20 de janeiro de 2025
Primeira Exibição Cinematográfica: 28 de dezembro de 1895.
Os irmãos Lumière eram filhos de um fabricante de materiais fotográficos, cuja fábrica estava localizada na cidade Lyon, França. Pesquisaram e aperfeiçoaram as primeiras câmaras fotográficas contribuindo para o surgimento da fotografia colorida. Através do cinematógrafo, começaram a realizar os seus primeiros filmes que consistiam em captar imagens com o aparelho parado. Em 28 de dezembro de 1895, em Paris, no "Grand Café", foi realizada a primeira projeção cinematográfica tal qual a conhecemos, hoje . Assim, numa sala escura, foram projetados dez filmes de curta duração. O primeiro filme do cinema exibido chama-se "A saída dos operários da fábrica", com uma duração de cinquenta segundos, a preto e branco. Outro filme que causou uma forte impressão foi a "A chegada do comboio à estação de La Ciotat". Este provocou um enorme impacto na plateia, tendo alguns espectadores saído da sala assustados, pensando que o comboio “sairia” da tela.
Cinema: do teatro filmado à estória.
O cinema era visto apenas para fins documentais e para registrar através de uma câmara estática algo que estava acontecendo diante da lente. Seria o que se chama de "teatro filmado. No entanto, dois pioneiros vão utilizar as câmaras para contar estórias, criar técnicas e narrativas que somente seriam possíveis com este aparelho. Estes dois precursores do cinema narrativo são Alice Guy-Blaché e Georges Méliès.
Alice Guy-Blaché
A cineasta francesa Alice Guy (1873-1968), foi a primeira pessoa a conseguir viver do cinema e também a primeira a explorar a via narrativa do cinema. Autora de quase mil obras, o seu primeiro filme é baseado num conto popular, "A fada dos repolhos" (1896). Alice Guy trabalhava como secretária na fábrica e produtora de Cinéma Gaumont, (produtora ainda existente), quando os irmãos Lumière foram fazer uma demonstração do seu recente invento. Encantada com o aparelho, Alice Guy começou a experimentar filmar com dupla exposição, atrasar ou apressar a velocidade da câmara a fim de conseguir efeitos interessantes para narrar as suas estórias. Ela ainda seria a primeira a usar cores e som nos seus filmes. Alice Guy rodou mais de mil filmes dos quais apenas 350 sobreviveram, destacando-se o filme "A Vida de Cristo", de 1906, que contou com 300 figurantes. Completamente apagada da história do cinema, Alice Guy-Blaché faleceu aos 95 anos, em 1968. Agora, os historiadores voltam a dar-lhe o lugar que ela merece.
Georges Méliès ou a criação do cinema
No dia 28 de dezembro de 1895, Georges Méliès, estava na plateia quando os irmãos Lumière exibiram pela primeira vez em público a sua nova invenção, o Cinematógrafo. Ele apaixonou-se logo pela nova arte e desenvolveu-a como ninguém, com inúmeras experiências. Sem dúvida, os irmão Lumière merecem o crédito por gerar um equipamento tão inovador quanto a câmera e o projetor, mas Méliès deu origem, àquilo que hoje se chama a indústria cinematográfica.
Méliès é o responsável pela produção dos efeitos especiais, dos estúdios, dos géneros fílmicos, dos roteiros e de toda tecnologia que envolve a realização de um filme. O idealismo, o romantismo, a imaginação fértil, um talento fora do comum, deveriam dar ao mestre uma posição de honra na História, mas infelizmente tal não aconteceu.
Ao longo da vida, procurou sempre inovar e ajustar-se aos novos contextos. Exerceu várias profissões: foi desenhista, caricaturista, decorador, ilusionista, mágico, intérprete, autor de peças teatrais, cineasta, produtor e mercador de brinquedos. Criou uma empresa de cinema, chamada Star-Films. ,equipou vários estúdios de gravação com luzes naturais e artificiais, espaços cénicos deslocáveis e camarins. Os recursos financeiros que lhe permitiram apostar no universo mágico e ilusório que sempre o atraiu, provinham de um negócio familiar, a produção de sapatos luxuosos.
A sua marca pessoal, propiciaria a evolução da linguagem fílmica, na qual se aliam o teatro, a tecnologia e os efeitos especiais. A sétima arte era ainda um campo a ser explorado no final do século XIX, sendo, portanto, submetido a várias experiências. Sem Georges Méliès, o cinema não teria alcançado o patamar que hoje o caracteriza. Enquanto ilusionista, tinha o dom de criar artifícios que atraíssem a atenção do público, e capitalizou este talento na esfera cinematográfica.
O NASCIMENTO DO CINEMA EM PORTUGAL
Aurélio da Paz dos Reis, o “homem dos sete ofícios”
Aurélio da Paz dos Reis, comerciante portuense, floricultor, amante de fotografia e cinéfilo, foi o pioneiro do cinema português, tudo começou em 1896. Menos de um ano após a exibição pública do filme dos irmãos Lumière em Paris, nascia em Portugal, no Porto, aquilo que viria a ser considerado como a sétima arte, ou seja, o cinema. Este portuense foi considerado o “pai” do cinema, no nosso país e também no Brasil.
A vida (ativa) para além do cinema.
Aurélio Paz dos Reis adquiriu uma vasta cultura, no convívio com inúmeras personalidades do mundo artístico e cultural. Num tempo em que o Porto tinha cafés onde se reunia uma elite cultural e política, e por lá eram debatidas ideias republicanas e maçónicas, as chamadas tertúlias, a que Paz dos Reis aderiu. Foi membro da Maçonaria, e um defensor convicto dos ideais republicanos, com 29 anos, participou na Revolta Republicana de 31 de Janeiro de 1891. Dado que esta ação pró-republicana não teve êxito, nesta data, muitos dos participantes foram presos, como foi o caso de Paz dos Reis que foi detido na Cadeia da Relação. Foi posteriormente julgado, em Conselho de Guerra, mas acabou por ser absolvido.
Aurélio Paz dos Reis viveu num palacete, onde possuía quinta, campos de cultivo e estufas. Aí eram cultivadas as suas flores, a sua grande paixão, nomeadamente as dálias pois, com as suas experiências, criou uma variedade que ficou conhecida por “Mimo de Nova Cintra”. Dono da loja “Flora Portuense”, fundada em 1893, foi a primeira casa do género, no país, a vender e exportar flores, sementes e bolbos, provenientes dos seus campos de ensaio.
Foi também jornalista e fotógrafo amador, também fazia reportagens políticas. Sendo um grande fotógrafo, ganhou várias medalhas de ouro e prata, em exposições nacionais e internacionais (Paris, St. Louis, Rio de Janeiro, Panamá,…).
Também foi por proposta sua, a 17 Janeiro de 1914, que surgiu a fundação do Conservatório de Música do Porto.
Apesar da sua vida tão ativa em diversos sectores da sociedade ficou, conhecido como o introdutor do cinema em Portugal e no Brasil.
Aurélio da Paz dos Reis o “pai” do cinema português e … brasileiro !
Saída do pessoal operário da Fábrica Confiança
Fascinado pelo cinematógrafo dos irmãos franceses, Paz dos Reis viajou até Paris para o comprar, mas sem sucesso. Contudo, acabou por adquirir um aparelho semelhante aos irmãos Werner. Este ficou conhecido por Kinematografo Portuguez e servia para o seu principal interesse: filmar.
Foi com este aparelho que Aurélio dos Reis, referido como o primeiro realizador do cinema português, filmou o seu primeiro filme, na Rua de Santa Catarina, uma das principais ruas da cidade portuense, a saída dos operários da fábrica (camisaria) Confiança, enquanto na rua passavam charretes.
Este filme intitulado ”A Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança”, foi o primeiro a ser realizado em Portugal por um português. O filme é muito semelhante ao primeiro filme produzido, em França, pelos irmãos Lumière, em 1894/1895, que tinha por título “La Sortie de l’usine Lumière à Lyon”.
A 12 de Novembro de 1896, no Teatro do Príncipe Real (hoje Teatro Sá da Bandeira), no Porto, foi feita a apresentação pública do cinematógrafo português, com a exibição de 7 quadros ou episódios (documentários) da vida nacional (“Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança”, “Jogo do Pau”, “Chegada de um Comboio Americano a Cadouços”, “O Zé Pereira nas Romarias do Minho”, “A Feira de S. Bento”, “A Rua do Ouro” (Lisboa) e “Marinha”), todos com a duração aproximada de um minuto cada, acrescentando-se mais cinco produções de origem estrangeira.
Segundo referem os jornais da época, essa primeira sessão do Príncipe Real motivou um entusiasmo moderado. Paz dos Reis levou, depois o seu invento a outras cidades, e em Janeiro de 1897 aventurou-se mesmo numa viagem ao Brasil, mas também sem grande sucesso. Após ter realizado alguns filmes documentais, Aurélio dos Reis, acabou por deixar esta atividade. Foi perdendo o entusiasmo face à indiferença do país pelas suas criações e esta nova forma de arte, ele que foi o precursor e pioneiro do cinema português.
Interior da Livraria Lello e Irmão (1906) – foto de Aurélio Paz dos Reis
TRABALHO REALIZADO: Prof. Luciano Almeida
Webgrafia:
https://lesavaistu.fr/
https://www.infoescola.com/cinema/georges-melies-e-a-criacao-do-cinema/
https://observador.pt › 2016/06/18 › lisboa-viu-cinema-...
https://journals.openedition.org › lerhistoria
https://portosecreto.co › cinema-portugues-porto
http://www.cinemateca.pt › Entrada › Cinemateca Digital
Aurélio da Paz dos Reis | Foto: Portal de Pesquisa do centro Português de Fotografia
https://comunidadeculturaearte.com › uma-viagem ao cinema.
https://www.cinema7arte.com › 122-anos-de-cinema-po...
https://modernismo.pt/index.php/c/198-cinema