As principais abordagens palpatórias das costelas e sua relação anatômica com a coluna vertebral e com o osso esterno;
As principais abordagens palpatórias do osso esterno e sua relação anatômica com estruturas do tórax;
A identificar os músculos da camada superficial e da camada média do tronco através da abordagem palpatória.
A região óssea do tronco é composta pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo osso esterno. O tórax ósseo é formado pela região torácica da coluna, pelas costelas e pelo osso esterno. A coluna torácica é uma região bastante estável e rígida, comparada com as regiões cervical e lombar e essa rigidez traz uma vantagem: a coluna torácica e a caixa torácica juntas têm as funções de proteção, de suporte, de junção entre as colunas cervical e lombar e de relação com os processos respiratórios.
A coluna torácica, juntamente com a caixa torácica, fornece um gradil ósseo estável que protege o coração, os pulmões e outros componentes mediastinais. Alguns esforços mecânicos podem ser absorvidos por esse arranjo rígido e ao mesmo tempo elástico. Além de ajudar a manter nossa postura ereta, essa parte do corpo deve ser estável o suficiente para absorver todos os impulsos que surgem nos membros superiores. Músculos grandes, como o latíssimo do dorso e o peitoral maior, e as superfícies da articulação escapulotorácica transmitem grandes cargas de compressão e tração para essa região.
O envolvimento do tórax na respiração é de extrema importância fisiológica e patológica. Os movimentos respiratórios são o resultado da elasticidade na caixa torácica, da mobilidade nas articulações costovertebrais, dos movimentos de suporte na coluna torácica, da atividade em diferentes músculos intrínsecos e dos músculos acessórios da inspiração. Os movimentos extensos da articulação costal junto com a respiração forçada são muito importantes para o diagnóstico: A inspiração ou expiração profundas estão provocando dor nas costas? Os movimentos respiratórios também podem ser palpados. A abertura e o fechamento dos espaços intercostais fornecem informações sobre a mobilidade das costelas em suas conexões articulares com a coluna vertebral e a flexibilidade dos músculos intercostais.
A partir dessas considerações, vemos a importância do conhecimento da anatomia palpatória da região do tronco no diagnóstico e tratamento clínico.
Temos que considerar também que existe um grande número de variações na classificação anatômica de regiões corporais e na forma de agrupamento de estruturas anatômicas: desde o que alguns autores consideram como “tronco” até os músculos considerados pertencentes à essa região.
Abordaremos neste capítulo a anatomia de superfície dos ossos das costelas, do osso esterno, das articulações costoesternais e de músculos relacionados ao tronco.
O tórax ósseo é formado por 12 pares de costelas, pelo osso esterno e pela coluna torácica (Figuras 1 e 2). Duas cadeias ou sequências cinemáticas se encontram no ponto onde as costelas se conectam às vértebras: uma cadeia cinemática vertical, que é a coluna torácica e uma cadeia cinemática horizontal, que são as articulações costovertebrais. Essas duas cadeias influenciam uma à outra com sua mobilidade e estabilidade. O tórax afeta a coluna torácica, aumentando sua rigidez e reduzindo sua amplitude de movimento, por exemplo, durante flexão lateral. Isso é vantajoso quando falamos em funções de proteção e suporte da coluna torácica.
É muito importante o conhecimento anatômico das costelas, pois disso depende a palpação e a identificação precisa de cada um desses ossos, principalmente por causa da obliquidade que eles apresentam. Revise a anatomia individual de cada costela e também a sua interação com outros ossos e cartilagens costais, em sua integração no arranjo anatômico e fisiológico da caixa torácica.
Durante a palpação, é importante não perder o contato com a costela que você está acessando, pois você pode começar a palpação, por exemplo, no arco costal posterior da sétima costela e terminar no arco anterior da oitava costela, acreditando estar, ainda, na sétima costela. Revise a anatomia das costelas e observe bem a inclinação oblíqua desses ossos: aumenta aos poucos no sentido céfalo-caudal e atinge o grau máximo no nono par de costelas. Então você pode seguir o osso sem perder o contato com ele, revezando as polpas dos dedos ou deslocando-os por deslizamento. Lembre-se também de que o comprimento das costelas aumenta gradualmente do primeiro ao sétimo par e depois vai diminuindo de novo a partir do oitavo par.
Considere também que o comprimento das cartilagens costais vai aumentando da 1a à 10a costela. Assim, nas costelas mais caudais, podemos colocar de três a quatro dedos transversos sobre suas cartilagens, mas nas craniais, colocamos apenas um ou dois (Figura 1).
Quanto à diferenciação entre as costelas e as cartilagens costais, saiba que as cartilagens são mais elásticas e complacentes do que o tecido ósseo das costelas e assim é mais fácil de diferenciar as duas estruturas.
O ponto mais fácil de sentir a costela está em seu ângulo próximo à coluna vertebral. O ângulo da costela é a maior curva da costela e se estende mais posteriormente. Sabendo que a borda superior do corpo da costela é arredondada e a borda inferior é mais afiada, o terapeuta pode avaliar se o mal posicionamento está presente na inspiração ou na expiração durante a palpação do tórax. O tubérculo da costela às vezes pode ser palpado e é encontrado diretamente adjacente à ponta do processo transverso (Figura 2).
Seja cuidadoso na abordagem das costelas, pois a própria palpação pode gerar dor.
As costelas são divididas em três grupos com base nos tipos de contato com o osso esterno: costelas verdadeiras – 1ª a 7ª costelas (contato direto); costelas falsas – 8ª a 10ª costelas (contato indireto); costelas flutuantes – 11ª e 12ª costelas (costelas móveis, nenhum contato) (Figura 1, 2).
A 11ª e 12ª costelas terminam sem contato ósseo na parede do tronco e demonstram uma elasticidade firme na pressão direta. Seu comprimento varia consideravelmente. A cartilagem de conexão da 8ª à 10ª costelas forma o arco costal. Ambos os arcos costais se encontram no ângulo epigástrico no apêndice xifoide do esterno. A distância entre as cartilagens costais e a décima costela mostra o tamanho da abertura torácica inferior.
Nem sempre pode ser fácil a sua identificação, porque seu comprimento pode ser variável, de longo (14 cm) a curto (3 a 4 cm). Pontos de referência para a sua palpação podem ser a crista ilíaca, a 11a costela ou musculatura paravertebral (Figura 3).
1a possibilidade – com paciente sentado, posicione as polpas de seus dedos a dois ou a três dedos transversos cefalicamente ao ápice da crista ilíaca. Tente identificar a 12a costela, que pode estar no mesmo alinhamento vertical da crista ilíaca ou um pouco anterior. Você pode também reconhecer a extremidade anterior da 12a costela e seguir a direção do corpo da mesma.
2a possibilidade – o paciente está sentado, com o tronco inclinado para o lado contrário à costela que será palpada. Você fica em pé, do mesmo lado da costela a ser palpada. Palpe em “forma de gancho” a parte inferior do gradil costal e desloque o seu polegar em direção à crista ilíaca ou à região posterolateral do tronco. Identifique a extremidade ventral da 11ª costela, depois de ter encontrado a 12ª costela.
3a possibilidade – como paciente sentado começe a palpação pela borda lateral dos músculos paravertebrais mais distais. Siga no sentido cranial até dois ou a três dedos transversos da linha horizontal do ápice da crista ilíaca. Identifique nessa região, uma estrutura rígida, que é a extremidade ventral da 12ª costela.
Figura 3: Palpação da 12ª costela. (a) Anatomia topográfica. (b) 1ª possibilidade. (c) 2ª possibilidade. (d) 3ª possibilidade.
Fonte: adaptado de JUNQUEIRA, 2018.
O paciente está sentado e você em pé, atrás dele. Palpe a região inferior do gradil costal e desloque a sua mão em direção lateral, até sentir uma extremidade óssea arredondada, não articulada ao gradil costal, que é a extremidade ventral da 11a costela (Figura 4). Você pode também, depois de observar a 10a costela, deslocar a posição da mão até as paredes ântero-laterais do abdome na direção da crista ilíaca para achar uma costela imediatamente abaixo da margem inferior do arco condral, que tem a extremidade anterior livre.
Figura 4: Palpação direta da 11ª costela por pinçamento.
Fonte: adaptado de JUNQUEIRA, 2018.
O paciente posiciona-se sentado, com o tronco ligeiramente flexionado, enquanto você fica em pé, atrás dele. Palpe com uma de suas mãos, em “forma de gancho”, a região inferior do gradil costal. Desloque seus dedos, ligeiramente afastados, em sentido cranial e lateral e palpe as cartilagens da 10a, 9a e 8a costelas. Vá deslizando os dedos ainda mais para o lado, sem perder o contato até sentir pequenas saliências, que são as articulações condrocostais. Então, lateral às cartilagens condrocostais, você irá palpar a 10a, a 9a e a 8a costela. Uma dica para você sentir a diferença entre a palpação da cartilagem e do osso é fazer pequenas pressões anteroposteriores, alternadas, sobre uma cartilagem costal e o corpo de uma costela. Assim, você pode perceber que o tecido cartilaginoso é mais complacente do que o tecido ósseo.
Figura 5: Palpação das 10a, 9a e 8a costelas.
Fonte: adaptado de JUNQUEIRA, 2018.
Indicaremos aqui as abordagens ventral e lateral.
Abordagem ventral por palpação direta – paciente em decúbito dorsal com os braços ao longo do corpo e você em pé. Palpe a 2a costela e desloque seus dedos em sentido caudal, contando as costelas, até chegar na 7a. Outra alternativa é iniciar a palpação pela parte inferior do gradil costal, perto do ângulo costal, e a partir da 10a, 9a e 8a costelas, identificar a 7a costela. Para seguir identificando as costelas que restam, desloque os dedos em sentido cranial, e faça a contagem (Figura 6).
Abordagem lateral por palpação direta – o paciente posicionado em decúbito lateral e você em pé. Palpe a região anterior de uma costela e siga a sua obliquidade sem perder o contato, para identificar a sua porção lateral. Dessa forma, você pode evitar o erro de palpação. Por exemplo, se você palpar a 7a cartilagem costal, na borda inferior do gradil costal, e traçar uma linha imaginária transversal, em direção posterior, vai alcançar o corpo vertebral de T9. Para que você palpe o arco posterior da mesma costela (da 7a), deve seguir sua obliquidade e dirigir os dedos em sentido dorsal e cefálico, posicionando-os no mesmo alinhamento transversal do ângulo inferior da escápula.
Figura 6: (a) Abordagem ventral; (b) Abordagem lateral.
Fonte: adaptado de JUNQUEIRA, 2018.
Você pode usar o ângulo de Louis como referência (junção do manúbrio com o corpo do esterno).
1a possibilidade – o paciente posiciona-se sentado ou em decúbito dorsal, e o terapeuta em pé. Começe a palpação pelo manúbrio, movimentando a polpa de seu dedo em direção caudal, até sentir um pequeno sulco horizontal, que é o ângulo de Louis. A partir desse ângulo, desloque seu dedo lateralmente, para palpar a cartilagem da 2a costela. Desloque seu dedo um pouco mais para a lateral e encontrará o corpo da mesma costela, usando a palpação “em forma de pinça” (Figura 7).
Figura 7: Palpação da segunda costela. (a) e (b) Palpação usando o manúbrio como referência; (c) Palpação da extremidade vertebral; (d) Palpação da região lateral do pescoço.
Fonte: adaptado de TIXA, 2009; JUNQUEIRA, 2018.
2a possibilidade – através do cavo axilar (mais cranial) onde é possível palpar a 2a costela (Figura 8). O paciente está em decúbito lateral com o braço abduzido e você em pé. Posicione a palma de sua mão voltada para o gradil costal do paciente e, lentamente, palpe o cavo axilar, que está anterior posterior ao músculo peitoral maior e anterior ao músculo grande dorsal. Aprofunde a palpação, cuidando para não perder o contato com o gradil costal, e identifique a 2a costela (mais cranialmente).
O fato de ser a costela mais cranial de todas, permite um fácil reconhecimento. Possui um corpo curto, e seu arco anterior localiza-se na popularmente chamada “saboneteira anatômica” (região ovalada no triângulo posterior do pescoço, limitada pela borda anterior do trapézio, pela clavícula e pela borda posterior do esternocleidomastoideo).
O paciente está sentado e você em pé, atrás dele. Coloque as polpas de seus dedos na saboneteira anatômica, lateralmente à porção clavicular do músculo esternocleidomastóideo. Lentamente, aprofunde a palpação até sentir que não é mais possível aprofundá-la e assim você alcançará uma resistência óssea, que é a face cranial da 1a costela. Você pode também pedir ao paciente que faça uma inspiração forçada para tentar perceber a elevação do arco anterior da 1a costela durante o movimento respiratório.
O paciente está sentado e você atrás dele. Coloque os seus “em forma de gancho”, próximo ao pescoço, anterior à borda ventral do músculo trapézio. Você vai identificar e perceber o arco posterior da 1a costela assim que aprofundar a palpação (Figura 9). É possível palpar, simultaneamente, os arcos anterior e posterior da 1a costela.
Figura 9: Palpação direta do arco posterior da 1a costela.
Fonte: adaptado de TIXA, 2009; JUNQUEIRA, 2018.
O osso esterno é de fácil palpação, classificado como osso plano, composto pelo manúbrio, pelo corpo e pelo processo xifoide (Figura 10). O manúbrio é quadrangular e tem extensão de quatro a cinco dedos transversos e seu limite cranial possui a incisura jugular que é uma concavidade fácil de palpar. A junção do manúbrio com o corpo do esterno forma o ângulo de Louis, o qual também é palpável (parece uma saliência ou um sulco transversal). Essa palpação pode ser um ponto de referência à palpação da segunda costela. A palpação da largura pode ser por meio de três ou quatro dedos transversos. O processo xifoide pode ser anatomicamente variável (largo, longo, curto, bífido, cartilaginoso ou ausente) e sua palpação deve ser feita com delicadeza, tanto porque é muito frágil, mas também para não causar dor.
O paciente posiciona-se sentado ou em decúbito dorsal e você em pé. Com a polpa de seu indicador, palpe a extremidade esternal da clavícula e desloque-o em sentido medial, até encontrar uma concavidade, que é a incisura jugular.
Figura 10: Osso esterno. (a) Os dedos indicadores do examinador limitando o osso esterno desde o manúbrio cefalicamente até o processo xifoide, caudalmente. (b) e (c) Palpação da incisura jugular.
Fonte: adaptado de JUNQUEIRA, 2018; TIXA, 2009.
O paciente posiciona-se sentado ou em decúbito dorsal e você em pé. Comece pela palpação da incisura jugular e, a partir dela, deslize os seus dedos em sentido caudal, para palpar o manúbrio. Seguindo no mesmo sentido você encontrará o ângulo de Louis (que é o limite caudal do manúbrio), (Figura 11).
Figura 11: (a) e (b) Palpação do manúbrio.
Fonte: adaptado de TIXA, 2009; JUNQUEIRA, 2018.
O posicionamento do paciente é sentado ou em decúbito dorsal e você em pé. Posicione de três a quatro dedos transversos sobre o corpo do esterno, ao longo de seu comprimento, para reconhecer a sua largura (Figura 12a, b). Para palpar os limites cranial e caudal do corpo do esterno por palpação direta posicione as polpas de seus dedos no ângulo de Louis e na borda caudal do esterno (Figura 12c).
Figura 12: (a) e (b) Corpo do esterno por palpação direta; (c) Palpação dos limites cranial e caudal do corpo do esterno.
Fonte: adaptado de TIXA, 2009; JUNQUEIRA, 2018.
O paciente em decúbito dorsal e você em pé. Inicie a palpação pela porção mais distal do corpo do esterno e deslize os seus dedos no sentido caudal até sentir uma pequena depressão ou uma resistência óssea bem mais estreita que a do corpo do esterno, que é o processo xifoide. Se você encontrou uma pequena depressão, aprofunde delicadamente a palpação, para poder sentir o processo xifoide, que, provavelmente estará posicionado dorsalmente (Figura 13).
Figura 13: Palpação direta do processo xifoide.
Fonte: adaptado de JUNQUEIRA, 2018.
Abordaremos a musculatura do tronco dividindo em regiões de parede posterior do tronco, parede abdominal e parede ântero lateral do tórax.
É indispensável revisar as inserções de origem, as inserções terminais e a inervação de cada músculo abordado neste capítulo.
Eretor da espinha é o nome do grupo composto pelos músculos iliocostal lombar, dorsal longo do tórax (ou longuíssimo do dorso) e espinal do tórax (Figura 14a). Tem ações de extensão da coluna (bilateralmente), inclinação da coluna (unilateralmente) e tração das costelas em sentido caudal (iliocostal lombar e longuíssimo do tórax). O eretor da espinha faz parte da musculatura paravertebral e forma uma massa volumosa e visível na região dorsal e lombar. Na região lombar mais cranial, ele se divide em três porções: porção lateral (iliocostal); porção intermediária (longuíssimo do dorso) e porção medial (espinal do tórax). Esse grupo de músculos se estende desde a coluna torácica até o sacro (por isso é também conhecido como sacroespinal). É comum o relato de dor difusa e moderada na musculatura extensora pelos pacientes, talvez pelo aumento de tensão: a comum “dor nas costas”. Se o acometimento for somente muscular, a técnica de descolamento muscular do eretor da espinha pode ser empregada com bons resultados.
Paciente posicionado em decúbito ventral com os braços ao longo do corpo e você em pé. Peça a ele que eleve o tronco da maca e palpe o volume muscular do eretor da espinha, de cada lado da coluna vertebral. Mais lateral à coluna está a porção volumosa do iliocostal e mais medial, próximo à coluna está o dorsal longo do tórax e o espinal do tórax (Figura 14).
Músculo da camada média e que faz adução da escápula. O posicionamento do paciente é sentado, com o braço para trás e o antebraço apoiado no tronco e você em pé, atrás dele. Posicione a polpa de seu indicador próximo e medialmente ao ângulo inferior da escápula. Coloque a sua outra mão no braço do paciente e resista à adução do braço. Você deve sentir a tensão do romboide maior sob seu indicador (nessa região, ele não está encoberto pelo músculo trapézio).
A posição do paciente e do terapeuta é como a palpação direta do romboide maior. Posicione sua mão ipsilateral à palpação no sentido das fibras do romboide maior (sua região tenar e a hipotenar são posicionadas entre o ângulo inferior da escápula e a espinha da escápula). Direcione seus dedos para os processos espinhosos de C7 a T5. Resista à adução do braço com a sua outra mão posicionada no braço do paciente. Você poderá sentir a tensão das fibras do romboide maior (Figura 14a), sob o músculo trapézio (Figura 15).
Figura 15: Palpação do músculo romboide maior. (a) Direta. (b) Indireta.
Fonte: adaptado de JUNQUEIRA, 2018.
Também chamado de grande dorsal, faz adução, rotação medial e extensão retroversão do úmero, entre outras ações (Figura 16d).
O posicionamento do paciente é em decúbito ventral com o braço em abdução e você em pé. Coloque sua mão cefálica no braço abduzido do paciente. Posicione sua mão caudal no corpo muscular do latíssimo do dorso (entre o ângulo inferior da escápula e a crista ilíaca) com os dedos apontados para a coluna vertebral. Agora, com a sua mão cefálica, resista à adução e rotação medial do braço, para sentir a contração do latíssimo sob a mão caudal que está no tronco do paciente (Figura 16a).
Desta vez, a posição do paciente é em decúbito lateral com braço em abdução máxima e você em pé. Peça a ele que realize adução, rotação medial e extensão do braço, e resista a esses movimentos com a mão cefálica. A sua outra mão estará palpando, em “forma de pinça”, próximo à axila, o grande dorsal, de tal forma que o polegar estará posicionado na borda lateral do músculo e os seus dedos estarão no sulco de acoplamento existente entre o próprio grande dorsal e o redondo maior (16b).
Você pode usar borda superior do grande dorsal (que são bem horizontais) como topográfica para identificar a borda lateral das fibras inferiores do músculo trapézio e o ângulo inferior da escápula. O posicionamento do paciente é em decúbito ventral e você em pé, bem próximo ao ombro do paciente. Coloque suas duas mãos sobre a escápula, próximo ao seu ângulo inferior, com os dedos direcionados para os pés do paciente. Faça então com as polpas de seus dedos movimentos curtos de deslizamento, no sentido caudal, empurrando a pele do paciente e ao encontrar a borda superior do grande dorsal, sinta uma massa muscular horizontal resistindo ao deslizamento de seus dedos (Figura 16c).
As fibras superiores desse extenso músculo fazem extensão bilateral da cabeça, elevação dos ombros, extensão com inclinação ipsilateral (unilateral) e rotação contralateral da cabeça (unilateral). Várias técnicas de relaxamento muscular podem ser usadas no trapézio e uma delas é o descolamento muscular, que pode gerar bons resultados porque as bordas laterais das fibras superiores do trapézio podem ser individualizadas praticamente em toda a sua extensão, pela palpação. O acometimento do trapézio pode gerar relatos como “peso nos ombros ou na cabeça” pelos pacientes.
1a possibilidade – o paciente em decúbito ventral e cabeça em posição neutra e você em pé. Palpe com as suas duas mãos “em forma de pinça” e comece a palpação próximo ao ombro do paciente, para onde deslocará as suas mãos nunca perdendo o contato com o músculo, em sentido cranial, e acompanhando suas bordas laterais, a partir do pescoço (Figura 17a).
2a possibilidade – ação bilateral com ponto fixo na escápula. Mesmo posicionamento da 1ª possibilidade. Com uma de suas mãos, resista à extensão da cabeça feita pelo paciente e com a sua outra mão, palpe as fibras superiores do trapézio (Figura 17b).
3a possibilidade – ação bilateral com ponto fixo na coluna vertebral. Mesmo posicionamento da 1ª possibilidade. Peça ao paciente que eleve os ombros e sinta as fibras superiores do trapézio ficarem bem salientes, a ponto de poder palpá-las com suas duas mãos (Figura 17c).
4a possibilidade – ação unilateral com ponto fixo na escápula. Paciente em pé ou sentado e você em pé, atrás dele. Peça a ele que faça extensão, inclinação ipsilateral e rotação contralateral da cabeça. Com suas duas mãos, palpe as fibras superiores do trapézio (Figura 17d).
Figura 17: Palpação do músculo trapézio. (a) e (b) 1ª possibilidade. (c) 3ª possibilidade. (d) 4ª possibilidade. (e) Palpação das fibras médias.
Fonte: adaptado de JUNQUEIRA, 2018.
As fibras médias do trapézio fazem a adução da escápula. O paciente está em decúbito ventral, com os braços ao longo do corpo e você está em pé. Peça a ele que leve os ombros em direção ao teto, para fazer a adução das escápulas. Dessa forma, as fibras horizontais do trapézio vão ficar salientes e você vai poder palpá-las bilateralmente, a partir do acrômio até a coluna vertebral (Figura 17e). Por meio da palpação não se consegue individualizar as fibras médias do trapézio de suas fibras superiores e inferiores. Podemos sim, delimitar topograficamente a sua região e sentir a tensão dessas fibras através de sua ação.
As fibras inferiores, deprimem a escápula, rodando-a lateralmente. Pela palpação, é possível identificar e individualizar as bordas laterais do trapézio.
1a possibilidade – o paciente em decúbito ventral com os braços ao longo do corpo e você em pé, atrás dele. Imagine uma linha entre a região triangular da espinha da escápula (borda vertebral) e o processo espinhoso de T12. Posicione as polpas dos dedos de suas mãos na região posterior do tronco do paciente, com os dedos paralelos à essa linha imaginária. Faça movimentos de deslizamentos sobre a pele do paciente e ache a borda lateral do trapézio. Quando você sentir “barreira muscular” que cria uma resistência ao deslizamento de seus dedos, você terá localizado a borda lateral do músculo (Figura 18a).
2a possibilidade – o paciente em decúbito lateral com braço a 90° de abdução e você em pé, atrás dele. Coloque uma de suas mãos próximo ao cotovelo do paciente e peça para que ele leve o braço em direção ao chão e, ao mesmo tempo, aos seus pés, para simular movimentos de abaixamento e retropulsão do ombro. Palpe “em forma de pinça” as bordas laterais com a sua outra mão. O pinçamento pode ser bilateral também (Figura 18b,c).
Figura 18: Palpação da porção inferior do trapézio. (a) 1ª possibilidade. (b) e (c) 2ª possibilidade.
Fonte: adaptado de TIXA, 2009; JUNQUEIRA, 2018.
A contratura desse músculo pode causar dor intensa na região dos flancos, ainda mais porque tem relação anatômica com o plexo lombar. Então, quando a tensão desse músculo aumenta, pode ocorrer compressão de alguns nervos desse plexo, podendo provocar diversos sinais e sintomas (e às vezes de difícil diagnóstico). O quadrado lombar faz a inclinação ipsilateral do quadril (ação unilateral); inclinação ipsilateral da coluna (ação unilateral também); extensão da coluna e abaixamento da 12a costela (ação bilateral).
1a possibilidade – o paciente em decúbito lateral e você em pé, à frente dele. Coloque as suas mãos cruzadas, da seguinte maneira: mão cefálica na crista ilíaca e mão caudal inferior à 12a costela, lateralmente à musculatura extensora paravertebral. Lentamente, aprofunde a palpação da mão cefálica e peça ao paciente que aproxime a crista ilíaca do gradil costal, impondo resistência com a sua mão caudal. Profundamente, você poderá sentir o tensionamento do quadrado lombar (que é recoberto pelos músculos grande dorsal, oblíquo externo e oblíquo interno). Leve em consideração que os músculos oblíquo externo e interno também podem se contrair, ao mesmo tempo do que o quadrado lombar.
2a possibilidade – o paciente em decúbito ventral com os braços apoiados na maca e você em pé. Posicione sua mão cefálica, perpendicular ao tronco do paciente (no espaço entre a última costela e a crista ilíaca, lateralmente à musculatura paravertebral). Coloque sua mão caudal no tornozelo do paciente, para fazer tração no sentido longitudinal ao membro inferior. Lentamente, aprofunde a mão cefálica, pedindo ao paciente que aproxime a sua crista ilíaca em direção à costela dele.
Figura 19: Palpação do músculo quadrado lombar. (a) 1ª possibilidade. (b) Variação da 1ª possibilidade, com as mãos descruzadas. (c) Palpação indireta.
Fonte: adaptado de TIXA, 2009; JUNQUEIRA, 2018.
O reto do abdome ou reto abdominal faz retroversão pélvica e flexão do tronco. O paciente posiciona-se em decúbito dorsal com os joelhos flexionados e você em pé. Coloque suas mãos sobre a região anterior do abdome, a cada lado da linha alba e peça ao paciente que eleve a cabeça e o tronco. Você poderá sentir a tensão desse músculo (Figura 20a, b).
A palpação das laterais desse músculo pode ser usada também como referência do músculo psoas, do iliopsoas, da borda lateral no mesmo alinhamento horizontal da crista ilíaca, borda lateral ao nível da 9a cartilagem costal direita e vesícula biliar. Mesmo posicionamento anterior, tanto do paciente, quanto do terapeuta. Peça ao paciente que eleve a cabeça e o tronco. Posicione as polpas dos dedos de suas mãos na região lateral do abdome e as deslize em sentido medial, até encontrarem a borda lateral do reto anterior do abdome. Realize o mesmo procedimento do lado contralateral.
O músculo oblíquo externo flexiona o tronco bilateralmente e faz rotação do tronco para o lado oposto. O músculo oblíquo interno flexiona o tronco bilateralmente, inclina e faz a rotação do tronco para o mesmo lado, faz a retroversão do quadril bilateralmente e rotação do quadril para o lado oposto. O paciente em decúbito dorsal e você em pé. Posicione o paciente de forma que fique com o braço direito atrás da cabeça e o joelho esquerdo flexionado. Então coloque sua mão esquerda entre a região anterolateral das últimas costelas do gradil costal direito e o umbigo, com os dedos direcionados para a linha alba; ao mesmo tempo posicione a mão direita na crista ilíaca esquerda, com os dedos direcionados também para a linha alba. Peça então que o paciente aproxime, ao mesmo tempo, o joelho esquerdo do cotovelo direito. Nesse momento, a sua mão direita sentirá a tensão muscular do oblíquo interno, enquanto a sua mão esquerda sentirá a contração do músculo oblíquo externo (Figura 21).
Em relação a essa região, descreveremos aqui somente os músculos intercostais externos. Os músculos serrátil anterior, peitoral maior, peitoral menor e subclávio que compõem o grupo superficial dos músculos da região anterolateral do tórax, serão comentados em outra seção, juntamente com a região do ombro.
Estes músculos agem nos movimentos respiratórios forçados, elevando as costelas, na inspiração. O paciente fica sentado com o braço elevado e você em pé, ao lado ou atrás dele. Posicione as polpas de seus dedos nos espaços intercostais, dorsalmente às articulações condrocostais e peça ao paciente que faça lentamente uma inspiração forçada. Nesse momento, vai ocorrer uma abertura desses espaços intercostais por causa da ação dos músculos intercostais (Figura 22b).
Figura 22: Músculos intercostais externos. (a) Músculos da parede torácica anterior: subclávio (4), peitoral menor (5), peitoral maior (6), músculos intercostais externos (7), músculos intercostais internos (8), serrátil anterior (9), reto abdominal (10), margem costal (11). (b) Palpação direta dos intercostais externos.
Fonte: adaptado de TUNSTALL, 2012; JUNQUEIRA, 2018.
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TUNSTALL, Richard; SHAH, Nehal. Surface anatomy. London: Medical Publishers, 2012.
VERSAGI, Charlotte Michael. Protocolos terapêuticos de massoterapia: técnicas passo a passo para diversas condições clínicas. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2015.
Coordenação e Revisão Pedagógica: Claudiane Ramos Furtado
Design Instrucional: Luiz Specht e Gabriela Rossa
Diagramação: Vinicius Ferreira e Luiz Specht
Fotos e filmagem: Matheus von Mühller Prates
Ilustrações: Marcelo Germano
Revisão ortográfica: Igor Campos Dutra