O Egito está localizado no continente africano, especificamente no norte África sendo que a região do Sinai se encontra em parte na Ásia. O seu nome oficial é República Árabe do Egito, e Cairo é a sua capital. Faz parte do chamado “Mundo Árabe” e atualmente é um dos países que registra maior número de mortes por coronavírus no continente africano.
Ao ser decretada pandemia mundial o surgimento do novo coronavírus, a primeira reação do Egito consistiu no negacionismo. O Estado negou a propagação do vírus no país e encobriu as mortes resultantes disso declarando-as como causadas por pneumonia. Além disso, acusou todos aqueles que exigem o fechamento de escolas e a imposição de um toque de recolher no país de insultar o Egito e de traição. O resto do mundo fechou seus aeroportos para turistas, enquanto o Egito continuou a receber grupos de turistas com medo de que o setor de turismo do país declinasse, pois gera moeda forte para o país. Foi somente após a morte de dois generais do Exército que o país de fato começou a encarar a pandemia com seriedade.
Nesse sentido, uma série de medidas sanitárias começou a ser tomada pelo país a fim de mitigar os efeitos da disseminação da doença em seu território. O governo anunciou o fechamento das escolas depois de ter recusado qualquer grande passo para prevenir e reduzir a propagação. Também proibiu reuniões e, consequentemente, a oração em mesquitas, teatros, cinemas, clubes e partidas de futebol. Finalmente, anunciou um toque de recolher entre as 19h e as 6h e lançou uma grande campanha de mídia e publicidade para conscientizar sobre o perigo do vírus e informar as pessoas sobre as medidas preventivas e de saúde que deveriam seguir, com o slogan “fique em casa”.
Já no âmbito econômico, segundo a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, o governo e o Banco Central do Egito solicitaram assistência financeira por meio do Instrumento de Financiamento Rápido (RFI) e do Acordo de Stand-By (SBA) para apoiar os seus esforços de conter o impacto econômico e financeiro da pandemia sobre o país. Os dois são instrumentos usados em situações de emergência e para financiar o balanço de pagamentos.
Além disso, o Egito assinou seu primeiro empréstimo de financiamento islâmico convencional, no valor de US$2 bilhões, com o intuito de auxiliar a economia do país alegando, segundo o Ministério de Finanças, pretender “financiar o orçamento geral do estado e dar apoio à economia egípcia, para contribuir com a manutenção de seu caminho forte, diante das flutuações prevalecentes no mercado global.”.
O empréstimo, recentemente aprovado pelo parlamento do Egito, foi oferecido pelo Emirates NBD Capital Ltda. – braço de investimentos bancários do Emirates NBD, banco público de Dubai –, além do Primeiro Banco de Abu Dhabi (FAB).
Desde que o governo anunciou suas medidas e decisões estritas, o povo foi às lojas para estocar, o que incentivou os comerciantes a aumentar os preços. A ganância cresceu sem nenhum controle real por parte do governo.
À luz dessa atmosfera agitada, o Procurador-Geral emitiu a decisão de prender qualquer pessoa que publique notícias falsas ou espalhe rumores que possam prejudicar a estabilidade do país nas mídias sociais. Sob esse pretexto, dezenas de ativistas políticos foram presos.
Segundo informações da agência de notícias Associated Press, nem mesmo os profissionais que atuam na linha de frente do combate ao novo coronavírus (Sars-Cov-2) estão imunes: não são poucas as histórias de silenciamento e até prisão de médicos e enfermeiros.
De acordo com grupos de diretos humanos da região, ao menos 10 médicos e 10 jornalistas foram presos desde o início da pandemia em fevereiro, enquanto outros receberam "avisos" de que poderia sofrer consequências se seguissem com as críticas. Além disso, já foram registradas 188 mortes entre profissionais de saúde.
Entre as críticas dos profissionais está o fato de que precisam comprar seus próprios equipamentos de segurança, mesmo recebendo pouco pelo serviço, e que o sistema de Saúde do país já está quase entrando em colapso. Nas últimas semanas, foi erguido um hospital de campanha com 4 mil leitos, que pouco fizeram diferença frente a alta demanda de pacientes.
Apesar das iniciativas tomadas pelo estado egípcio em prol do combate ao novo coronavírus, ainda persistem as dúvidas sobre a veracidade dos dados fornecidos pelo governo, já que muitos países registraram casos do novo coronavírus em pessoas que estiveram no Egito recentemente.
Para a Organização das Nações Unidas (ONU), os países árabes têm chance de se recuperar melhor do que outras regiões no planeta. Segundo documento divulgado pelo secretário-geral, António Guterres, quatro conjuntos de prioridades podem orientar a resposta para recuperar melhor e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Guterres afirmou ainda que a região árabe pode ser bem-sucedida nesses objetivos ao aproveitar “ao máximo o notável potencial, compaixão e engenho do seu povo”.
Por fim, ressalta-se que o mundo árabe tem um percentual de letalidade por covid-19 menor do que o do Brasil e que a média global. Somados os 22 países árabes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até hoje são 1,28 milhão de casos e 23,2 mil mortes. A letalidade da covid-19 na média, nesses países, é de 1,8%. No Brasil, são 3,8 milhão de casos e 120,4 mil mortes, taxa de 3,13% de letalidade, muito próxima à média global, de 3,36%.
Suzan Vitória R. Souza é discente de Relações Internacionais pela Universidade Federal de Goiás, membro do projeto Política em um mundo em transformação, e possui interesse de estudo na área de Meio ambiente e Sociedade.