A identificar as características ósseas palpáveis das regiões do quadril, do joelho, do tornozelo e do pé;
A identificar as características articulares e musculares das regiões do quadril, do joelho, do tornozelo e do pé;
A conhecer as principais abordagens palpatórias das regiões do quadril, do joelho, do tornozelo e do pé.
A região do quadril possui inúmeras funções, como a transmissão de forças vindas da cabeça, dos membros superiores e do tronco para as seções inferiores, assim como proteção e suporte de órgãos abdominais. Está envolvida com os princípios da locomoção bípede e com a arquitetura do membro inferior. Ela forma uma conexão entre os membros inferiores e o tronco, sendo que a energia dos movimentos é absorvida e transmitida pelas seções dos membros inferiores para o quadril e deste para a coluna vertebral.
Os geradores de dor na região do quadril podem advir de vários elementos, como cápsulas, ossos subcondrais, lábios do acetábulo, inserções musculares, tendões, bursas e nervos periféricos. Uma complicação adicional é o fato de que geradores de dor próximos ao tronco também podem transmitir sintomas como dor referida para as coxas e pernas e isso pode estender a área em que a dor é percebida. Veja aqui, mais uma vez, a importância do conhecimento do profissional para uma avaliação diagnóstica responsável.
A articulação do joelho é a maior e a mais complexa articulação do corpo. Ela conecta os ossos longos uns aos outros, tem a maior cavidade articular, o maior osso sesamóide e a maior cápsula. Terapeutas lidam com essa articulação diariamente, seja por tratamento pós-traumático, pós-operatório, reabilitação ou vários outros acometimentos. A palpação, combinada com a anamnese e com diagnósticos sistemáticos, são de extrema importância para a identificação da localização e da causa dos sintomas.
A região dos pés absorve e amortece os choques e distribui o peso do corpo sobre uma grande superfície. O princípio básico da absorção de choque envolve todo o membro inferior e a coluna vertebral. A absorção dos impactos se deve pela construção da planta do pé, que é em forma de um arco flexível. Os pés, como componentes dos membros inferiores, também são responsáveis pela locomoção no ciclo da marcha. Os pés estabelecem contato, suportam o peso corporal e se adaptam a superfícies irregulares, fornecendo uma base de suporte estável e também propulsão para o deslocamento. Devemos também mencionar aqui a função sensorial dos pés, relacionada à captação das informações sensitivas com seus mecanorreceptores nas articulações, ligamentos e na planta dos pés, contribuindo para a coordenação, para a propriocepção e para o equilíbrio corporal.
Este capítulo aborda as técnicas palpatórias do membro inferior, que incluem região do quadril, da coxa, do joelho, do tornozelo e do pé.
Devido ao grande volume de componentes ósseos, articulares, musculares e nervosos da região dos membros inferiores, muitas abordagens palpatórias não serão incluídas neste capítulo. É importante salientar que as regiões sacral e coccígea foram abordadas no capítulo sobre coluna vertebral.
Antes de começarmos, é muito importante ressaltar que você deve revisar a anatomia dos elementos ósseos, articulares, musculares e nervosos do membro inferior, incluindo as inserções e as ações musculares e também os movimentos articulares (Figura 1). As características ósseas precisam ser bem estudadas (Figura 2 e 3), pois além de serem objetivos de palpação, também servem como referências para a identificação de ligamentos, músculos, nervos e vasos sanguíneos.
Figura 1: Exemplo de abordagem palpatória usando a resistência a movimentos executados pelo paciente para a identificação de elementos ligamentares e musculares.
Fonte: adaptado de CAEL, 2013.
Figura 2: Componentes ósseos da pelve, da coxa e da perna proximal; (a) Vista anterior; (b) Vista posterior.
Fonte: adaptado de CAEL, 2013.
Figura 3: (a) Vista lateral do pé: ligamento talofibular posterior (1), maléolo lateral (2), ligamento talofibular anterior (3), tróclea do tálus (4), cabeça do tálus e linha transversa da articulação do tarso (em laranja) (5), cuneiforme medial (6), 7 linha da articulação tarsometatársica (em laranja) (7), navicular (8), cuneiforme intermédio (9), ligamento calcaneofibular (1), cuneiforme lateral (11), 1º metatarso (12), falanges do primeiro metatarso (13), tróclea fibular (14), cubóide (15), tuberosidade do calcâneo (16), tuberosidade do 5º metatarso (17). Os ligamentos 1, 3 e 10 coletivamente formam o ligamento colateral lateral; (b) Vista medial do pé: maléolo medial (1), ligamento tibiotalar anterior (2), ligamento tibiotalar posterior (3), linha transversa da articulação do tarso (laranja) (4), cabeça do tálus (5), linha da articulação do tarso (laranja) (6), ligamento tibionavicular (7), ligamento tibiocalcâneo (8), processo posterior do tálus (9), cuneiforme medial (10), tuberosidade navicular (11), ligamento calcaneonavicular (12), sustentáculo do tálus (13), calcâneo (14), articulação metatarsofalangeana (15), articulação interfalangeana (16). Os ligamentos 2, 3, 7 e 8 coletivamente formam o ligamento colateral medial (ligamento deltóide).
É possível palpar os seguintes elementos ósseos da região posterior do osso do quadril: cristas ilíacas, espinha ilíaca póstero-superior, espinha ilíaca posteroinferior, incisura isquiática maior, espinha isquiática, tuberosidade isquiática, ramo isquiopúbico.
Saliência óssea (Figura 2b) que está relacionada com os músculos adutor magno, isquiotibiais e quadrado femoral. É referência para a palpação dos músculos obturador externo e adutor longo, do ligamento sacrotuberal, do nervo cutâneo femoral posterior, do nervo isquiático (ciático) e dos nervos clúneos inferiores. Relatos de dores na borda inferior da tuberosidade isquiática podem estar relacionadas à síndrome dos isquiotibiais ou do acometimento dos nervos clúneos inferiores. O paciente em decúbito ventral, colchão sob o quadril e você em pé, ao lado dele. Palpe a região glútea superior e acompanhe com os dedos a massa glútea, no sentido caudal, até a borda inferior do músculo glúteo. Aprofunde ao máximo a palpação com os polegares até sentir uma saliência convexa, que é a tuberosidade isquiática.
Nessa região, é possível palpar a crista ilíaca, a espinha ilíaca anterosuperior, o tubérculo do glúteo médio e o tubérculo púbico (Figura 2).
Paciente em pé e você atrás ou ao lado dele. Inicie a palpação pela porção mais superior da crista ilíaca e desloque os dedos ventralmente até encontrar a EIAS (Figura 4).
Estão relacionados à loja adutora da coxa: pectíneo e adutor longo; ao reto abdominal e ao piramidal; ao ligamento inguinal, aos nervos ílio-hipogástrico, iliogenital, genitofemoral e obturador. O pulso da artéria femoral pode ser localizado por uma linha imaginária entre o tubérculo púbico e a EIAS e inferiormente ao ponto médio dessa linha essa artéria pode ser palpada. As pubalgias podem ter diferentes causas e uma delas é a disfunção de mobilidade do próprio púbis, podendo gerar dor intensa no púbis e na região dos tendões proximais dos músculos adutores da coxa. O paciente fica em decúbito dorsal e você em pé. Use a polpa dos dedos para palpar o músculo reto do abdome; desça os dedos em direção à sínfise púbica até encontrar uma superfície rígida, achatada e transversal, que é a borda superior da sínfise púbica (ou ramo superior do púbis). Para palpar os tubérculos púbicos, que são arredondados e pontiagudos, siga palpando para as laterais, até que possa perceber uma mudança de direção da parte óssea, que passará a se inclinar para o alto.
Figura 4: Palpação da espinha ilíaca anterosuperior; (b) e (c) Palpação do ramo superior do púbis.
Fonte: adaptado de JUNQUEIRA, 2018.
Nessa região, é possível palpar o trocanter maior, a cabeça do fêmur e o trocanter menor.
Está relacionado aos músculos glúteo médio, glúteo mínimo, piriforme, obturador externo, obturador interno, gêmeo superior, gêmeo inferior, vasto lateral e ao ligamento iliofemoral. É referência para a localização do nervo ciático (ponto médio de uma linha imaginária, horizontal, entre o trocanter maior e a tuberosidade isquiática). A região trocanteriana é comum em relatos de dor, cujo diagnóstico pode ser “bursite trocanteriana” ou acometimento do tendão do músculo glúteo médio e do tendão proximal do músculo tensor da fáscia lata. Dores nessa região, acompanhadas de diminuição da rotação medial da coxofemoral, com rigidez também podem indicar artrose coxofemoral. Paciente em pé e você atrás ou ao lado dele. Observe uma depressão formada pelo relevo dos músculos glúteos médio e mínimo a três dedos transversos, sob a crista ilíaca (essa depressão delimita a borda superior do trocanter maior). Palpe mais profundamente essa depressão e sentirá uma resistência rígida, que é a borda superior do trocanter maior.
Vamos agrupar os músculos palpáveis do quadril e da coxa da seguinte forma: músculos da região posterior (glútea); músculos da região anterolateral (região inguinal lateral); músculos da região anterior (região inguinal anterior); músculos da região anteromedial (região inguinal medial); músculos da região anteromedial (região inguinal medial). Dividimos a região inguinal em três regiões (lateral, anterior e medial), conforme as origens musculares, para facilitar a dinâmica palpatória.
São os músculos: glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo, piriforme, gêmeo superior, obturador interno, gêmeo inferior, obturador externo, quadrado femoral, isquiotibiais (bíceps femoral, semimembranoso, semitendíneo).
O paciente em decúbito ventral, com o joelho flexionado e você em pé ao lado dele (Figura 5). Identifique a margem lateral do sacro com a polpa de seus dedos e siga no sentido lateral e distal, em direção ao trocanter maior. Continue a palpação seguindo as fibras musculares à medida que convergem para se inserirem no trato iliotibial. Resista ao movimento de extensão do quadril para se certificar.
Tem relação anatômica com os músculos glúteo máximo e mínimo, tensor da fáscia lata, piriforme, com a aponeurose glútea e com a bolsa serosa subglútea. A palpação do tendão do glúteo médio é usada no diagnóstico diferencial em relação à bursite trocanteriana. Será bursite ou tendão inflamado? É possível, por meio da palpação, diferenciar o tendão espessado (inflamado) de uma bursite: as bolsas serosas que não estão inflamadas normalmente não são percebidas à palpação; quando inflamadas, aí sim, a sensação palpatória é a de se estar palpando um volume de consistência mole, que flutua e se desloca de um lado para o outro quando pressionado, principalmente as bursas entre ou sob tendões. Caso seja realmente uma bursite, a flexão e a rotação lateral máximas passivas da articulação coxofemoral também podem gerar dor espontânea e difusa, na região do trocanter maior, que se estende para a face lateral da coxa. O paciente em pé e o terapeuta também em pé, ao lado dele. O terapeuta coloca o polegar sobre o tubérculo do glúteo médio; o 5o dedo, sobre a borda superior do trocânter maior; e os 4o, 3o e 2o dedos cairão entre os dedos anteriores. O terapeuta pede ao paciente para realizar a abdução da coxo-femoral. Nesse momento, os 4o, 3o e 2o dedos sentirão a contração do glúteo médio.
ILUSTRADOR: ilustrar a imagem conforme o modelo.
Superficiais: bíceps femoral (porção longa) e semitendíneo (Figura 7). Profundos: bíceps femoral (porção curta) e semimembranoso. A tendinite dos tendões proximais dos músculos isquiotibiais é bastante comum, em atletas: ciclistas, corredores, tenistas e outros cujos esportes exijam da musculatura extensora da articulação coxofemoral.
Paciente em decúbito decúbito ventral e você em pé, ao lado dele (Figura 7). Coloque a polpa dos dedos de sua mão cefálica inferiormente à tuberosidade isquiática. Posicione a sua mão caudal na região posterior da coxa do paciente em seu terço distal e resista à extensão de CF. As polpas dos dedos da mão cefálica perceberão a tensão do semitendíneo.
Figura 7: (a) Palpação do tendão comum de origem do bíceps femoral e do semitendíneo; (b) Palpação do tendão do semitendíneo; (c) Vista posterior da coxa direita; músculo grácil (1), músculo semimembranoso (2), músculo semitendíneo (3), tendão do músculo bíceps femoral (4), cabeça curta do bíceps femoral (5), cabeça longa do músculo bíceps femoral (6).
Fonte: REICHERT, 2013; JUNQUEIRA, 2018.
São os músculos tensor da fáscia lata, sartório e reto femoral. A região inguinal lateral apresenta os seguintes limites anatômicos: medialmente, o músculo sartório; lateralmente, o músculo tensor da fáscia lata. Esses músculos formam uma região de formato triangular, com ápice cranial, com o músculo reto femoral, que se origina da EIAI, contido nesse triângulo.
O paciente em decúbito dorsal com o quadril em leve flexão e rotação medial e você de pé ao lado dele. Resista com a sua mão caudal no pé homolateral à abdução do quadril. Nessa posição, o músculo é contraído e você pode senti-lo na sua mão cefálica, entre a espinha ilíaca anterosuperior e a margem anterior do trocanter maior, à frente do músculo glúteo médio.
Os fascículos musculares provenientes do glúteo máximo e do tensor da fáscia lata se unem e formam o trato iliotibial. O ramo anterior do nervo cutâneo lateral da coxa situa-se próximo à borda anterior do trato iliotibial e é responsável pela inervação da pele da região anterolateral da coxa. É frequente o acometimento do trato iliotibial (tendinite), sobretudo em corredores de longa distância. O paciente fica em decúbito lateral e você em pé. Resista com a sua mão caudal no tornozelo do paciente à flexão, abdução e rotação medial da articulação coxofemoral. Com o polegar e o indicador de sua mão cefálica, palpe as bordas anterior e posterior do trato iliotibial, na face lateral da coxa do paciente.
São os músculos psoas maior e ilíaco.
São os músculos pectíneo, adutor longo, grácil, adutor curto e adutor magno.
Paciente em decúbito dorsal, joelho flexionado com o pé apoiado na maca e você em pé, ao lado dele. Resista à adução da articulação coxofemoral com a sua mão caudal localizada na face medial do joelho do paciente. O grupo adutor ficará bem saliente na face medial da coxa do paciente; poderá ser palpado com a mão cefálica do terapeuta.
Figura 9: (a) Palpação do músculo adutor longo; (b) Palpação do músculo adutor curto, entre o músculo grácil (1) e o músculo adutor longo (2); (c) Palpação do músculo adutor magno; (d) Palpação global dos músculos adutores.
Fonte: adaptado de TIXA, 2009; JUNQUEIRA, 2018.
Os elementos ósseos que compõem a região do joelho são o fêmur, a tíbia e a patela.
Extremidade distal do fêmur: côndilo medial, côndilo lateral, tubérculo adutório, epicôndilo medial, epicôndilo lateral, face patelar do fêmur, sulcos medial e lateral.
Tíbia: crista anterior, tuberosidade anterior, côndilo medial, côndilo lateral, tubérculo de Gerdy e face medial.
Fíbula: cabeça e corpo.
Ligamentos: colateral tibial, colateral fibular, patelar, cruzado anterior, cruzado posterior, poplíteo oblíquo, poplíteo arqueado, arqueado, coronário e cápsula articular.
Elementos nervosos também podem ser palpados, como os nervos tibial e fibular comum.
Figura 10: (a) Vista medial do joelho direito mostrando a palpação da borda anterior do ligamento colateral medial; tuberosidade da tíbia (1), epicôndilo medial do fêmur (2), ligamento colateral medial, epicôndilo medial da tíbia (4), côndilo medial do fêmur (5), nervo safeno (6), patela (7); (b) Vista anterior do joelho, mostrando a palpação das bordas do ligamento patelar; (c) Vista lateral do joelho: limites do espaço articular (1), trato iliotibial (2), tubérculo de Gerdy (3), epicôndilo lateral do fêmur (4), cabeça da fíbula (5), ligamento colateral lateral(6), (7) bíceps femoral, nervo fibular comum (8); (d) Palpação do nervo tibial, com a perna elevada: bíceps femoral (1), nervo fibular comum (2), nervo tibial (3), músculo semitendinoso (4) e músculo grácil (5).
Fonte: REICHERT, 2013.
Músculos que fazem parte da articulação do joelho: vasto medial, vasto lateral, inserções distais dos músculos adutor magno, sartório, grácil, semitendíneo, semimembranoso e bíceps femoral. A maioria deles já foi abordada anteriormente, na região do quadril/coxa.
Paciente em decúbito dorsal e você em pé, de frente para o joelho dele. Posicione uma de suas mãos sob o joelho do paciente e peça para que ele o estenda. Palpe o vasto medial com a outra mão.
Os três tendões que compõem a “pata de ganso” (Figura 11) podem ser palpados ventralmente à inserção distal do ligamento colateral tibial; nessa região não é possível individualizá-los. Paciente em decúbito dorsal, com o joelho flexionado, pé apoiado na maca e você em pé. Deslize a polpa do 2o, 3o e 4o dedos de sua mão homolateral à palpação pela face medial do terço distal da coxa do paciente. Posicione a sua outra mão no tornozelo do paciente e envolva a região medial do pé, para resistir aos movimentos de flexão do joelho e de rotação medial da tíbia. Você vai sentir, sob o seu 2o dedo, a tensão da porção carnosa distal do sartório; sob o 3o dedo, sentirá o tendão do grácil; e, sob o 4o dedo, o tendão do semitendíneo.
Tíbia: maléolo medial (bordas anterior e posterior e ápice) (Figura 17)
Fíbula: maléolo lateral (bordas anterior e posterior e ápice).
Talus: tróclea (face superior: porções medial e lateral, cabeça e articulação talocalcaneonavicular, colo, tubérculo medial) (Figura 14).
Calcâneo: sustentáculo do tálus, face lateral (Figura 14) e articulação calcaneocubóidea, tróclea fibular, tuberosidade, face plantar (processos medial, lateral e anterior).
Navicular: tuberosidade do navicular, articulação cuneonavicular.
Cuboide (Figura 14): faces lateral, dorsal e plantar.
Cuneiformes: medial, intermédio e lateral.
Metatarsos: cabeça e base dos 1o e 5º ossos metatársicos (Figura 14).
Falanges (Figura 3).
Além dos elementos ósseos, inúmeros ligamentos (Figura 13) também podem ser identificados e palpados, mas não serão aprofundados aqui.
Nesta saliência (Figura 13), insere-se a porção proximal do ligamento deltoide. Na parte dorsal do maléolo, você pode palpar os tendões dos músculos tibial posterior, flexor longo dos dedos e flexor longo do hálux. Está relacionado a lesões do ligamento deltoide o movimento de eversão do pé (“estresse em valgo”) do tornozelo, sendo que a dor vem durante esse movimento. Muitas técnicas que auxiliam a cicatrização dos ligamentos são feitas diretamente sobre o ligamento deltoide, através da sua palpação. Faça a palpação individual dos tendões dessa região para diferenciar entre os diagnósticos de outras alterações como a tendinite do tendão do calcâneo, que pode apresentar sintomas semelhantes (dor na porção posterior do maléolo medial e no movimento de plantiflexão).
Saliência (Figura 13) relacionada aos ligamentos talofibular anterior e posterior, ligamentos tibiofibulares anterior e posterior e ligamento calcaneofibular. As entorses do tornozelo em inversão são comuns e podem gerar lesões ligamentares, principalmente do ligamento talofibular anterior, onde a dor é referida pelo paciente (e com frequência, também posteriormente ao maléolo lateral.
Processo medial - nele se inserem o ligamento plantar longo, a aponeurose plantar, os músculos abdutor do hálux e flexor curto dos dedos. A dor nessa região pode ser secundária a alterações dos seguintes elementos: músculos abdutor do hálux, flexor curto dos dedos e quadrado plantar; da aponeurose plantar (fasciíte plantar) e do ligamento plantar longo. Na maioria das vezes, o esporão do calcâneo também se desenvolve próximo a esse tubérculo.
Processo lateral - nele insere-se o ligamento plantar longo, parte do músculo abdutor do dedo mínimo e o músculo quadrado plantar. Dores na região plantar localizadas ventralmente aos processos medial e lateral do osso calcâneo podem também ser devido à fasciíte plantar. Na maioria das vezes, a dor na palpação da fáscia, ocorre em sua porção proximal, próxima aos processos medial e lateral do calcâneo. Você pode confirmar o diagnóstico de fasciíte plantar a palpando a fáscia nessa região, verificando se é dolorosa ou não, e, em caso positivo, pressionando as bordas fibular e tibial do pé; caso a dor cesse com esse procedimento, é realmente a fáscia plantar que está inflamada.
Nele se fixam o ligamento calcaneonavicular e parte do tendão do músculo tibial posterior. Em esportes como balé, voleibol, basquetebol, ginástica olímpica e maratonas, que requerem intensamente a flexão plantar muitas vezes combinada à inversão do pé, é bastante comum a inflamação do tendão do tibial posterior (devido ao excesso de atividade desse músculo). O acometimento pode ser também traumático, por entorse em inversão do pé, quando, por causa do reflexo de endireitamento, ocorre a eversão abrupta do esqueleto do pé, causando um estiramento excessivo do tendão.
Os seguintes músculos podem ser palpados na região do tornozelo e do pé (Figura 15 e 16):
Tibial anterior, extensor longo do hálux, extensor longo dos dedos, fibular terceiro.
Fibular longo, fibular curto.
Superficiais (gastrocnêmio, sóleo e plantar); profundos (poplíteo, tibial posterior, flexor longo dos dedos e flexor longo do hálux).
Figura 15: Vista anterior e posterior da perna.
Fonte: adaptado de CAEL, 2013.
São os músculos tibial anterior, extensor longo do hálux, extensor longo dos dedos e fibular terceiro (Figura 17). Paciente sentado, com o pé apoiado na maca e você sentado, de frente para o pé do paciente. Peça a ele que realize dorsiflexão e extensão dos dedos.
Paciente realiza a flexão plantar com o joelho flexionado, no apoio unipodal.
Figura 17: (a) e (b) Palpação do tendão do músculo flexor longo do hálux; maléolo medial (1); (c) e (d) Palpação do tendão do músculo tibial posterior.
Fonte: adaptado de REICHERT, 2013.
Face dorsal (extensor curto dos dedos).
Face plantar: plano superficial (abdutor do hálux, flexor curto dos dedos, abdutor do dedo mínimo); plano médio (quadrado plantar, lumbricais); plano profundo (flexor curto do hálux, adutor do hálux, flexor curto do dedo mínimo, interósseos). Observação: os lumbricais não são palpáveis.
CAEL, Christy. Anatomia palpatória e funcional. Barueri, SP: Manole, 2013.
JUNQUEIRA, Lilia. Anatomia palpatória e seus aspectos clínicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
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TUNSTALL, Richard; SHAH, Nehal. Surface anatomy. London: Medical Publishers, 2012.
VERSAGI, Charlotte Michael. Protocolos terapêuticos de massoterapia: técnicas passo a passo para diversas condições clínicas.1. ed. Barueri, SP: Manole, 2015.
Coordenação e Revisão Pedagógica: Claudiane Ramos Furtado
Design Instrucional: Luiz Specht e Gabriela Rossa
Diagramação: Vinicius Ferreira e Luiz Specht
Fotos: Matheus von Mühller Prates
Ilustrações: Marcelo Germano
Revisão ortográfica: Igor Campos Dutra