Os
filósofos mais influentes do século XX foram John Dewey, Martin
Heidegger. Betrand Russel e Ludwig Wittgenstein. Deles, Dewey foi que
teve a vida mais feliz, o de prosa mais tediosa e o de que possuía
melhor caráter moral. O direito à arrogância ele doou aos
outros.
Russell, embora simpático ao sofrimento humano, nunca
perdeu a pose e os modos aristocráticos. Tinha o hábito de se
apropriar temporariamente da mulher dos amigos, suculento assunto
para biógrafos. Wittengenstein distribuía a baixa auto-estima que
tinha a todos que encontrava. O perfeccionismo
moral que muitos achavam sedutor o tornou inábil para agradar
àqueles que por ele tinham fascínio. Suas idiossincrasias e
tormentos o fizeram cultuado, um monstro canonizado. Heidegger foi
outra espécie de mosntro, um intelecto superior que se tornou
admirador de Hitler. A covardia que demosntrou para esconder o
próprio passado nazista é um dos mais terríveis exemplos da
degradação moral de um homem que beirava a genialidade.
Dewey,
ao contrário, foi sempre ponderado, generoso e simpático. Poucos
lhe tinham algum rancor, além de Russell, sabidamente arrogante e
irônico para com o colega americano, cuja vida e temperamento foram
compassados. Não há em sua biografia desastres, como o movimento
pacifista de Russell em meio à Primeira Guerra, a tentativa de
Wittgestein em ser professor de curso primário e a proclamação do
Furhrer como o presente e futuro da Alemanha perpetrada por
Heidegger. Dewey sempre tocou o barco sem pretensões além de ser um
bom professor, um bom marido, um bom pai e um bom cidadão. Teve
sucesso, principalmente no último dos obejtivos.
Nos quarenta
anos que anteceram sua morte, em 1952, foi uma espécie de Sartre ou
Habermas, um na França e outro na Alemanha, dos americanos: servia
de consciência ao país. Agia sem dramatizar e também sem criar um
estilo próprio. As dezenas de livros e artigos que escreveu são
recheadas de originalidade e bom senso, embora vazias de poesia.
Mesmo admirados têm dificuldade em extrair piadas ou frases de
efeito dos textos de Dewey.
Os biógrafos do filósofo caem
sempre na mesma armadilha: falham ao tentar torná-lo atual,
consumível, emocionalmente grandioso. O mais apurado dos que
tentaram, Martin Jay, revela poucas surpresas: detalhes de Dewey e os
familiares, o choque com a morte de dois filhos ainda crianças, a
depressão da primeira esposa, muito inteligente e o difícil segundo
matrimônio é tudo o que temos. Isto pinçado de mais de 20000
páginas entre cartas e manuscritos! Assumindo que os sentimentos
agudos são canteiros da originalidade filosófica, quiçá por aí
achemos uma trilha que melhor explique as idéias de Dewey.
Além
das informações novas trazidas por Jay, eu já sabia que Dewey e
Woodrow Wilson ( 28º presidente americano, de 1913 a 1921) estudaram
juntos na Universidade Johns Hopkins em 1884 e que chegaram a debater
se o governo federal deveria ou não usar fundos na educação de
crianças negras sulistas – Wilton era contrário, alegava que
seria intrusão nos direitos dos estados do sul).
Foi surpresa
eu saber que o prestígio de Dewey era tamanho na China que o
Departamento de Estado dos EUA, em 1942, pediu que este escrevesse
mensagens, espalhadas por aviões, pedindo que os sinos resistissem à
invasão japonesa. Detalhes assim só vêem à luz graças aos anos
que os biográfios despendem vasculhando arquivos empoeirados.
Devemos gratidão ao trabalho de Martin Jay e às pequenas
descobertas que auferiu.
Outro acerto da biografia foi a
comparação entre o desenvolvimento intelectual de Dewey e o da
própria América (por exemplo, industrialização, Grande Depressão,
a tentativa do Partido Comunista de dominar a esquerda americana)
como também a enumeração das lições trazidas das divesas viagens
( Japão, China, Rússia, Turquia e México, entre outras). Há
argumentos plausíveis para que entendamos as todas parte das
vicissitudes políticas e ideológicas pela qual passou Dewey, embora
falte críticas ao biografado.
Caso intente saber menos de
eventos da vida e mais sobre a ressonância das idéias de Jonh Dewey
vá a outras fontes, melhores na separação entre o velho e o novo,
o que vive e o superado dentre os pensamentos do mais social dos
intelectuais americanos.
Richard Rorty é filósofo
mundialmente conhecido e está aposentado da Cadeira de Literatura
Comparada da Universidade de Stanford
Tradução de Clodoaldo
Teixeira