1º Workshop Internacional sobre Interpretações das Lógicas Paraconsistentes

O que há de errado com uma contradição? Existem muitas respostas para essa pergunta. De um ponto de vista lógico, tradicionalmente se pensa que uma contradição gera o que os lógicos chamam de explosão: de uma contradição, podemos inferir logicamente qualquer proposição. Essa forma de inferência, também conhecida por um de seus nomes medievais, ex contradictione sequitur quodlibet, é uma das responsáveis pelo horror às contradições. Em outras palavras: aquele que aceita uma contradição acaba se comprometendo com suas consequências lógicas, que são, simplesmente, todas as proposições.

Com o advento de sistemas de lógica não-clássicas, já a partir da primeira metade do século XX, sistemas que toleram a presença de contradições, sem, no entanto, autorizar a regra da explosão, foram desenvolvidos. Esses sistemas são chamados de lógicas paraconsistentes, e existem diversos sistemas desse tipo disponíveis na literatura. A sua utilidade parece incontestável, em particular, na revisão do modo como consideramos as contradições. Diversas são as ocasiões, na filosofia e fora dela, nas quais uma contradição parece estar presente – podendo até mesmo, em algumas situações, ser aceita –, mas que ainda assim não parece razoável concluir daí o que se queira.

O 1o Workshop Internacional sobre Interpretações das Lógicas Paraconsistentes colocará em foco precisamente essa característica das lógicas paraconsistentes: o fato de que, no contexto de uma lógica paraconsistente, se pode aceitar ou tolerar uma contradição. O que isso significa? Devemos nos comprometer com a concepção de que contradições são aceitáveis ou toleráveis porque, em algumas ocasiões, são verdadeiras? Ou é possível aceitar uma contradição, sem que se aceite que ela é verdadeira? O que isso significa? Questões como essas devem ser respondidas caso se queira alcançar uma compreensão filosófica dos sistemas de lógica paraconsistente, e colocá-las sob os holofotes é o alvo do presente Workshop.