A República Unida da Tanzânia é um país africano com aproximadamente 55 milhões de habitantes e cuja base econômica depende fundamentalmente do turismo. A nação destacou-se pela controversa maneira com que tem lidado com a pandemia da covid-19, com o negacionismo do presidente John Magufuli e seus esforços para manter a economia da Tanzânia ativa. De acordo com dados noticiados pelo jornal El País, Magufuli utilizou sua fé em Deus como defesa de suas declarações, que descartaram medidas de isolamento social e as recomendações da Organização Mundial da Saúde, alegando que a melhor maneira de se proteger era que as pessoas ainda fossem a igrejas e mesquitas. Até meados de maio, o número de contágios divulgado pelo Estado chegava a 509. O presidente temia que a economia da Tanzânia sofresse abalos maiores do que ele pudesse futuramente conter.
Nesse contexto, o líder africano suportou ainda a utilização de medicamentos caseiros e ervas medicinais no tratamento do novo coronavírus, abandonando qualquer tipo de embasamento científico em suas falas oficiais. O primeiro caso de coronavírus no país apareceu em 17 de março, e desde então pouco ou nenhum distanciamento social tem sido adotado. Apesar disso, as pessoas afirmaram sentir medo e procuravam se proteger da maneira que podiam.
Ademais, a luta do país africano contra o vírus e a pandemia foi expressivamente marcada pela incerteza e pela instabilidade dos testes realizados, além da negligência na divulgação de dados que informam o número de infectados e de mortos, que se mostram duvidosos e pouco confiáveis. Tal falta de relatórios preocupou em grande escala a União Africana (AU), que, segundo a BBC News internacional, teme não conhecer a verdadeira extensão do vírus no continente. Em meados de Agosto, entretanto, a volta do crescimento de turistas foi verificada, com diversas companhias aéreas permitindo a entrada e saída de aviões na Tanzânia.
No país vizinho Quênia, segundo divulgado pelo portal de notícias The New York Times, os legisladores temem pela atual dirigência na Tanzânia em meio à pandemia do novo coronavírus, impedindo a entrada de dezenas de motoristas que testaram positivo para a doença na fronteira. Em maio, os Estados Unidos também alertou para um aumento exponencial de infecções no país africano.
O presidente continua relutante em utilizar testes chineses e não tem publicado mais dados referentes à situação do vírus em seu território. A população acredita ter vencido a pandemia, visão essa também defendida por Magufuli, que diz ter sido o poder das orações o responsável por sua vitória.
Julia da Silva Araújo é discente do primeiro período de Relações Internacionais da UFG, em 2020, integrante do Centro de Pesquisa e Simulação Olga Benário e colaboradora no projeto Pandemia e Mundo. Interesses na atuação de organismos internacionais e da diplomacia no mundo contemporâneo. Afinidade com a literatura clássica, em especial a nacional.