As amostras biológicas como sangue, urina, fezes, líquor, secreção vaginal e uretral, entre outros, são utilizadas na prática laboratorial a fim de investigar ou acompanhar possíveis patologias. Entre os diversos tipos de amostras biológicas, o sangue é um dos materiais mais utilizados para análise em laboratórios de análises clínicas.
Para realização de análises hematológicas, bioquímicas e imunológicas, na maioria das vezes, são utilizadas amostras de sangue venoso. Essa amostra pode compreender o sangue total, ou em muitos casos esse sangue passa por procedimentos como centrifugação, com o objetivo de separar seus componentes, obtendo no final do processo plasma ou soro.
Para a obtenção deste tipo de amostra, é necessária a realização da prática de coleta de sangue. Nessa prática, destaca-se a punção venosa, um procedimento amplamente praticado por profissionais da saúde, a fim de obter uma amostra de sangue que possa ser analisada. A punção venosa compreende um procedimento complexo e que deve ser realizado com muita cautela e segurança, a fim de garantir a integridade do flebotomista e do paciente, além de obter de uma amostra biológica de qualidade.
Aproximadamente 70% dos erros relacionados a resultados de exames são cometidos durante a fase pré-analítica, a qual inclui a coleta de sangue. Durante a prática de coleta de sangue, alguns erros são comumente acometidos como: aspiração muito rápida do sangue, puxar o êmbolo da seringa várias vezes, a forma como o sangue é acondicionado no tubo, homogeneização, entre outros, podem levar a uma hemólise da amostra e, assim, a erros como a redução do número de hemácias e hematócrito, por exemplo. Problemas relacionados à proporção sangue-anticoagulante também podem levar a um resultado errôneo principalmente quando relacionado à análise de células vermelhas e brancas. Identificação da amostra, escolha do anticoagulante, escolha do calibre da agulha, entre outros fatores, também devem ser levados em conta a fim de realizar um procedimento correto de venopunção.
A técnica de coleta de sangue deve ser realizada por profissionais habilitados que tenham conhecimento sobre os fundamentos teóricos e práticos para obtenção dessas amostras. Os profissionais biomédicos/farmacêuticos são aptos à realização da coleta de sangue. De acordo com o Art.7º da Res. nº 78 de 29/04/2002, “o profissional Biomédico está apto a realizar toda e qualquer coleta de amostras biológicas”. O Conselho Federal de Farmácia, de acordo com resolução nº 464/2007 do Artigo 1º, institui que o profissional farmacêutico possui como parte de suas atividades a coleta de material biológico por meio de técnicas e instrumentações adequadas para testes e exames de Laboratório de Análises Clínicas.
Dessa forma, o objetivo da aula é mostrar para o aluno o procedimento utilizado na coleta de sangue venoso, a fim de detalhar a técnica de venopunção, através do uso de diferentes materiais/técnicas que permitam a obtenção de uma amostra de qualidade e, posteriormente, resultados fidedignos de exames. Para isso, será realizada a punção sanguínea, utilizando técnicas de coleta com agulha e seringa; escalpe e seringa; e coleta utilizando o sistema a vácuo.
Luvas descartáveis;
Jaleco de manga comprida;
Agulha 25x7 ou 27x8;
Seringa 3mL ou 5mL ou 10mL;
Escalpe 23G e 25G;
Canhão/Adaptador para coleta a vácuo;
Algodão;
Álcool;
Garrote;
Curativo;
Descarte de perfuro cortante;
Pinça;
Tubos para acondicionamento das amostras;
Estante para tubos;
Caneta para identificação;
Etiquetas de identificação;
Lixo comum;
Lixo para descarte de material biológico;
Centrífuga;
Homogeneizador hematológico;
Pia para higienização das mãos.
Lavar as mãos;
Separar os materiais (Ficha com as descrições dos exames, luvas, algodão embebido em álcool 70°, algodão seco, curativo, agulha, tubo para acondicionamento da amostra identificados com os dados do paciente, garrote, seringa, pinça, coletor de perfuro cortante);
Convidar o paciente até o local onde a coleta será realizada – sempre CHAMAR O PACIENTE PELO NOME COMPLETO e usar de muita educação nesse momento, como: “Bom dia”, “Por favor”, “Por gentiliza”; conferir os dados do paciente como: nome completo, data de nascimento, CPF etc. Em caso de pacientes internados, conferir as informações na pulseira de identificação e prontuário.
Explicar ao paciente ou responsável o procedimento que será realizado;
Colocar as luvas (sempre na frente do paciente);
Acomodar o paciente em uma posição confortável, de modo que seu braço fique com o cotovelo apoiado sobre uma superfície e a palma da mão voltada para cima;
Verificar e escolher o vaso a ser puncionado: Colocar o torniquete aproximadamente 10 cm acima da região contendo os vasos que possam ser puncionados e com o dedo indicador sentir e identificar os vasos;
Obs: Dar preferência às veias da região da fossa cubital/antecubital (área anterior do braço em frente e abaixo do cotovelo): veia cefálica, basílica e mediana. Caso o acesso nessa região esteja difícil, optar por vasos no dorso das mãos;
Soltar o torniquete após a escolha do vaso e aguardar aproximadamente 2 minutos para utilizá-lo novamente;
Abrir seringa e agulha e conectá-las (sempre na frente do paciente). Não tirar a capa protetora da agulha;
Realizar a punção:
Colocar novamente o torniquete aproximadamente 10 cm acima da região contendo a veia que será puncionada. Sentir o vaso com o dedo indicador;
Realizar a antissepsia do local com algodão e álcool 70° em movimento circular iniciando do centro para a periferia. A introdução da agulha só poderá ser realizada após a secagem completa do álcool; após a antissepsia, o local não deverá ser mais tocado;
Remover a capa de proteção da agulha;
Segurar a seringa com firmeza, apoiando quatro dedos abaixo e o dedão acima do corpo da seringa;
Distender a pele do paciente com a mão que não está segurando a seringa;
Introduzir a agulha na pele do paciente com o bisel voltado para cima, formando um ângulo de aproximadamente 30° entre o braço e a agulha;
Soltar o torniquete após o sangue começar a fluir na seringa. A interrupção do fluxo sanguíneo provocada pelo torniquete não deve ultrapassar 1 minuto;
Aspirar a amostra até atingir o volume necessário;
Pegar o algodão seco e colocar sobre a agulha, sem apertar;
Retirar a agulha;
Pressionar o algodão no local da coleta;
Pedir para o paciente pressionar o local da punção por um tempo entre 3–5 minutos aproximadamente;
11. Remover a agulha da seringa com auxílio de uma pinça (Com cuidado!). Caso haja na agulha o dispositivo de segurança, acioná-lo nesse momento; descartar em coletor de perfuro cortante;
12. Abrir o tubo e desprezar o sangue coletado devagar pela parede do tubo: Respeitar a sequência de ordem de tubos e a proporção sangue-anticoagulante;
13. Tampar e Homogeneizar o tubo aproximadamente 8-13 vezes por inversão;
14. Mostrar a identificação do tubo ao paciente e pedir para que ele confira a identificação;
15. Colocar o curativo no local puncionado;
16. Organizar a bancada;
17. Encaminhar as amostras para a triagem;
18. Remover e descartar as luvas;
19. Lavar as mãos;
20. Encaminhar o paciente ao café.
Lavar as mãos;
Separar os materiais (Ficha com as descrições dos exames, luvas, algodão embebido em álcool 70°, algodão seco, curativo, escalpe, tubo para acondicionamento da amostra identificados com os dados do paciente, garrote, seringa, pinça, coletor de perfuro cortante);
Convidar o paciente até o local onde a coleta será realizada – sempre CHAMAR O PACIENTE PELO NOME COMPLETO e usar de muita educação nesse momento, como: “Bom dia”, “Por favor”, “Por gentiliza”; conferir os dados do paciente como: nome completo, data de nascimento, CPF etc. Em caso de pacientes internados, conferir as informações na pulseira de identificação e prontuário;
Explicar ao paciente ou responsável o procedimento que será realizado;
Colocar as luvas (sempre na frente do paciente);
Acomodar o paciente em uma posição confortável, de modo que seu braço fique com o cotovelo apoiado sobre uma superfície e a palma da mão voltada para cima;
Verificar e escolher o vaso a ser puncionado: Colocar o torniquete aproximadamente 10 cm acima da região contendo os vasos que possam ser puncionados e com o dedo indicador sentir e identificar os vasos;
Obs: Dar preferência às veias da região da fossa cubital/antecubital (área anterior do braço em frente e abaixo do cotovelo): veia cefálica, basílica e mediana. Caso o acesso nessa região esteja difícil, optar por vasos no dorso das mãos;
Soltar o torniquete após a escolha do vaso e aguardar aproximadamente 2 minutos para utilizá-lo novamente;
Abrir seringa e escalpe (sempre na frente do paciente) e conectá-los. Não tirar a capa protetora da agulha;
Realizar a punção:
Colocar o torniquete aproximadamente 10 cm acima da região contendo a veia que será puncionada. Sentir o vaso com o dedo indicador;
Realizar a antissepsia do local com algodão e álcool 70° em movimento circular iniciando do centro para a periferia. A introdução da agulha só poderá ser realizada após a secagem completa do álcool; após a antissepsia, o local não deverá ser mais tocado;
Remover a capa de proteção da agulha;
Segurar o escalpe pelas asas de empunhadura com firmeza;
Distender a pele do paciente com a mão que não está segurando o escalpe;
Introduzir a agulha na pele do paciente com o bisel voltado para cima, formando um ângulo de aproximadamente 30° entre o braço e a agulha;
Aspirar o sangue com a mão oposta que está segurando o escalpe. Você pode apoiar a seringa sobre uma superfície;
Soltar o torniquete após o sangue começar a fluir no tubo extensor do escalpe. A interrupção do fluxo sanguíneo provocada pelo torniquete não deve ultrapassar 1 minuto;
Aspirar a amostra até atingir o volume necessário;
Pegar o algodão seco e colocar sobre a agulha, sem apertar;
Retirar o escalpe;
Pressionar o algodão no local da coleta;
Pedir para o paciente pressionar o local da punção por um tempo de 3–5 minutos aproximadamente;
Remover o escalpe da seringa com auxílio de uma pinça (Com cuidado!), caso haja no escalpe dispositivo de segurança, acioná-lo nesse momento; descartar em coletor de perfuro cortante;
Abrir o tubo e desprezar o sangue coletado devagar pela parede do tubo: Respeitar a sequência de ordem de tubos e a proporção sangue-anticoagulante;
Tampar e Homogeneizar o tubo aproximadamente 8-13 vezes por inversão;
Mostrar a identificação do tubo ao paciente e pedir para que ele confira a identificação;
Colocar o curativo no local puncionado;
Organizar a bancada;
Encaminhar as amostras para a triagem;
Remover e descartar as luvas;
Lavar as mãos;
Encaminhar o paciente ao café.
Lavar as mãos;
Separar os materiais (Ficha com as descrições dos exames, luvas, algodão embebido em álcool 70°, algodão seco, curativo, agulha para coleta a vácuo, tubo para acondicionamento da amostra identificados com os dados do paciente, garrote, canhão, pinça, coletor de perfuro cortante);
Convidar o paciente até o local onde a coleta será realizada – sempre CHAMAR O PACIENTE PELO NOME COMPLETO e usar de muita educação nesse momento como: “Bom dia”, “Por favor”, “Por gentiliza”; conferir os dados do paciente, como: nome completo e data de nascimento. Em caso de pacientes internados, conferir as informações na pulseira de identificação e prontuário.
Explicar ao paciente ou responsável, o procedimento que será realizado;
Colocar as luvas (sempre na frente do paciente);
Acomodar o paciente em uma posição confortável, de modo que seu braço fique com o cotovelo apoiado sobre uma superfície e a palma da mão voltada para cima;
Verificar e escolher o vaso a ser puncionado: Colocar o torniquete aproximadamente 10 cm acima da região contendo os vasos que possam ser puncionados e com o dedo indicador sentir e identificar os vasos;
Obs: Dar preferência às veias da região da fossa cubital/antecubital (área anterior do braço em frente e abaixo do cotovelo): veia cefálica, basílica e mediana. Caso o acesso nessa região esteja difícil, optar por vasos no dorso das mãos;
Soltar o torniquete após a escolha do vaso e aguardar aproximadamente 2 minutos para utilizá-lo novamente;
Conectar a agulha no canhão de coleta a vácuo (sempre na frente do paciente) e NÃO tirar a capa protetora da agulha;
Realizar a punção:
Colocar o torniquete aproximadamente 10 cm acima da região contendo a veia que será puncionada. Sentir o vaso com o dedo indicador;
Realizar a antissepsia do local com algodão e álcool 70° em movimento circular iniciando do centro para a periferia. A introdução da agulha só poderá ser realizada após a secagem completa do álcool; após a antissepsia, o local não deverá ser mais tocado;
Remover a capa de proteção da agulha;
Segurar o canhão com firmeza, apoiando quatro dedos abaixo e o dedão acima do corpo da seringa;
Distender a pele do paciente com a mão que não está segurando a seringa;
Introduzir a agulha na pele do paciente com o bisel voltado para cima, formando um ângulo de aproximadamente 30° entre o braço e a agulha;
Conectar o tubo para a coleta de sangue na parte interna do canhão;
Soltar o torniquete após o sangue começar a fluir no tubo. A interrupção do fluxo sanguíneo provocada pelo torniquete não deve ultrapassar 1 minuto;
Aguardar até o tubo atingir o volume necessário de sangue;
Retirar o primeiro tubo conectado, homogeneizá-lo de 8-13 inversões e conectar o próximo tubo (se necessário). Realizar esse procedimento quantas vezes for preciso, até a obtenção das amostras em diversos tubos. Lembre-se que deverá ser respeitada a ordem dos tubos a serem conectados no sistema de coleta a vácuo, de acordo com o tipo de aditivo de cada um;
Retirar o tubo conectado na agulha;
Pegar o algodão seco e colocar sobre a agulha, sem apertar;
Retirar a agulha do braço do paciente;
Pressionar o algodão no local da coleta;
Pedir para o paciente pressionar o local da punção por um tempo de 3–5 minutos aproximadamente;
Remover a agulha do canhão com auxílio de uma pinça (Com cuidado!), caso haja na agulha o dispositivo de segurança, acioná-lo nesse momento; descartar em coletor de perfuro cortante;
Mostrar a identificação do tubo ao paciente e pedir para que ele confira a identificação;
Colocar o curativo no local puncionado;
Organizar a bancada;
Encaminhar as amostras para a triagem;
Remover e descartar as luvas;
Lavar as mãos;
Encaminhar o paciente ao café.
Figura 1 - Vasos sanguíneos que devem ser puncionados para a obtenção de sangue venoso
Fonte: Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (2010, [s.p.]).
Em 1(a), é possível observar os vasos sanguíneos que podem ser localizados na fossa cubital/antecubital e, em 1(b), os vasos sanguíneos encontrados no dorso da mão.
Figura 2 - Homogeneização da amostra após a punção
Fonte: Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (2010, [s.p.]).
Procedimento de inversão dos tubos durante o processo de homogeneização da amostra ao aditivo. Os tubos devem ser invertidos para baixo e após deve retornar à posição inicial para contar uma inversão.
Figura 3 - Identificação correta dos tubos
Fonte: a autora.
A etiqueta com os dados de identificação do paciente deve sempre ser colocada na vertical (tubo da esquerda), de forma que não atrapalhe a observação da amostra contida no tubo, bem como a marca que indica a proporção sangue-anticoagulante. Etiquetas coladas na horizontal (tubo da direita) devem ser evitadas.
Figura 4 - Hemólise decorrente a erros de coleta
Fonte: a autora.
Tubos após a centrifugação, mostrando vários graus de hemólise decorrentes a erros ocorridos durante a obtenção da amostra.
Para melhor fixação do conteúdo teórico sobre a prática de coleta de sangue, recomenda-se a leitura do material abaixo:
1) Apresente 5 erros que podem ocorrer durante a coleta de sangue venoso, que possa levar à hemólise da amostra.
1) Segue abaixo alguns erros que podem acontecer durante a prática de coleta de sangue, que levam à hemólise da amostra.
Inserir a agulha na pele do paciente logo após a antissepsia, de modo que a pele ainda esteja molhada com álcool.
Realizar a coleta de sangue em áreas com hematoma.
Utilizar agulha de calibre muito pequeno.
Deixar a agulha frouxamente conectada a seringa/escalpe, de modo que forme espuma dentro da seringa ao aspirar o sangue.
Puxar o êmbolo da seringa muito rápido.
Puxar e soltar o êmbolo da seringa várias vezes.
Desprezar o sangue no tubo com a agulha ainda conectada na seringa e realizar esse procedimento de forma rápida.
Homogeneizar de forma rápida o tubo contendo a amostra.
Não manter com rigor a proporção sangue-anticoagulante.
CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA. Resolução nº 78, de 29 de abril de 2002. Dispõe sobre o Ato Profissional Biomédico, fixa o campo de atividade do Biomédico e cria normas de Responsabilidade Técnica. Disponível em: https://crbm1.gov.br/RESOLUCOES/Res_78de29abril2002.pdf. Acesso em: 25 out. 2022.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução CFF nº 464 de 23/07/2007. Dispõe sobre a inscrição, o registro, o cancelamento de inscrição e a averbação no Conselho Regional de Farmácia, e dá outras providências. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=106426. Acesso em: 25 out. 2022.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº 485 de 21 de agosto de 2008. Dispõe sobre o Âmbito Profissional de Técnico de Laboratório de Nível Médio em Análises Clínicas. Disponível em: https://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/485.pdf. Acesso em: 25 out. 2022.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para coleta de sangue venoso. 2. ed. Barueri: Minha Editora, 2010.