Na ESCOLA aprende-se, sabe-se, confrateniza-se, vive-se.
Redundante seria falar uma vez mais sobre a essencialidade da tecnologia nas nossas vidas. A evolução conjuntural da sociedade mostra-nos de um modo tão claro e transparente o quão necessária é a digitalização para o presente e para o futuro, sem que essa sua indispensabilidade subverta o ser humano, nas suas qualidades e competências. Porém, não caindo no erro de fazer uma frívola reiteração, parece-me pertinente debruçar-me sobre este assunto. Até porque tenho a convicção que todo o conhecimento relativo a esta matéria já absorvido por todos nós, quer por meio da experiência, quer por aprendizagem teórica, ainda não está absolutamente consciencializado no nosso íntimo. Por muito incrível que seja pensar nisso, é factualmente notória a paradoxal aversão às ferramentas digitais, algo particularmente evidente no domínio da educação e formação escolar. Deste modo, conduzirei o meu raciocínio daqui para a frente no sentido de desmistificar o fenómeno da “animosidade tecnológica” de maneira a traçar um caminho em direção à promoção do recurso aos meios digitais em contexto de sala de aula.
Não é segredo nenhum que somente graças à tecnologia é que o setor educativo conseguiu sobreviver à pandemia da COVID-19. No entanto, tal não invalida os desafios que o pessoal docente e muitos dos próprios discentes tiveram de enfrentar a fim de usufruírem, se não em pleno, pelo menos suficiente, de um ensino que contribuísse para a capacitação intelectual e formação integral e cívica. Ora, os últimos dois anos só espelham a imperatividade dos recursos digitais no cenário escolar. Tais dificuldades teriam sido certamente atenuadas se já tivesse havido o empenho e interesse no fomento à literacia digital, seja do lado de quem instrui, seja do lado de quem é instruído.
Por isso é que não é discurso supérfluo o apelo à implementação de mais e melhores recursos tecnológicos educativos e elucidativos das mentes basilares do mundo do amanhã. Se a tecnologia já é o presente, como é que pôr-lhe entraves é benéfico, sendo que todas as prognoses já feitas para ela se encaminham?
Bem, é preciso olhar para a digitalização da educação como um meio para alcançar o fim do clássico ensino: a formação e o enriquecimento de quem aprende. Há que deixar para o passado o pensamento de que saber como trabalhar e mexer num computador e nos seus programas é exclusivo na disciplina de TIC. Já que todos as dimensões da nossa existência rececionaram o digital, porque não devem as disciplinas de Línguas, de Ciências e de Artes fazê-lo também? Tudo moderadamente aplicado e sempre com a supervisão e auxílio do docente, a trave-mestra da sala de aula, ferramentas digitais não só tornam a educação mais atrativa como também mais inclusiva. O método expositivo é para ser deixado para os livros da “história da metodologia educativa”. Somente com uma aprendizagem autónoma, crítica e digital é que os alunos e alunas se formaram integralmente para corresponderam às exigências da sociedade futura.
É que nem por falta de ferramentas se pode demover este argumento da essencialidade tecnológica. Existem aplicações para apresentações interativas; há recursos para desenhar infográficos e mapas-mentais; existem ferramentas com o propósito de criar questionários e quizzes de uma forma que capta instantaneamente a atenção dos discentes… Recursos há, falta a outra parte: implementação e aplicação prática, que seja eficiente e efetiva. É claro que essa aplicação não pode só querer da vontade e predisposição dos professores e professoras. A digitalização escolar envolve fundos, equipamentos e recursos humanos que eduquem os docentes para a literacia digital - um trabalho árduo, gradual e progressivo; porém imperioso.
Posto isto, termino num convite para a familiarização da tecnologia na sala de aula. Nós, enquanto pessoas que compõem a sociedade civil, já tratamos os meios tecnológicos por tu. Há que agora dar o salto e transportar esses hábitos para o contexto escolar, de maneira a construir, com alicerces fortes e sólidos, um ensino atrativo, inclusivo, de qualidade e, sobretudo, humano!