Conhecido por sua magnitude econômica, o Estados Unidos da América encontra-se na posição de epicentro de contaminação por COVID-19, posição antes ocupada pela Itália. Rapidamente, o coronavírus alastrou a nação, como consequência da demora para aderir às medidas de mitigação do vírus, e a relutância em aceitar a gravidade da doença. Como forma emergencial de evitar a piora da situação, fora implantado o isolamento horizontal, entretanto, com o passar do tempo, houve afrouxamento nas práticas de prevenção de contágio, e, hoje, o país caminha para uma segunda onda de contaminação. Observaremos neste texto de que forma esse cenário foi construído.
As medidas sanitárias nos EUA são divergentes em cada um dos estados, por ser uma nação com unidades federativas autônomas. Dessa forma, os efeitos do COVID-19 mostram-se mais nocivos em alguns lugares, e em outros mais brandos. Em detrimento desses fatores, há conflitos constantes acerca da obtenção de recursos para o combate do vírus. Uma maneira de exemplificar, é a briga por respiradores para as Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), além da disputa por Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como aventais, luvas, máscaras N95, entre outros.
Amplamente, as estratégias de mitigação do vírus consistem no isolamento social, medida essa que, no decorrer da pandemia, em meados de junho, perdeu sua força. Ademais, recomenda-se o uso de máscaras de pano; o distanciamento físico de ao menos um metro e meio; lavagem constante das mãos; cuidado ao tossir e espirrar; ausentar-se de casa em casos emergenciais; evitar reuniões de qualquer cunho em que haja aglomeração de pessoas; e, por fim, evitar o uso de meios de transporte públicos (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2020).
No mês de setembro, 20 estados estão mantendo a média diária de casos, enquanto 23 relatam aumentos periodicamente. A área de instabilidade é composta por: Alabama, Alasca, Colorado, Idaho, Indiana, Massachusetts, Michigan, Minnesota, Montana, Nebraska, Nevada, Novo Jersey, Novo México, Carolina do Norte, Dakota do Norte, Oregon, Carolina do Sul, Dakota do Sul, Utah, Vermont, Washington, Wisconsin e Wyoming (CNN HEALTH, 2020). Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas, declara que o número de casos diários está inaceitável, chegando aos 40 mil por dia, sendo que, o ideal seriam apenas 10 mil (CNBC, 2020).
Na atual conjuntura, o Estados Unidos da América encontra-se, ainda, em posição de país mais afetado pela pandemia. São 7 milhões de casos confirmados e aproximadamente 200 mil mortos, representando 20% dos 1 milhão de mortos em todo o globo (CNN HEALTH, 2020). De acordo com Anthony Fauci, autoridade em imunologia, a crescente onda de casos provém agora de jovens assintomáticos. Em contraste, os testes para detecção do COVID-19 estão sendo oferecidos de modo universal, aproximadamente 600 mil são ofertados diariamente (EL PAÍS, 2020).
Em meio ao caos, carta direcionada ao secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, relata o início do processo de rompimento do Estados Unidos da América para com a OMS. Como medida para a permanência do país, Trump apresentou algumas condições, entretanto a devolutiva da organização internacional não fora favorável. Os fundos monetários direcionados anteriormente ao órgão serão realocados e enviados a instituições de cunho sanitário (BBC, 2020). É importante citar que tal processo pode não ser concretizado, visto que, as eleições estadunidenses podem alterar ativamente o contexto.
Observando a partir do viés econômico, a pandemia afetou significativamente o mercado em geral, ocasionando uma taxa altíssima de desemprego. De acordo com o economista Jerome Powell, os Estados Unidos estão em uma “desaceleração sem precedentes modernos”, e ainda há a preocupação de que centenas de empregos não retornem. Steven Mnuchin, tesoureiro do governo, diz que não deverão colocar a população em isolamento outra vez, pois “não se pode fechar a economia novamente”. Ao final de julho, o auxílio no valor de US$ 600 semanais, promovido aos desempregados, findou-se. Os cidadãos em desemprego receberão US$ 400 semanais, sendo, US$ 100 dos governos estaduais, e os outros US$ 300 oriundos do governo federal (UOL, 2020).
Por fim, a população estadunidense mostrou-se bastante “obediente”, no que concerne às ações preventivas e econômicas. Contudo, grupos conservadores, em grande parte adeptos do movimento anti vacinas, obtiveram uma reação extremamente negativa ao vírus, acreditando que este seja de cura fácil, e que há um exagero nas medidas preventivas propostas pelas autoridades. Em consequência do fato de não seguirem estritamente as recomendações, o risco de se infectarem é muito mais expressivo. Por resistirem, ainda facilitam a disseminação do vírus caso algum deles possua.
Anna Clara Pires, graduanda de Relações Internacionais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Interesses focados na área de direito internacional e nas relações culturais e políticas entre as nações. Pretende realizar pesquisas acadêmicas futuramente, e seguir carreira docente.