Quando decidimos organizar nosso guarda-roupa, geralmente tiramos tudo de dentro e espalhamos sobre a cama. Esse é o momento em que conseguimos ver, de forma ampla, tudo o que temos: peças queridas, roupas esquecidas no fundo da gaveta, itens que já não nos servem ou que nunca combinam com nada. Essa etapa pode ser cansativa. Olhar para aquele monte de coisas pode gerar a sensação de desânimo: “Será que vou dar conta de arrumar tudo?”. É parecido com o que sentimos quando começamos um processo terapêutico.
No início, trazer à tona nossas memórias, feridas, emoções e padrões pode parecer assustador. Mas é justamente olhando para tudo com clareza que conseguimos escolher, com mais consciência, o que queremos manter e o que já não faz sentido carregar. Assim como na arrumação do guarda-roupa, a terapia nos ajuda a resgatar partes esquecidas de nós mesmas — talentos, sonhos e recursos internos que estavam “guardados” e que podem ganhar novo significado.
Também nos permite identificar o que já cumpriu seu papel: padrões de comportamento, crenças ou relações que não sustentam mais a vida que queremos viver. É um convite para refletir sobre o “estilo” de vida que desejamos nessa nova fase. E, assim como o guarda-roupa precisa de manutenção, nossa vida emocional também exige revisitas. Haverá momentos em que será preciso reorganizar tudo novamente, seja diante de um novo desafio, seja porque nos transformamos.
A terapia nos lembra que recomeçar é sempre possível — e que mudanças profundas acontecem uma peça por vez. Ir à terapia é assumir um compromisso maduro com o próprio crescimento. É estar presente, paciente e disposta a se reinventar quantas vezes for necessário, para que a vida que você veste hoje reflita, de fato, quem você é.
Com afeto,
Psi. Ana Cecília Coelho - CRP 11/09960