Favelizando o turismo: uma análise da mobilização de histórias, memórias e identidades em roteiros turísticos por favelas do Rio de Janeiro.
As favelas da cidade Rio de Janeiro têm sido alvo de intensa visitação turística desde os anos 2000 e se consolidaram como atrativos turísticos oficiais da cidade. No contexto dos megaeventos (Copa de Futebol da FIFA 2014 e Jogos Olímpicos Rio 2016) os governos estimularam a comercialização turística das favelas. Consultores realizaram estudos de potencialidades e capacitaram moradores de favelas para empreenderem no turismo e políticas públicas incluíram o turismo em suas pautas. Ao mesmo tempo que se espalhou, esse turismo especializou-se e diferenciou-se. O turista passou a encontrar as mais diversas experiências em favelas, desde a gastronomia local a museus, trilhas e hospedagens. Em 2020, com a pandemia do novo coronavírus chegou-se à interrupção total, por alguns meses, em seu lugar, vieram os tours virtuais de modo a manter as iniciativas locais de turismo ativas. Passado o período de isolamento e crise sanitária em função da pandemia, o turismo em favelas foi retomado e hoje atinge patamares similares ou ainda maiores aos anteriores a pandemia. Neste sentido, este projeto busca produzir uma memória sobre o turismo em favelas, e, ao mesmo tempo, analisar como histórias, memórias e identidades de moradores engajados no turismo em favelas são roteirizadas e performadas em roteiros turísticos, além de mapear as redes formadas e mobilizadas por esses moradores para comercialização de seus roteiros. Para tanto, a pesquisa é realizada a partir de observação participante em roteiros turísticos em favelas, realização de entrevistas do tipo história de vida e história oral, bem como análise de redes sociais, jornais, sites, de modo a reunir outros documentos relevantes para a produção e registro dessas memórias e mapeamento de redes e formas de comercialização e divulgação.