PGR apresenta documento que denuncia formalmente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado
PGR apresenta documento que denuncia formalmente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado
Documento que representa uma denúncia formal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado também denuncia mais 34 pessoas.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia formal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado em 2022 ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ação também apontou um grupo de aliados, ao todo, 34 pessoas foram acusadas. Os interrogatórios dos indiciados pertencentes ao “núcleo central” da ação penal foram ouvidos no dia 9 de Junho, e liderados pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes.
No documento, o ex-presidente é apontado como líder de organização criminosa responsável por praticar atos contra a democracia, apresentando um “plano autoritário de poder”. Entre os crimes apontados a Bolsonaro estão: liderança de organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia no dia 26 de Maio, o que tornou Jair Bolsonaro réu pelos crimes de golpe de Estado e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. Entre os indiciados, também estão: Mauro Cid (ex-ajudante de ordens do ex-presidente), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e outros.
Dos indiciados do “núcleo central”, Mauro Cid foi o primeiro a depor. Dentre suas principais falas, o ex-ajudante de ordens negou a existência de incentivos por parte do ex-presidente aos protestos anti-democráticos de 8 de janeiro de 2023. Ainda segundo ele, Cid chegou a informar a Bolsonaro sobre a carta [anti-democrática] sendo produzida, porém não recebeu nenhuma ordem de ação sobre.
Augusto Heleno, ao contrário deste, utilizou seu direito ao silêncio e não respondeu às perguntas feitas por Alexandre de Moraes, tendo apenas respondido às questões feitas pelo seu advogado.
Realizando o depoimento no dia 10 de junho, ao ser questionado, Bolsonaro negou qualquer acusação de ruptura democrática durante seu governo, porém, admitiu que houve a consideração de possibilidades em reverter o resultado eleitoral, que, por irem contra a Constituição, foram automaticamente descartadas. Durante seu depoimento, o ex- presidente demonstrou-se ameno por diversas vezes, tentando realizar “pequenas piadas” com Alexandre de Moraes, que mostrou-se sério.
Considerando os depoimentos citados e os restantes, críticos veem contradições entre versões de ministros, e uma grande maioria rejeita as versões oferecidas por outros envolvidos. Com a formalização da denúncia e o início da ação penal, o caso marca um novo capítulo na responsabilização de autoridades públicas por ataques à ordem democrática, sendo acompanhado de perto por juristas, parlamentares e pela sociedade civil.
CPI das Bets: o processo e parecer final da investigação
A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as casas de apostas digitais, que chamou atenção ao convocar depoimento de influenciadores, tem parecer final rejeitado.
Com o crescimento de 153% de crescimento, o número de empresas de apostas online saltaram entre 2021 a 2024. Uma pesquisa do Instituto DataSenado mostrou que homens até 39 anos com ensino médio completo são os maiores usuários de aplicativos de apostas esportivas no país. De acordo com a publicação Panorama Político 2024: apostas esportivas, golpes digitais e endividamento, 13% dos brasileiros com 16 anos ou mais — o equivalente a 22,13 milhões de pessoas — declararam ter participado de “bets” nos últimos 30 dias. Com os dados em evidência, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi aberta, e a CPI das Bets foi criada.
Planejada pelo Senado em outubro de 2024, a CPI tinha como objetivo investigar o fenômeno de expansão das casas de apostas, como: métodos de funcionamento, possíveis impactos dessas apostas na vida financeira de famílias brasileiras e, especialmente, os impactos da publicidade gerada por influenciadores digitais para a divulgação dessas plataformas.O requerimento da CPI das Bets foi realizado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da comissão, com o apoio de mais 30 senadores.
Entre as diversas fases da investigação, a convocação dos influenciadores digitais para prestarem depoimentos sobre suas atuações no mercado de apostas online chamou a atenção da população. Dentre alguns influenciadores e outros convocados estavam presentes Virgínia Fonseca (influenciadora), Rico Melquíades (influenciador), Adélia Soares (influenciadora e advogada representante da influenciadora Deolane Bezerra) e outros.
Destes, o depoimento de Virgínia Fonseca foi um dos principais. A influenciadora – que atualmente conta com 52,7 milhões de seguidores – foi convocada como uma das principais responsáveis pela divulgação de aplicativos de apostas online, e depôs na manhã de terça-feira, 13 de Junho. A criadora de conteúdo obteve um habeas corpus do Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantia seu direito de permanecer em silêncio.
“Nunca aceitei fazer publicidade para casas de apostas que não estão regulamentadas”, Afirma Virgínia em depoimento à CPI, negando também a existência do “Cachê da Desgraça” – suposta quantia recebida pelos influenciadores em função das perdas de seguidores em sites de apostas.
O parecer final da CPI, escrito pela senadora Soraya Thronicke, foi apresentado em 10 de Junho, momento que ela pedia o indiciamento de 16 pessoas, de empresários a influencers, incluindo entre estes os nomes de Virgínia Fonseca, Deolane Bezerra e Pamela Drudi. Neste documento, estão inclusos diversos crimes, desde estelionato, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e outros. A senadora escreve no documento que o setor de apostas teria movimentado até R$129 bilhões em 2024, com uma realocação de recursos de famílias de classes mais baixas em apostas.
Entre as medidas propostas, Thronicke sugere a limitação do tempo de funcionamento de cassinos online; a criminalização da publicidade de apostas; criação de tipo penal para a exploração de apostas por parte de operador não autorizado e outros.
Entretanto, o Senado rejeitou o parecer final – com 4 votos contra 3 –, encerrando os seus trabalhos no dia 12 de Junho. Apesar disso, a senadora afirmou à imprensa que já esperava o resultado, mas que pretende encaminhar o documento às autoridades para que os levantamentos sejam apurados.
O envolvimento dos Estados Unidos no conflito Irã x Israel
O governo americano admitiu ter usado seu poder militar para interceptar parte dos mísseis e ataques feitos pelo Irã
As tensões entre Israel e Irã começaram em 13 de junho de 2025. Os ataques ao Irã mataram aproximadamente 224 pessoas e feriram 1.300. Já em Israel, as mortes chegaram a 24 pessoas. Entre as mortes iranianas estavam o chefe e o vice-chefe de inteligência da Guarda Revolucionária.
Israel atacou a instalação iraniana de enriquecimento de urânio, em Natanz, e os líderes militares de alto escalão. Não houve registro de aumento nos níveis de radiação do local e o estado iraniano retaliou imediatamente. Após esse acontecimento, Israel atacou novamente e, aqui, os Estados Unidos já entram: o governo americano usou seu poder militar para interromper os ataques feitos pelo Irã em direção ao território israelense.
Até então, o envolvimento americano não estava acontecendo em forma de ataque. Em matéria elaborada pela CNN Brasil, é explicado que fontes do governo dos Estados Unidos afirmaram que o presidente Donald Trump vetou o plano israelense para matar o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.
Após 3 dias de conflito, os EUA atacaram, em conjunto com Israel, três instalações nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Isfahan. A alegação dos países ofensores é de que o Irã está desenvolvendo bombas nucleares e os ataques serviram como forma de parar esse desenvolvimento.
Entenda as origens do conflito e o interesse americano
A história entre os dois países como rivais começa em 1979, quando o regime monárquico da dinastia Pahlavi caiu e a república entrou em vigor. As ideias centrais da Revolução de Ruhollah Khomeini, do Irã, eram a defesa dos oprimidos e oposição ao imperialismo americano e a Israel.
Já a relação entre Israel e Estados Unidos é vista desde o surgimento do estado oriental. Segundo um relatório do Congresso americano, feito em março de 2025, o governo israelense recebeu aproximadamente U$260 bilhões, cumulativamente, em recursos entre 1946 e 2023.
No artigo “Estados Unidos e Israel, o que está por trás desta relação?”, da revista eletrônica de jornalismo científico Com Ciência, os autores explicam que “a aliança com Israel seria benéfica para o setor energético e industrial militar dos EUA, por exemplo, haja vista que o país serve de aliado num projeto de expansão e presença das forças militares e empresas de extração de petróleo dos EUA no Oriente Médio”.
A história entre os países é antiga e os conflitos na área escondem interesses econômicos e geopolíticos profundos. Para entender melhor e aprofundar-se no assunto, é importante buscar fontes diversas e confiáveis de informação.
Tensão entre Irã, Israel e EUA: conflito expõe risco nuclear e sinaliza o declínio americano?
A tensão entre Irã e Israel renova preocupações sobre um conflito de grande escala no Oriente Médio. A participação ativa dos Estados Unidos nesse contexto desafia não apenas a ordem geopolítica, mas também levanta questionamentos sobre o declínio da influência americana no mundo e o fantasma da proliferação nuclear.
Conflito Irã x Israel: o estopim da crise
As disputas entre Irã e Israel, que se agravaram nas últimas semanas, geraram uma onda de inquietação global. Bombas, ataques com drones e ameaças de represálias criaram um clima de incerteza no Oriente Médio. Embora a rivalidade entre essas nações não seja nova, a recente intensificação assumiu um caráter mais sério após ataques diretos a áreas israelenses considerados obras de grupos aliados ao Irã.
Nesse contexto, os Estados Unidos, um parceiro histórico de Israel, aumentaram sua força militar na região e conduziram ataques a alvos iranianos. A justificativa oficial se baseia na defesa dos interesses dos EUA e de seus aliados, mas os desdobramentos indicam um cenário geopolítico mais complexo.
A intervenção dos EUA e o debate sobre o declínio
O envolvimento dos Estados Unidos no conflito reacende um debate estratégico: estaria o país entrando em mais uma frente de guerra justamente no momento em que sua hegemonia global é questionada?
De acordo com o professor Feliciano de Sá Guimarães, da USP, "O governo Trump está acelerando o processo de declínio relativo dos Estados Unidos na ordem internacional". Embora a declaração remonte a um período anterior, analistas observam que o desgaste político interno e as disputas internacionais vêm enfraquecendo a imagem dos EUA como superpotência.
A situação atual intensifica as analogias com a ideia da "Armadilha de Tucídides", que descreve quando uma potência que está perdendo seu poder se vê em confronto com nações que estão se fortalecendo. A China e a Rússia, por sua vez, monitoram com atenção o que ocorre no Oriente Médio, ao mesmo tempo em que tentam expandir seu domínio geopolítico nessa área.
Reações internas nos EUA: divisão e desgaste político
Dentro do território americano, a escolha de aumentar os ataques em relação ao Irã não é consenso. O legislativo dos Estados Unidos mostra divergências, enquanto partes da população manifestam-se contra a chance de um novo conflito duradouro no Médio Oriente.
Além disso, o custo econômico e humano de uma eventual guerra preocupa: "Os Estados Unidos não saíram ilesos das intervenções no Iraque e no Afeganistão. O desgaste dessas guerras ainda repercute no imaginário americano e nas urnas", aponta um trecho de análise do portal Reddit.
O impasse nuclear: Irã, Israel e o temor global
No núcleo das controvérsias está o contínuo dilema relacionado às armas nucleares. O Irã, apesar de se recusar a admitir, é visto com desconfiança quanto ao seu avanço em armamentos nucleares. Em contrapartida, Israel mantém uma abordagem de incerteza tática, não confirmando, mas igualmente não rechaçando, a existência de seu próprio estoque de armamento nuclear.
Para especialistas, o risco não está apenas na existência dessas armas, mas no potencial de sua utilização em um contexto de escalada militar descontrolada. A incerteza quanto ao verdadeiro poder nuclear de ambos os países alimenta o medo de que uma guerra no Oriente Médio possa ultrapassar os limites convencionais e ter consequências globais irreversíveis.
Um mundo à beira de mudanças
O conflito entre Irã e Israel, o envolvimento dos Estados Unidos e o debate sobre armas nucleares compõem um xadrez geopolítico delicado. O episódio atual não só expõe as fragilidades de um sistema internacional em transformação, como também reforça a percepção de que os Estados Unidos enfrentam, talvez, o maior teste de sua potência mundial desde a Guerra Fria.
O mundo, mais uma vez, assiste a uma crise no Oriente Médio, mas, agora, com ingredientes que podem moldar as próximas décadas da política internacional.
Referências:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3r9qgjwevdo