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Macau vermelho rubro cor de caranguejo e fluido das artérias do meu olhar, das veias do chão de pedras, das pétalas das orquídeas e dos jasmins que habitam agora nos pulsares do meu pensamento translúcido como jade. Oh Macau, tufão endiabrado que assobia pelo meu rosto e faz transpirar a minha pele já suada com a embriaguez do despertar da labareda imensa que o grande astro descarrega por estas latitudes, onde o mar das cor das pérolas alimenta as ostras e o frenesim vivo da vida já pulsada nas eras do sol nascente, nas eras em que estas pedras fizeram brilhar de cristais as praias de anémonas vivas no outro lado do mundo, no lado de lá do tempo de amanhã. EM

Macau 22-113 

Ernesto Matos e António Correia

Design, poesia & fotografia unidas

Com a chancela da Mythus de Er, agora em edição portuguesa este volume de poesia e fotografia dos autores António Correia e de Ernesto Matos, revela-nos uma certa intimidade estética e poética daquele território situado no globo terrestre com as coordenadas geográficas 22,113... 

Memória também a António Correia (1948-2022).

Insere-se esta edição na mesma linguagem gráfica do Lisboa, Lux Candens (2020), dos mesmos autores.

Pedidos e informações para:
sessentaenovemanuscritos@gmail.com

Visões

José Silva

"António Correia, agora, em memória, dirige-se aos possíveis leitores num excelente texto em prosa poética, abrindo, assim, a janela para um corpus de poesia de amor, sugerida pelo («Túnel de luz que leva à descoberta / dos mistérios da alma da cidade / frenética, plural e mística!»).Ofereceu-lhos a lente, o olhar e a arte de Ernesto Matos, transfigurando a realidade urbana macaense e transfigurando-se a si mesmo («A transmutação do meu corpo envolve-se na luminescência que se embrenha nas ruas deste espaço partilhado por mil gerações e tantas outras culturas»), numa espécie de prefácio desta lindíssima obra.

Ambas as artes, a poética e a representação (gráfica, plástica e fotográfica) se fundem na poalha de estrelas, como num poente que se estende sobre o horizonte próximo do oceano, de que resulta o Amor e a excelência da escrita e da imagem. A poesia de António Correia enlaça-se no texto icónico de Ernesto Matos, constituindo-o num texto outro - corpo de luz, de sedução e de amor."


Macau 22-113

Edição de 2022 pela LITS Macau

Jardim Lou Lim Ioc

Mercado Vermelho

É nas ruas de Macau onde os meus olhos se perdem

Atravessei as estrelas à procura do novo dia, o dia antes do meu. Chego mais depressa que o meu regresso, pois regresso mais carregado de venturas no palmarés que compõe o meu desígnio magico composto por relâmpagos e trovejos no mais fino cintilar de pulsações longínquas que me acercam bem no interior da minha monção.

As gotas de chuva caem em Macau e o Largo do Senado transparece mais carregado com as suas vagas cíclicas trazidas pelas correntes marítimas e os ventos e as caravelas assistidas pelas sampanas e pelas lorchas com velas de seda azul brotadas pelas borboletas da Malásia embrenhas no pau de sândalo da Indochina conduzidas por homens com sede bravia que trouxeram no seu lastro as pedras do longínquo Portugal.

As gotas de chuva fazem transparecer o mais belo largo que o céu viu nascer sobre o globo de ferro e agua que a curva do tempo fez distorcer pelo peso que a gravidade inventa.

Viajo, viajo pelas sete curvas do jardim, às Ordes dos meus antepassados, à pedra tumular… ao marco de lioz deixada na praia, no calcário dos passeios que o mundo pisa nas viagens por onde também vagueio.

Beco da Felicidade

Rua da Felicidade

Tudo arde, tudo arde... o dinheiro e a vida, as patacas e o calcário dos ossos... como o incenso, os panchões e o rebentar das ondas do mar no princípio da praia. EM

Um gato sobre a calçada espelhada espera, espera a hora de embarcar 

na minha viagem para ocidente!

Doca das Flores

É de manhã, manhã muito cedo quando as flores se levantam e as suas pétalas se viram para o céu

Peço uma sopa que me entregam num dim sum aveludado, pego nos pauzinhos ainda com os dedos trémulos e desajeitados mas consigo levar aos lábios o resultado de um vapor que cozeu a farinha de arroz com uma ternura invejável que guardou no seu ventre a pureza dos legumes num caldo de camarão.

Restaurante 8, Grand Lisboa

É para comer, não é para levar de viagem!

Nunca se deve virar o peixe, para o barco da nossa viagem não naufragar!

Restaurante e hotel casino MGM

Escultura de Salvador Dali

Instalação abaixo de Joana Vasconcelos sobre aquário

Dim sum's de... de... deliciosos

... e o Chef Luís Américo no Restaurante Fado do Hotel Royal com ...

uma alheira de Mirandela e ...

uma açorda de camarão e ...

para sobremesa requeijão com doce de abóbora..

O António do Restaurante António na Taipa