ser considerada híbrida. Regularmente escreve artigos acadêmicos que refletem sobre o fotográfico.