Com uma população equivalente ao estado de Goiás, o Paraguai adotou medidas sanitárias antes da chegada da pandemia ao país. Até o dia 07 de setembro havia 22.486 casos confirmados e 435 mortes no território paraguaio, número sete vezes menor que os 147.845 casos e 3.475 óbitos registrados em Goiás até a mesma data (Jornal H2Foz, 2020; SSGO, 2020).
Quando ainda não havia nenhum caso registrado, o governo paraguaio fechou suas portas para a China, local de origem da pandemia, suspendendo os vistos de cidadãos chineses e de viajantes oriundos do país (BBC, 2020).
Com a confirmação dos primeiros dois casos, medidas como a suspensão das aulas, restrição de eventos públicos e adoção do toque de recolher foram adotadas. O governo também decretou uma quarentena total, onde apenas serviços e trabalhadores essenciais poderiam circular, e o fechamento de suas fronteiras terrestres (UOL, 2020).
A ilha cercada por terra, definida por Augusto Roa Bastos, tem em sua geografia um isolamento natural que facilitou a adoção e a propagação das recomendações sanitárias. A regulação das fronteiras, o moderado tráfego aéreo e a baixa densidade demográfica estavam ajudando nos resultados significativos contra o novo corona vírus (BBC, 2020).
Diante de uma batalha praticamente ganha, o Paraguai chegou a registrar mais de trinta dias sem nenhum óbito por Covid-19. Como resposta, atividades ao ar livre, cultos e celebrações religiosas foram liberados, e a abertura de restaurantes autorizada (Agência Brasil, 2020).
Desde as primeiras restrições, o governo paraguaio manteve uma comunicação clara com a população e, apesar das liberações e relaxamento da quarentena, insistiu que as medidas sanitárias como o uso de máscara, o distanciamento social e a higienização das mãos fossem mantidas (MSPBS, 2020).
Em julho, justamente após as liberações de parques e restaurantes, os números da Covid-19 dispararam e dobraram em apenas um mês (IstoE, 2020). O país que até então tinha êxito total na contenção da pandemia, foi classificado com a maior taxa de contágio na América Latina já no mês de agosto, segundo os estudos do Imperial College London (Cultura Foz, 2020).
A disparada no contágio fez com que o governo voltasse atrás, e reordenasse a quarentena total, com o funcionamento apenas dos serviços essenciais, assim como no início da pandemia. Entretanto, as medidas não foram bem aceitas por parte da população que promoveu protestos e saques contra a retomada das restrições. Para evitar novos confrontos, as autoridades paraguaias cederam e permitiram o funcionamento do comércio e outros serviços que já haviam sido liberados, desde que cumprindo as medidas sanitárias (G1, 2020).
O presidente Mario Abdo Benitez, apelou para que a população mantenha os cuidados e alertou sobre a lotação dos hospitais após as contaminações de agosto (Correio do Povo, 2020). Segundo o Ministério de Saúde do Paraguai, a onda de infectados persistirá por seis semanas a partir do começo de setembro, e a estimativa é que os casos diminuam consideravelmente apenas no final de dezembro (MSPBS, 2020).
Quando comparado a outras regiões com a mesma quantidade de habitantes ou de mesma extensão territorial, os números da Covid-19 no Paraguai são bem menores. O sucesso inicial não se manteve ao longo da pandemia, mas diante de algo tão desconhecido, o próprio país esperava um aumento de contaminados e considera aceitável o índice de contágio. Com cenários tão incertos e exemplos assustadores, a transição de realidades do Paraguai ainda o mantém como um dos mais fortes combatentes na luta contra o corona vírus.