Fuxicos

Contando histórias e espalhando encanto e

conhecimento por aí...


Fuxicos

Fuxicos são florzinhas pequeninas feitas com pequenos retalhos de tecido colorido, alinhavadas com paciência, agulha e linha. Não se sabe com certeza em que canto do mundo essas pequenas florzinhas brotaram pela primeira vez. Mas conta-se que aqui no Brasil, elas ganharam o nome de fuxico porque algumas mulheres se reuniam nas horas livres para confeccioná-las aproveitando as sobras de tecido das toalhas, dos tapetes, das colchas... Enquanto trabalhavam, também conversavam, faziam "fuxico". Mas não era fofoca como se diz por aí e se quer acreditar, eram histórias do vivido de todos os dias com os seus desafios, suas alegrias.

Eram mulheres que trabalhavam para completar a renda da família, conversavam, sorriam e, por vezes, até choravam ao compartilhar as histórias da vida. As antigas lavadeiras das beiras de rio deste país também lavavam suas roupas cantando cantigas e contando histórias cercadas de seus filhos pequenos, meninos e meninas que brincavam na água ao som das vozes de suas mães e avós.

Essas e tantas outras histórias serviram de inspiração para que um pequeno grupo de professoras, professores e servidores do CEPAE criassem em 2010, o projeto de extensão "Fuxico em família: memórias e histórias". Um projeto que nasceu da ideia de burburinho, das histórias de família que são passadas de avós para netos e netas, da brincadeira de "quem conta um conto aumenta um ponto", da conversa ao pé do ouvido como um telefone sem fio, das histórias que são contadas e que se espalham pelo mundo. Com o Fuxico as crianças aprendiam contar histórias de contos populares, dos livros literários, e contavam também as suas próprias histórias, os seus relatos de vida, os causos de família.

Há muitos momentos lindos que marcam a memória do projeto Fuxico no CEPAE: as histórias contadas no recreio estendido, as oficinas, as excursões para contar histórias em espaços da cidade, crianças contando histórias ao lado de suas famílias na biblioteca, o diálogo com outras crianças e professoras de escolas públicas. Os cantinhos aconchegantes preparados com carinho para contações de histórias. O chão forrado por colchas de retalhos coloridos onde os meninos e meninas se sentavam... Ao lado das crianças, ali no chão, estava a Célia, com suas mãos criativas ajudando-as a confeccionar as pequenas florzinhas de tecido, os fuxicos. E, assim, de forma artesanal saberes e fuxicos eram costurados.

Foi tanta gente que passou pelo Fuxico que para contar a sua história é preciso lembrar dos estudantes que já se formaram; dos professores e servidores que já se aposentaram; dos professores que passaram pela escola apenas por um tempo, mas que deixaram saudades. Precisamos lembrar da Clêidna, que é contadora de histórias e foi professora do CEPAE por muitos anos e coordenou o projeto até perto do tempo de se aposentar.

O Fuxico precisa virar tradição! Precisamos continuar a sua história, do mesmo modo que os meninos e meninas, filhos e filhas das antigas lavadeiras de beiras de rio, ouviam as histórias contadas por suas mães e avós e as recontavam para as próximas gerações. É uma forma de costurar os costumes e os saberes dos mais velhos.

O Fuxico de agora é Fuxicos, uma história contada por várias vozes: de pessoas que pensaram o projeto lá em 2010; de pessoas que foram chegando depois, professores, estudantes, técnicos. É Fuxicos no plural porque cada pessoa que chega e que sai deixa suas marcas, suas impressões nessa história. É Fuxicos porque além do fantástico mundo de contar e ouvir histórias, teremos o fuxico geográfico, o fuxico na ciência, o fuxico na arte, o fuxico na dança, o fuxico no circo... e o que mais a nossa imaginação desejar. Como na brincadeira do ditado popular de "quem conta um conto aumenta um ponto", muitos fuxicos ainda estão por vir…


Para saber mais sobre a história do artesanato fuxico:

https://www.flickr.com/photos/elilza/2868472239/in/photostream/