21 de maio de 2025
Durante aquela longa tarde em que as luzes se apagaram por todo o país, os avisos chegavam cada vez mais depressa; o medo e o desespero aproximavam-se.
Não foi só a eletricidade que se desligou. Também os ecrãs se apagaram. O mundo da Internet, da inteligência artificial e das redes sociais também desapareceram durante algum tempo. E foi a partir daquele momento sem luz que nos recordamos das vivências do passado, de como era viver sem fogão elétrico para cozinhar, sem máquina para lavar a loiça ou simplesmente não ter frigoríficos para guardar os alimentos, já que se estragam a altas temperaturas. Ficámos ali, no silêncio iluminado apenas por velas ou lanternas com memórias e reflexões a pensar nos nossos avós, bisavós e todos aqueles que antigamente não tinham nada ou naqueles que hoje nada têm.
Os mais antigos viveram uma vida inteira sem interruptores, internet, telemóveis, computadores e, para comunicar, escreviam cartas que só chegavam semanas ou meses depois. A luz vinha do sol, das estrelas e, quando muito, de um candeeiro a petróleo. A água vinha de um poço ou de uma fonte, carregada em baldes, com esforço e honra. O conforto era feito de mantas de lã e de calor humano. Os nossos avós cresceram em volta do lume da lareira, onde a comida se cozinhava devagar e as histórias ganhavam vida nas vozes dos mais velhos.
Os meus avós não estavam nada preocupados com a luz, nem com o kit de 72 horas, como se já tivessem vivido sem eletricidade! Até que me lembrei que a minha/nossa vida hoje é completamente diferente de antigamente: antes trabalhavam sem parar, o dia a dia era cansativo e pouco tinham, contentavam-se com pouco, pois era o que havia. Posto isto, o meu avô disse-me: “Está tudo bem, antigamente não tínhamos nada, era esta a nossa forma de viver, sem luz…”.
Este apagão lembrou-me de que já fomos mais simples. De que os nossos avós, com tão pouco, tinham tudo: tempo, resiliência, coração, conforto e, acima de tudo, convivência.
Foi este o momento de maior convívio depois de anos focados nos telemóveis. As pessoas acenderam uma fogueira com toda a vizinhança e cozinharam, falaram e refletiram. Outros dançaram, cantaram e brincaram sem parar. É isto que é viver e que nos consegue mostrar que antigamente nada era fácil e que houve grandes mudanças até ao dia de hoje, umas mais positivas, outras não tanto. Foi um bom momento para refletirmos sobre o que devemos, ou não, valorizar nos dias de hoje.
Trabalho elaborado por Margarida António, 8.ºA