O objetivo desta aula é conhecer os princípios básicos da coleta de amostras biológicas, em especial, as do sangue e, por meio desta prática, saber como deve ser feita a Biossegurança dos profissionais que são responsáveis pelo procedimento.
A coleta de amostras biológicas é fator imprescindível à rotina laboratorial e, para que seja feita na sua integralidade, a Biossegurança deve ser observada, desse modo, a aula tem como objetivo a aplicação dos dois conceitos, de forma integrada, na qual o(a) aluno(a) poderá, assim, observar a importância do conteúdo.
A fase pré-analítica para exames laboratoriais é de muita importância para todas as pessoas envolvidas no atendimento aos pacientes e, quando realizada de forma inadequada, pode comprometer os resultados. É importante a identificação adequada do paciente e dos recipientes nos quais será colocada a amostra. Deve-se estabelecer um vínculo seguro e indissolúvel entre o paciente e o material colhido, para que, no final, seja garantida a rastreabilidade de todo o processo. Ao iniciar os trabalhos, o técnico precisa ter todas as condições para a boa coleta, organizar o material de acordo com a amostra a ser coletada, portar os seus Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, ter os seus Equipamentos de Proteção Coletiva – EPCs à disposição, conferir todos os dados da requisição e preparar a identificação da amostra.
Luvas.
Agulha e seringa descartáveis.
Adaptador e seringa descartáveis.
Tubo a vácuo.
Algodão hidrófilo e álcool 70%.
Interruptor adesivo com algodão.
Garrote.
Cadeira reta com braçadeira regulável ou maca.
Etiquetas e canetas esferográficas para identificação de amostras.
Descarte com parede rígida.
EPIs: avental, máscara, luvas descartáveis.
Limpeza da bancada de trabalho: antes e após a coleta propriamente dita, é fundamental a limpeza da bancada com álcool 70%. Quando houver derramamento de material biológico, limpar, imediatamente, com solução de hipoclorito a 2% em preparação diária.
Descarte de material contaminado e perfurocortante: materiais como seringas, tubos de coleta ou quebrados contendo ou não sangue/soro, devem ser desprezados em recipientes de paredes rígidas com tampa (latas de leite em pó ou similares podem ser utilizadas) e sinalizadas como infectante. Materiais como papéis, luvas, gaze, algodão e outros devem ser recolhidos em lixeiras com tampa e pedal, contendo saco para lixo específico a material infectante (cor branca leitosa).
A Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32) “tem como finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral” (BRASIL, 2005, [s. p.]).
Pontos importantes da norma:
O uso das luvas não substitui o ato de lavar as mãos que deve ser feito após cada manipulação com as amostras.
Toda amostra deve ser tratada como, potencialmente, patogênica.
É proibido comer, beber, fumar e aplicar cosméticos nas áreas de trabalho.
As roupas de proteção devem ser utilizados no interior do laboratório, não sendo permitida a circulação com elas em áreas externas.
Cuidado para evitar a formação de aerossóis (uso incorreto de centrífugas, homogeneizadores, agitadores, agitação, flambagem de alças de platina).
Não é permitida a entrada de pessoas estranhas no laboratório.
As bancadas do laboratório devem ser impermeáveis e resistentes a ácidos, solventes e calor.
A limpeza da bancada de trabalho deve ser feita com álcool a 70% no início e no término das atividades ou sempre que houver necessidade.
Quando houver derramamento de material biológico, limpar, imediatamente, com solução de hipoclorito a 2% em preparação diária.
Em 2010, a Organização Mundial de Saúde (WHO) formulou as Diretrizes de Boas Práticas em Flebotomia, sendo elas:
Posicionamento do braço: o braço do paciente deve ser posicionado em uma linha reta do ombro ao punho, de maneira que as veias fiquem mais acessíveis, e o paciente, o mais confortável possível. O cotovelo não deve estar dobrado, a palma da mão precisa estar voltada para cima.
Garroteamento: o garrote é utilizado durante a coleta de sangue para facilitar a localização das veias, tornando-as proeminentes. Deve ser colocado no braço do paciente próximo ao local da punção (de quatro a cinco dedos ou 10 cm acima do local de punção), sendo que o fluxo arterial não poderá ser interrompido (para tal, basta verificar a pulsação do paciente). Mesmo garroteado, o pulso deverá continuar palpável. O garrote não deve ser deixado no braço do paciente por mais de um minuto, precisa ser retirado ou afrouxado logo após a punção venosa, pois o garroteamento prolongado pode acarretar alterações nas análises.
Seleção da região de punção: a regra básica para a punção bem-sucedida é examinar, cuidadosamente, o braço do paciente. As características individuais de cada um poderão ser reconhecidas por meio de exame visual e/ou apalpação das veias. Sempre que uma punção venosa for realizada, é necessário escolher as veias do braço para a mão, pois, nesse sentido, encontram-se as veias de maior calibre e em locais menos sensíveis à dor.
Assepsia: fazer assepsia do local da punção venosa com algodão embebido em álcool 70%. Primeiro, do centro do local de perfuração para fora, em sentido espiral, depois, de baixo para cima, forçando a vascularização local.
Conectá-la ao adaptador.
Ter certeza de que a agulha esteja firme, para assegurar que ele não solte durante o uso.
Remover a capa superior da agulha múltipla, mantendo o bisel voltado para cima.
Colocar o garrote.
O sistema agulha-adaptador deve ser apoiado na palma da mão e segurado, firmemente, entre o indicador e o polegar.
No ato da punção, com o indicador ou o polegar de uma das mãos, esticar a pele do paciente, firmando a veia escolhida. Com o sistema agulha-adaptador na outra mão, puncionar a veia, com precisão e rapidez.
O sistema agulha-adaptador deve estar em um ângulo de coleta de 15º em relação ao braço do paciente.
Segurando, firmemente, o sistema agulha-adaptador com uma das mãos, com a outra, pegar o tubo de coleta a ser utilizado e conectá-lo ao adaptador.
Tão logo o sangue flua para dentro do tubo coletor, o garrote deve ser retirado. Porém, se a veia for muito fina, o garrote poderá ser mantido. Quando o tubo estiver cheio e o fluxo sanguíneo cessar, remova-o do adaptador, trocando-o pelo seguinte.
Acoplar o tubo subsequente em ordem específica a cada um dos exames solicitados, sempre seguindo a sequência correta de coleta.
Com uma mecha de algodão, exercer pressão sobre o local da punção, sem dobrar o braço, até parar de sangrar. Uma vez estancado o sangramento, aplicar um curativo.
Quando fizermos a coleta de sangue utilizando uma seringa e agulha, é importante que sigamos, atentamente, este passo a passo:
Coloque a agulha na ponta da seringa, sem retirar dela a sua capa protetora. Tome cuidado para não tocar na parte inferior da agulha e a manuseie, apenas, pela capa.
Pressione o êmbolo da seringa, retirando dela todo o ar.
Coloque o garrote no braço do seu paciente e peça que ele feche a mão.
Escolha, delicadamente, a veia que será puncionada.
Faça a assepsia da pele, utilizando álcool 70% e algodão e não toque mais no local que foi limpo.
Retire a capa da agulha, peça que o paciente abra a mão e faça, rápida e cuidadosamente, a punção da veia.
Solte o garrote tão logo o sangue flua pela seringa.
Retire 10 ml de sangue em adultos. Em crianças, no máximo, 5 ml.
Retire, então, a agulha da seringa e coloque-a em uma embalagem apropriada para perfurantes.
Pressione, delicadamente, o local da punção, depois, peça que o paciente repita o movimento com a mesma pressão.
Coloque, então, o sangue da seringa no tubo apropriado para a sua amostra.
Descarte, também, a seringa em local apropriado.
Diretrizes da OMS para a Tiragem de Sangue: Boas Práticas em Flebotomia
1) Observando que a coleta de sangue é uma etapa imprescindível nos exames clínicos, responda:
a) Cite os pontos críticos na coleta propriamente dita.
b) Determine os principais pontos de Biossegurança a serem observados na coleta de sangue.
c) Aponte soluções para minimizar os pontos, anteriormente, abordados.
1) Os pontos críticos na coleta de sangue ocorrem na manipulação do material biológico após a coleta e, também, na manipulação dos perfurocortantes com material contaminante. Este, talvez, seja o principal ponto crítico da coleta.
Os itens abordados devem ser minimizados com o objetivo de manutenção da integridade do profissional. Desse modo, deve-se, sempre, capacitar o profissional a manipular todo e qualquer material com risco biológico ou perfurocortante desde a origem até o descarte. Assim os principais pontos de Biossegurança a serem observados são:
Manipulação de material biológico.
Descarte de material biológico e perfurocortante.
Para melhor compreensão, um mapa de risco poderia ser elaborado, como forma de orientação dos profissionais que atuam no laboratório bem como treinamentos contínuos para manipulação de coleta e Biossegurança.
BRASIL. Norma Regulamentadora nº 32, de 11 de novembro de 2005. Estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Brasília, DF: MTE, 2005. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-32.pdf. Acesso em: 24 out. 2022.
WHO. OMS/SIGN: Jogo de ferramentas para segurança das injeções e procedimentos correlatos. Genebra: WHO, 2010.