Visualidades profundas

Visualidades profundas: audiovisualidades entre o ser e o viver

Corpóreo e simbolicamente crescemos. A vida possui uma direção vertical, tal o tronco de uma árvore ou o caule das roseiras que se guiam lentamente para o topo do céu, de si, dos jardins, das florestas, do mundo. Este crescimento vertical não é o único em nossa vida, pois temos também raízes. A raiz de cada ser é o elemento mais profundo que ele possui e, ao contrário do que possa parecer, elas são também dinâmicas. As nossas raízes se expandem, recriam-se, tomam novos cursos, tamanhos e formas, enfrentam e adequam-se aos ambientes, às intempéries e prazeres do corpo na terra e, por vezes, dão à luz, fazendo nascer novas e outras raízes, que serão outros de nós, com a mesma essência? Talvez. Certo mesmo é uma experiência cíclica e imprevisível: seguir crescendo, com as raízes fincadas e dispostas aos tantos movimentos e rumos de uma vida repleta e irrepetível. Somos copas frondosas em direção aos céus e galhos abertos para os quatro cantos do mundo. Somos folhas que se agitam, colorem, até que se deitam. Somos flores que fertilizam e frutos que despencam e nutrem. Somos raízes que interagem com o solo e sustentam caminhos, vermes, vírus e voracidades. Esta exposição audiovisual se propõe a pensar o fluxo da vida, a nossa expansão e explosão, mas também a nossa cultura fundamental, o nosso sustento, no que acreditamos e a forma como lidamos com o existir nas casas, nas ruas, na contemporaneidade e suas exigências tantas vezes febris. Experiências, imaginação e criação se entrecruzam a partir dos encontros que fazem emergir os questionamentos sobre nossa existência, sobre o tempo, os processos de crescimento, sobre a vida. No coletivo, indagamos, questionamos, produzimos. No coletivo, convidamos para o encontro dos sentidos, convidamos à estesia o pensar da atualidade, inclusive a situação de pandemia em que nos encontramos. Emprestando da botânica, de Aristóteles, de Deleuze e Guattari a analogia entre a vida humana e a natureza de uma árvore, apresentamos nestas obras que foram produzidas dentro de um processo de criação orientado nas disciplinas Fotografia e Vídeo Digital e Poéticas Visuais, eis aqui nossas reflexões artístico filosóficas sobre a vida e suas ramificações verticais, profundas e poéticas nas situações contemporâneas dentro e fora da pandemia que ainda nos ronda. Desejamos que as ramificações de significados e sentidos sejam uma construção ontológica, abrangente e de múltiplas existências.

Artistas e obras

Artista transgressor e apaixonado pela vida. "Resposta ao Tempo" é uma visita às memórias e produções artísticas realizadas antes de durante a pandemia. É o olhar pra dentro e pôr pra fora tudo que há, sem medo ou com medo mesmo. 

Artista cujo expressar está atrelado ao caos, sempre indo de encontro com seus medos e por ele se deixando guiar. "TALASSOFOBIA" é a obra do medo constante e do confronto inerente do corpo com a mente cheia de fobias, como o medo do mar, do escuro, do medo, do eu, do abismo, da culpa tatuada na parede e da autofobia do ser, que acaba compondo a videoperformance.

Emy Rocha, 22 anos, estudante de Artes Visuais da Ufam. Procura se expressar por meio da pintura e explorar o uso das cores. A videoarte “Túnel do tempo” é uma viagem às minhas memórias e lembranças do passado, memórias essas pelas quais sou feita, constituída de vivências e experiências passadas, momentos de afeto, de risos e saudades, de todos os livros que li, de tudo que vi, de tudo que vivi e de tudo que senti. 

Estudante de licenciatura em Artes Visuais (UFAM), natural do Amazonas, dialogo através das minhas vivências e cores. A videoarte "DI4" conjuga sobre a rotina e inquietação. 

"Raízes do meu Amazonas": foi onde nasci, me desenvolvi, criei raízes. 

Estudante de Licenciatura em Artes Visuais, na UFAM, descobri um universo de possibilidades, me encontrei e me perdi, e no momento eu sou somente a BINA: cores, texturas, tudo dentro de um quadro, dentro de uma moldura. A produção "QUAdro" é um registro sem cores de um traço que não existe, mas que um dia existirá. 

Maranhense, vive em Manaus há mais de 10 anos. Trabalha com ilustrações e contos e já produziu para exposições como “A voz do Fogo" (2014) e "Amazônia Fantástica" (2019). Também possui produções junto ao Coletivo MáTinta, nos Zine 1 e 2, e ilustrou para o livro infantil “A menina que viajou o mundo sem sair da cama" (2020), da escritora Leila Placido. É apaixonada por histórias de fantasia e ama as animações do Studio Ghibli e outras produções japonesas. Esse vídeo foi sua primeira experiência com animações, algo que até então apenas admirou. Foi algo que através de pesquisa e exemplos conseguiu obter como resultado e que expressa um pouco de seus pensamentos sobre sua trajetória como artista e pessoa.

A partir de meu registro fotográfico de uma árvore ameaçada por órgão público, me deparei com formas belíssimas e muito orgânicas formadas por suas raízes. A inspiração para produção de texto e vídeo foi então fluindo com muita naturalidade, conforme descrevi e narrei o que vi nas fotos. 

Falas da pandemia