COP30 mostrou que, apesar de alguns avanços, o discurso ambiental permanece paralisado
COP30 mostrou que, apesar de alguns avanços, o discurso ambiental permanece paralisado
Assuntos como o financiamento ambiental para países pobres mostraram-se fortes, enquanto a transição energética permaneceu esquecida.
Durante doze dias, de 10 a 21 de novembro, a capital do Pará foi responsável por sediar a 30º edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a Conferência das Partes ou, simplesmente, COP30. O evento marcou mais uma tentativa brasileira em firmar-se como liderança ambiental mundial.
Realizadas desde 1995, as COPs foram criadas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC ou UNFCCC, na sigla em inglês) e tratam-se de cúpulas anuais responsáveis por definir diretrizes voltadas ao retardamento das consequências da mudança climática como, por exemplo, a limitação do aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC até o final deste século.
Frente ao marco de dez anos do Acordo de Paris, a COP30 era fonte de grande esperança para ambientalistas e ativistas do meio ambiente. O estabelecimento do Acordo visava a meta global de limitar o aquecimento global a bem menos de 2°C, buscando 1,5°C, através de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Entretanto, o ano de 2024 foi definido como o mais quente da história, com um crescimento do calor em 1.6 graus.
Assim, esperava-se que a COP30 respondesse de alguma forma aos retrocessos ambientais vistos nos últimos anos, o que não ocorreu. Entre os principais temas discutidos na conferência, estavam a transição energética e a diminuição do uso de combustíveis fósseis; a aprovação do Fundo de Financiamento para Florestas Tropicais (TFFF, na sigla em inglês); a articulação para que o financiamento climático mundial aumentasse de maneira significativa; e outros.
O “Mapa do Caminho”, por exemplo, tratava-se de um plano proposto pelo Brasil para a redução do uso de combustíveis fósseis que detalhava uma transição gradual ao uso de fontes de energia mais limpas e acessíveis. Dezenas de países declararam apoio ao texto e formarão um bloco político para fortalecer sua aprovação. Entretanto, apesar dos esforços, a COP30 não chegou a aprovar o plano, e a exclusão dos combustíveis fósseis marcou uma das imperfeições da Conferência.
Já durante a Cúpula do Clima de Belém, evento preparatório para a COP30, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) foi oficialmente lançado. Em 6 de novembro, 53 países assinaram sua Declaração de Lançamento, que o levou a captar mais de US$ 5,5 bilhões para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre.
Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, “o lançamento do TFFF na COP30 é um divisor de águas na história da conservação das florestas tropicais. Pela primeira vez, temos um mecanismo global que reconhece o valor dos serviços ecossistêmicos das florestas e oferece incentivos permanentes para sua preservação.”, explicou.
Uma das grandes vitórias da COP30, no entanto, está na aprovação do Pacote de Belém, uma adaptação do original “Roteiro Baku-Belém”. O texto, que foi aprovado por 195 países, advoga por triplicar o financiamento de alternativas de adaptação às mudanças climáticas até 2035 e, especificamente, enfatiza a necessidade de os países desenvolvidos, aqueles que mais poluem, aumentarem o financiamento para nações em desenvolvimento, que mais sofrem com as consequências das mudanças climáticas.
Com o fim da COP30, sentimentos contraditórios circularam entre os ambientalistas. Em 3 de dezembro, por exemplo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o resultado final da cúpula climática foi "decepcionante", apesar de ter mostrado que o multilateralismo ainda funciona na ausência dos Estados Unidos e em meio a tensões geopolíticas. No geral, a conferência mostrou pontos sensíveis que ainda levam ao desacordo entre os países, como o financiamento climático e a transição energética sustentável, assunto ainda inacabado entre os líderes mundiais.
ENEM 2025: inscrições recordes, polêmicas com anulação de questões e a reta final de preparação
As provas do ENEM 2025, ocorridas nos dias 9 e 16 de novembro (exceto em certas localidades), apresentou mudanças no perfil dos participantes, um notável aumento no número de candidatos mais velhos, suspeitas de vazamentos de informações, solicitações de anulação e discussões acerca da equidade e justiça nas oportunidades. Para muitos jovens que desejam ser aprovados e ingressar na universidade, a fase de preparação encontra-se em seu estágio final. Nesse cenário, o Cursinho Popular da Poli USP se destaca como uma opção acessível e inclusiva para aqueles que necessitam de apoio neste momento crucial.
Quem se inscreveu: perfil e números
A edição de 2025 do ENEM registra mais de 4,8 milhões de inscrições confirmadas. Entre elas, há destaque para um crescimento expressivo em grupos que tradicionalmente participavam menos de exames. Em especial, os candidatos com 60 anos ou mais, este ano chegaram a 17.192 inscritos confirmados, um salto de 191% em relação a 2022.
Esse número, ainda que represente apenas 0,35% do total de inscritos, chama atenção pela multiplicação em poucos anos e pela diversidade de perfis que o exame começa a reunir. Também se nota aumento entre candidatos autodeclarados indígenas: segundo o levantamento mais recente, esse grupo cresceu 89% na comparação entre 2022 e 2025.
No mais, a faixa etária com maior número de inscritos continua sendo a dos 17 anos, com mais de 1,1 milhão confirmados. O público jovem, portanto, permanece majoritário, reafirmando a função do ENEM como porta de entrada para o ensino superior.
O tema da redação: envelhecimento da população e reflexos sociais
Para a prova de redação do ENEM 2025, o tema escolhido foi “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, um tema que dialoga diretamente com mudanças demográficas, desigualdades sociais e o papel da população idosa no país.
Detalhe significativo: dado o aumento expressivo de inscritos com 60+, a escolha do tema parece especialmente relevante e representativa, já que parte desse público poderá usar sua vivência como repertório para a redação. A escolha também reacende discussões sobre inclusão social, valorização de idosos e a função da educação na promoção da dignidade e da independência.
Polêmicas: vazamento, anulação de questões e abaixo-assinado
Entretanto, o período atual não se limita apenas a esperanças e planejamentos: o ENEM 2025 está cercado de polêmicas. Nas semanas que precederam o exame, surgiram alegações de que algumas questões haviam sido vazadas. Em resposta, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anulou oficialmente três questões da prova deste ano.
A justificativa oficial, dada pelo presidente do Inep à imprensa, é de que "Não houve vazamento da prova do Enem", já que a suspeita recai sobre um estudante que teria memorizado itens durante fase de pré-teste, e não sobre acesso antecipado à prova impressa ou digital.
Ainda assim, a revogação e o cenário geraram descontentamento. Alunos de diferentes áreas formaram um abaixo-assinado solicitando a cancelamento completo do ENEM 2025 e uma investigação clara por parte do Ministério da Educação. Até agora, a petição já conta com milhares de apoiadores.
A discussão reavivada reforça questões essenciais sobre igualdade, justiça e a credibilidade de provas públicas, e alerta sobre as consequências que essas disputas podem trazer para os concorrentes que se prepararam de maneira convencional e íntegra.
Por que a reinclusão de grupos pouco representados e o papel social do ENEM
O aumento de participantes entre idosos e indígenas demonstra que o ENEM permanece sendo um instrumento de inclusão social e de incremento de oportunidades. Facilitar que indivíduos de diversas idades, origens e experiências concorram de maneira igual no acesso ao ensino superior é uma parte importante da função social do exame.
Como o Inep destacou, em nota sobre os dados de 2025, trata-se de "um avanço nos direitos educacionais de uma parcela de brasileiros". Este contexto explora a importância social do ENEM, não somente como um exame de admissão ou seleção, mas como uma ferramenta para promover a ascensão social e recuperar chances, principalmente para aqueles que, por muitos anos, ficaram à parte da educação formal ou abandonaram a escola mais cedo.
A ponte com o Cursinho Popular da Poli USP e por que ele importa
É nesse contexto que iniciativas como o Cursinho Popular da Poli USP se tornam relevantes. Com a diversificação dos participantes do ENEM e as incertezas causadas pelas controvérsias de 2025, cresce a demanda por opções acessíveis, gratuitas e genuinamente dedicadas à qualidade do aprendizado.
Independentemente do resultado das investigações, uma coisa é certa: para os jovens e para aqueles que retornam aos estudos após muitos anos, ter uma base sólida de preparação pode ser fundamental. Nesse aspecto, o Cursinho Popular da Poli USP se diferencia não apenas como uma alternativa viável, mas como um verdadeiro meio de promover justiça educacional e ampliar as oportunidades.